Capítulo 67

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"Mas o tempo (e é outro ponto em que eu espero a indulgência dos homens pensadores!), o tempo caleja a sensibilidade, e oblitera a memória das coisas; era de supor que os anos lhe despontassem os espinhos, que a distância dos fatos apagasse os respectivos contornos, que uma sombra de dúvida retrospectiva cobrisse a nudez da realidade; enfim, que a opinião se ocupasse um pouco com outras aventuras" Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Capítulo 112 A opinião.

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'A segurei pelo braço a impedindo de continuar caminhando, sua reação foi totalmente surpreendente para mim. Alison simplesmente se virou e me deu um tapa no rosto. Aquele barulho ecoou pelo ambiente, era a primeira vez na vida que alguém me batia no rosto'




"Ai meu Deus!" Alison exclamou assim que se deu conta do que tinha feito "Eu não tive a intenção..." Ela deixou o resto da frase no ar e deu um passo na minha direção, se aproximando de mim, eu estava atordoada, o reflexo me guiava, quando ela deu um passo à frente vindo até mim, eu dei instantaneamente um passo para trás fugindo dela.

Todo seu auto esforço para não chorar foi ao chão e ela começou um choro desesperado. O tapa de Alison mais do que me ferir fisicamente, me feriu emocionalmente, eu não esperava aquela reação tão exagerada e violenta que ela teve.

Eu estava a vendo ali, na minha frente, chorando copiosamente, entretanto eu não conseguia ir até ela, era como se seu tapa tivesse erguido uma parede invisível que nos separava. Eu não conseguia mais pensar, minha alma tinha flutuado para outro lugar e minha mente congelado. Alison, cada vez chorava mais e com mais desespero e, eu, cada vez mais me travava ao chão, me sentia imóvel. Meu estado de inércia durou um breve tempo, segundos, no máximo dois minutos em tempo real, mas para mim foi como se tivesse passado uma eternidade ali parada, a olhando chorar.

Se algum dia eu ousei questionar meus sentimentos por ela, e pensar que não se tratava de amor, esse foi o dia que tive a certeza absoluta que a amava, pois só o amor permite que passemos por cima de nosso próprio ego e nos doemos ao outro. Era Alison ali na minha frente, a mulher que eu amo e ela estava chorando, estava vivendo um inferno em sua vida. O quão monstro eu seria se saísse daquele apartamento e a deixasse ali, sozinha?

Entre o orgulho e o amor, é impossível não escolhermos o amor, pois se escolhemos o orgulho, o ego, é sinal que não é amor de verdade.

Dei pouco mais de três passou a frente e abracei Alison com força, ela não pode me abraçar de volta, pois eu tinha a envolvido de um modo onde seus braços tinham ficado presos em meu abraço e ela ficado imóvel, Alison apenas escondeu a cabeça em meu ombro e continuou a chorar, eu diria até que ela chorou mais depois do meu abraço, eu fiquei calada, não conseguia falar nada, tudo ainda era muito nebuloso.

Não sei quanto tempo ficamos assim, na certa bons minutos, quase uma hora em pé, seu choro nunca cessou, nem mesmo quando ela me surpreendeu com seus lábios vindo de encontro ao meu ... pois até quando ela me beijou, ela ainda chorava.

Alison sugou meus lábios com desespero, mordiscava e me sorvia a boca, sua língua se friccionava na minha com volúpia. Ela mesmo conseguiu soltar seus braços e os fez livre, assim que ela recobrou o movimento dos braços, suas mãos sem pudor algum seguraram a barra da minha blusa e ela levantou-me aquela peça de roupa, me despindo. Para tirar a blusa foi preciso que cessássemos o beijo e já sem a blusa, e com nossas bocas separadas, ela mudou de alvo e foi para meu pescoço, senti-la primeiro lamber a região aonde fica minha tatuagem e em seguida cravar seus dentes por cima da mesma.

Estávamos em uma varanda no terceiro andar de um prédio, qualquer um na rua tinha uma visão perfeita do que estava se passando ali, assim como as câmeras certamente tinha algum ângulo que poderia nos flagrar facilmente, porém estávamos em combustão, primeiro pelo clima tenso que tinha sido instaurado e segundo, porque desde a viagem e Max doente, não tínhamos tido um momento como aquele. Não foi a consciência que nos fez entrar na sala e sim o vento frio que bateu nas nossas costas nuas.

Sem nos separar entramos na sala, nossos corpos grudados um no outro, nossas bocas unidas em beijo de pura luxuria, o sofá no meio do caminho não se fez visível e acabamos caindo por cima dele, o barulho fez separamo-nos do beijo, olhamos uma para a outra e acabamos trocando um breve riso, já não tinha mais espaço para lágrimas ou brigas, naquele momento éramos apenas duas amantes em pólvora. Voltei a beijar Alison, ela tinha caído por baixo e eu por cima, aproveitei e coloquei minha coxa em uma posição central no meio de suas pernas, o estimulo que aquele movimento causou a fez gemer.

No momento era como se fôssemos dois sódio metálicos que entravamos em contato com a água, estávamos explodindo.

"Vamos para o quarto" Alison me pediu, ela grudou-se ao meu corpo, entrelaçando suas pernas em volta do meu abdômen e seus braços em volta do meu pescoço, a suspendi e levei ela agarrada a mim, eu meu colo até o quarto. Nossa pressa não permitia sutilezas ou delicadezas, a joguei na cama com brutalidade, ela me agarrou pela cintura e me faz cair junto dela a cama.

Alison não conseguia para de me sorrir e eu tão pouco conseguia para de sorrir para ela, nossos olhos estavam negros de puro prazer, a noite foi de total ardência, tínhamos urgência em cada ato, o resultado daquele noite de prazer deixaria marcas visíveis para os próximos dias, nossas bocas, unhas e dedos eram tão abruptos que chegavam a machucar em cada toque.

Ao final da noite estávamos exaustas, nossos corpos tinha esgotado todos os limites de prazeres possíveis, tínhamos força apenas para nós abraçar e dormir, o corpo nu de Alison ainda era febril e, certamente, o meu também, ambas estávamos suadas, porém o exaurimento da noite permitiu apenas que nos mantivéssemos uma abraçada a outra e dormíssemos de forma tranquila.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now