Eu fui feita pra você

Capítulo 53

Definitivamente nem mesmo se Alison e eu dormíssemos por um ano inteiro não iríamos conseguir recuperar o sono e o cansaço dos últimos dias. Max, de novo, tinha escolhido trocar o dia pela noite, devemos ter dormido por no máximo uma hora e logo ouvimos ele chorando e chamando por nós. Eu olhava para Alison e ela parecia exausta, senti pena dela, seus olhos estavam levemente inchados e seu rosto pálido, ela precisava dormir.

"Vá dormir Alison, eu fico com ele" Sugeri, estávamos sentadas na cama, Max brincava empolgado com umas peças de lego que eu tinha levado.

"Não, pode dormir você" Alison disse "Você está péssima, Em, a mil quilômetros se vê que você tem sono" Sua voz era rouca e baixa.

"Você está igual. Esse menino precisa dormir à noite" Aquilo era um fato, ou Max regulava seu sono ou ele teria nós duas ao seu lado dividindo soro e precisando de medicamentos.

"Eu sei, hoje não vamos deixar ele dormir de tarde, assim que ele dormir a gente o acorda"

"Isso é um plano excelente" Aquilo realmente poderia dar certo, assim ele ficaria cansado e se renderia ao sono noturno.

Max foi voltar a dormir eram quase cinco da manhã, Alison e eu fomos para o sofá, de algum modo já estávamos adaptadas àquele sofá, ou talvez fosse apenas sono demais, o foto é que bastou deitarmos para conseguimos nos encaixar e em seguida dormimos.

Acordamos com a voz da mãe de Alison no quarto, foi extremamente embaraçoso aquilo, Alison e eu estávamos totalmente agarradas no minúsculo sofá, não era o tipo cena que a mãe dela gostaria de presenciar.

Ouvir a voz da mãe de Alison falando com Max, me vez ter o impulso de levantar em um pulo, mas por sorte Alison estava me segurando, pois se não, com certeza eu cairia ao chão, e a cena seria além de embaraçosa, patética.

Alison pareceu sentir o meu desespero "Relaxa" Ela falou baixo ao meu ouvido "Não estamos fazendo nada de errado"

"Sua mãe, não pensa assim" Respondi o mais baixo que consegui.

"Isso é um problema dela e não nosso"

Alison me apertou mais ainda em seus braços

"Sabe o que mais? Podemos aproveitar que ela está com Max e dormir um pouco mais, porque aquele relógio ali está dizendo que são oito da manhã e nós dormimos apenas três horas"

Dormir? Dormir! Isso era uma coisa boa. Uma coisa tão boa que me fez ignorar o quando a mãe de Alison deveria estar querendo me matar no momento, até porque, se eu levantasse agora, teria de enfrentar toda a situação e eu estava cansada demais para isso, além do mais, a mãe dela já tinha nos visto, levantar agora não faria ela esquecer a imagem de sua filha dormindo agarrada a mim. De modo que, dormir um pouco mais, me deixaria descansada e ainda iria adiar todo o drama que estaria por vir.

"Dormir é uma boa opção" Falei e ambas voltamos a dormir, o que não foi difícil, nosso corpo gritava por sono.

Alison acordou primeiro, em seguida ela começou a fazer carinho com seu nariz na minha nuca e me dar pequenos beijos no local, não demorou muito para ela consegui me acordar, era 10:30, não era perfeito, porém dentro de nossas possibilidades era o melhor que conseguiríamos, inclusive tinha sido a maior quantidade de horas que tínhamos dormido nos últimos dias.

"Vamos levantar e ver o quanto minha mãe quer matar a gente" Ali sussurrou com uma voz divertida, eu tinha esquecido de sua mãe, olhei discretamente para a direção de Max e vi a mãe de Alison sentada totalmente de costa para nós duas, como se realmente não quisesse nem ver nossa sombra.

"O merda, ela vai me matar" Lamentei verdadeiramente.

"Sim, ela vai. Provavelmente ela vai me matar primeiro e em seguida matar você. Mas pense pelo lado bom, se a gente gritar alto, pode vir alguém socorrer e estamos em um hospital, podemos ser salvas, as pessoas que ficam aqui sabem como curar as facadas que ela nós dará" Alison contava a história em meu ouvido, sua voz era como a de uma narradora de filme Trash.

"Você jura que você está brincando com isso?" Perguntei e Alison riu, ela era louca, ao invés de ficar quietinha para levantarmos disfarçadamente, ela fez um escândalo, sua risada foi extremamente alta e fez a mãe dela virar instantaneamente para nós. Ótimo!

Com a mãe de Alison nos encarando, só me restou levantar-me o mais rápido que consegui, anos de treinamento em academia e a pratica de algumas lutas me deram o equilíbrio perfeito, mesmo levantando-me de sobressalto, consegui me manter em pé. Infelizmente com Alison não foi de forma igual, ela estava agarrada a mim e conforme me levantei, acabei arrastando-a comigo, o corpo de Alison foi direto ao chão, por sorte o sofá era baixo, porém a cena toda foi patética. Dona Rosângela apenas observa tudo e seu semblante demonstrava o quanto ela estava achando aquilo tudo assustador, Max, ao me ver levantando, logo ficou atento e fez menção de tentar descer e vir até a gente, porém no instante que sua mãe caiu o menino começou a rir e desistiu de fazer qualquer outra coisa.

'Por que nós todos não podíamos apenas ser normais as vezes? Por que tudo tinha que ser tão louco e ridículo sempre?' Questionei mentalmente a Deus.

"Meo, por que sou sempre eu que me fodo? Quase quebrei meu braço" Alison reclamou enquanto massageava o braço "Não vai me ajudar a levantar? Você já foi mais 'cavalheiro'" ela disse irônica, olhei para ela em descrença, bastava ela se apoiar no sofá e iria se levantar facilmente, por que ela tinha que complicar tudo e me fazer ajuda-la? Sua mãe estava vendo todos os nossos atos, e eu posso apostar que nesse momento ela não estava muito feliz com tudo aquilo.

Estendi minhas mãos para Alison e ela as segurou, a impulsionei puxando ela para mim e ela se levantar.

"Você quase quebrou minha bunda, da próxima vez, lembre-se de manter a calma" Dessa vez Alison disse de forma baixa, apenas eu pude ouvi-la.