Capítulo 61

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Sai do hospital para ir em casa buscar umas roupas e passar na ONG para pegar uns documentos e me inteirar de tudo por lá, deixei Alison brincando com Max. Quando sai do hospital encontrei o médico tarado no corredor, ele sorria conversando com um outro médico, entretanto assim que ele me viu fechou a cara, mas hoje eu estava tão feliz após Alison e eu termos escolhido morar juntas, que nem me importei com a impertinência daquele doutor, ao contrário fui até ele e o abracei.

"A vida é realmente bonita as vezes, né doutor?" Perguntei, mas não esperei sua resposta, apenas sai e fui indo em direção a porta. Eu estava me sentindo nas nuvens, não via problemas em minha frente, tudo era lindo e iluminado. O amor é realmente estranho, ele faz sairmos do mundo real e vivermos em um mundo à parte, no momento eu estava vivendo em 'WONDERLAND'.

Eu senti tanta falta dos meus cães, que me permitir ficar quase uma hora apenas sentada na sala brincando com eles, em seguida separei as roupas necessárias e pedi para minha mãe resolver tudo sobre a compra da casa ao lado, minha mãe tinha ficado feliz, ela gostava de Alison, eu não disse sobre estarmos juntas, mas ela sabia, todo mundo sabia. Minha mãe ficou de ir ao hospital mais tarde ver Max, dia sim e dia não, ela ia lá vê-lo, sempre levava uma revistinha e canetinhas para ele pintar. A ONG parecia que estava toda errada, tentei dar algumas ordens e organizar tudo, eu não sei o que fizeram por lá, mas tudo estava indo mal, desde a limpeza até a organização dos papeis.

No fim quando voltei ao hospital na metade da tarde. Foi uma surpresa entrar no hospital e ver Eduardo por lá.

"O que está fazendo aqui? Você não disse que viria me ver" eu estava curiosa sobre o motivo de sua visita.

"Quem disse que eu vim te ver?" Ele me perguntou com ironia.

"Ok, você veio ver Max, já entendi, vamos" Segurei ele pelo pulso e o tentei puxar, porém ele não fez força para andar, continuou parado no mesmo lugar "Hey, por que não vem comigo?"

"Mulher, você está bem?" Eduardo me perguntou "Eu não sei, você estar agitada, parece estar radiante, o que aconteceu?" Aparentemente eu ainda estava eufórica com o pensamento de morar com Alison, afinal isso era tudo que eu queria desde o início, primeiro tínhamos dividido minha casa, depois eu fiquei em seu apartamento, era só obvio demais que queríamos morar juntas, e enfim, iriamos, como não ficar eufórica com isso?

"Eu tenho novidades, Alison e eu vamos morar juntas" Falei com o sorriso amplo, Eduardo revirou os olhos.

"Você disse que não estão juntas a muito tempo e sinceramente, não sei se é bom vocês morarem juntas agora"

"Seu veneno não vai estragar meu dia" Respondi ainda sorrindo e ignorando seu comentário azedo.

"Eu só estou tentando ser racional" Ele disse, Eduardo estranhamente não parecia feliz comigo indo morar com Alison, mas eu ignorei isso, deveria ser apenas paranoia minha.

"Eduardo, desde quando quem ama é racional?" Ele revirou os olhos novamente e soltou um suspiro que me soou apenas gay demais "O que estamos fazendo aqui no corredor? Vamos logo ver Max" Voltei a puxar ele pela mão, dessa vez ele andou e veio comigo.

"Mas eu não vim para ver Max" Ele disse atrás de mim, mas ainda assim, me seguindo.

"Eu sei, você veio para falar de Hudson, mas hoje eu estou feliz demais para encher minha cabeça com esse sujeito, vamos deixar esse assunto para amanhã"

"Mas..." Ele tentou argumentar.

"Não tem nada de mas, agora vamos" Arrastei Eduardo comigo, ele parou de protestar ou tentar falar, entramos no quarto de Max, e lá estava ele, o doutor tarado, mostrando todos os seus dentes para Alison.

"Alison, você já disse para esse médico que você não é dentista? É engraçado como ele está sempre rindo para você e mostrando essa boca cheia de dentes" fui extremamente sarcástica.

"Como?" A pergunta com a voz surpresa e com o tom de voz muito mais grave e exaltado, por mais incrível que possa parecer, foi feita por Eduardo "Por que você fica rindo para essa mulher?" Eduardo perguntou ao médico. Olhei para ele assustada, não entendi seu comportamento.

"Eu não fiz nada, essa mulher é que é louca" O médico disse referindo-se a mim como louca.

"Não sou louca" Me meti "Você que fica dando em cima da MINHA mulher, mesmo sabendo que ela é comprometida" Era a primeira vez que eu nomeava Alison como minha mulher e expunha verbalmente o fato de sermos comprometidas uma com a outra.

"Eu não estou dando em cima de ninguém" O médico se justificou exaltado, Alison assistia a tudo de lado.

"Eu não posso acreditar que você está flertando com esse projeto de paquita roqueira" Eduardo disse referindo-se a Alison. Paquita roqueira? Eu não sabia se eu ria ou se lhe dava um soco por seu comentário impertinente.


"Quem é você para chamar ela assim? Parece mais um ridículo personagem do 007 com essa roupa bizarra"

"Roupa bizarra? Isso é um Armani" A voz de Eduardo soou tão gay.

"Hey" Alison falou com a voz alta, quase que em um grito, era a primeira vez que ela se pronunciava em tudo "Isso é algum tipo de circo? Vocês andaram tomando alguma cachaça e esqueceram de me oferecer? Eu não tô entendendo nada que está acontecendo aqui, alguém faz o favor de me explicar" ela pediu, tanto Eduardo, quanto o médico e eu ficamos calados. A verdade é que tão pouco eu sabia o que estava acontecendo ali.

"Você, sua paquita roqueira, está dando em cima do meu marido, é isso que está acontecendo aqui" Eduardo parecia enfurecido, demorou alguns segundos para eu conseguir entender o que ele queria dizer. Não? Não! Não. Não? Oh Deus.

"Você é casado com esse médico?" Perguntei totalmente surpreendida com aquela informação.

"Sim, eu te mostrei uma foto dele" Olhei para o médico, ele não parecia o mesmo da foto, mas agora, sim, parecia, definitivamente era ele, mas ele não estava interessado em Alison? Como ele podia ser casado, e ainda com o um agravante, ser casado com um homem.

"Olha, vocês são dois loucos" Alison disse se referindo a Eduardo e a mim "Eu não estou flertando com ninguém e nem muito menos ele flertou comigo, você precisam se tratar"

"Mas..." Tentei falar, o médico me cortou.

"É por isso que você me tratava mal? Pensou que eu estava tentando sair com sua namorada?" O médico riu, Alison riu com ele, revirei os olhos, Eduardo fez o mesmo que eu.

"Você que me tratou mal primeiro" Me defendi "E quer deixar Max mais tempo que o necessário por aqui"

"Mas de novo essa história? Eu não te tratei mal, apenas discutimos exatamente por isso, você cisma que o menino pode ser liberado antes do tempo"

"Ele já está bem" Reafirmei meu ponto.

"Claro, porque aqui podemos dar altos níveis de medicação para dor, em casa vocês não poderiam, enquanto ele ficar aqui ele estará bem, se for para casa, vai ter dor. Você quer testar? Eu libero ele, por sua conta em risco, você assina o termo e eu libero, não dou três horas para você voltar com o menino e ele gritando de dor" Ok, talvez o médico tivesse com razão, eu realmente não deveria questionar sua capacidade profissional.

"Tudo bem, me desculpe, eu não quero que você o libere, apenas espero seu tempo certo"

"Ótimo" Ele sorriu presunçosamente, que ódio.

Foi estranho descobrir que o tal médico tarado, que agora sei que se chama Tom, não era tarado, e na verdade era gay, e marido de Eduardo, o mundo realmente é pequeno.

Aproveitei que Eduardo estava ali e acertei com ele tudo sobre o segurança, Eduardo iria viajar no dia seguinte, segundo ele me contou, já estava quase certo de onde procurar coisas sobre Hudson, Tom viajaria com ele.

O dia seguinte chegou para nós de forma calma, aos poucos tínhamos nos adequado aquela rotina do hospital, afinal iríamos ficar mais uns bons dias ali. Um médico novo chegou e se apresentou a Alison e a mim, falou que com a viagem de Tom ele quem iria cuidar de Max, o médico pegou o prontuário de Max para ler.

"Pelo que estou lendo aqui, esse menino poderá ter alta hoje mesmo" O médico disse com um sorriso simpático no rosto.

"Alta? Como assim? Mas o outro médico disse que ele estava tomando altas doses de medicamento e não teríamos como cuidar dele em casa" falei.

"Como? Não, não vejo motivo algum para manter ele internado, sua cirurgia foi bem leve e sem problemas, na verdade apenas colocaram duas costelas no lugar e alguns pontos no braço porque a pele abriu, ele pode se recuperar em casa"

"Você tem certeza?" Perguntei assustada, Alison me olhou tão assustada quanto.

Eu não sabia o que pensar sobre aquilo, qual o sentido de Tom querer deixar Max internado se ele já poderia estar em casa?

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now