Capítulo 57

156 21 0
                                    


O beijo foi tão suave e sem pressa que demorou para perdermos o fôlego, ficamos longos minutos apenas naquela singela caricia.

"Cadê sua mãe?" Procurei dona Rosângela pelo quarto, mas ela não estava. Como eu tinha esquecido dela? Agora sim a mãe de Alison iria me matar.

"Minha mãe? Ela foi no banheiro logo que você entrou, você não viu?" Respirei aliviada.

"Eu não" Com um time perfeito, a mãe de Alison entrou no quarto, agradeci mentalmente a meu anjo da guarda dela ter entrado agora e não a alguns minutos a atrás.

"Eu acho que já vou indo" Dona Rosângela anunciou, já passava das 16 horas. A mãe de Alison se despediu de Max, em seguida de Alison, depois surpreendentemente, de mim, ela me abraçou fortemente e disse ao meu ouvido "Cuide deles, eu estou com uma sensação ruim" Ela se afastou de mim e pude ver seu olhar de suplica. Eu sorri para ela, foi minha forma de dizer que eu cuidaria deles, novamente ela não me sorriu de volta. Ok, eu já estava começando a me acostumar com isso.

Eu estava na cama com Max vendo tv, dessa vez eu até tinha gostado do desenho.

"Sabe quem está de plantão hoje?" Alison me perguntou.

"Não faço ideia"

"O meu futuro namorado" Desviei o olhar da televisão e olhei para Alison, meu olhar poderia ter a matado, com certeza ele poderia.

"Você é uma vagabunda, eu nunca mais te falo nada sobre esse tipo de assunto"

Alison estava deitada no sofá, como uma criança travessa ela se levantou correndo e se jogou na cama hospitalar caindo em cima de mim.

"Você vai machucar o Max" Falei ignorando sua tentativa de fazer graça, ela apenas ria.

"Seu ciúme é fofo, você nunca tinha demonstrado ciúmes antes, deixa eu ficar feliz com isso" Olhei para ela pronta para xinga-la, e lá estava aquele sorriso doce, como não se derreter?

"Eu odeio esse sorriso" Falei já rendida.

"Odeia nada, você ama ele, você me ama por inteiro" Revirei os olhos "Sabe o que mais?" Ela perguntou, eu sabia que lá vinha besteira.

"Não Alison, não sei e nem quero saber" Fingi-me brava, ela sabia que era apenas teatro e se divertia com isso.

"Eu acho que você quer casar comigo e ter um filho comigo" Sua risada divertida me fez novamente revirar os olhos.

"Nós já temos um filho" Falei simplesmente e passei a mão nos cabelos de Max, no mesmo instante que falei, Alison parou de rir e me encarou séria. Me amaldiçoei por ter falado demais. Droga!

Com tudo acontecendo, aquele era um momento tenso, e embora Alison e eu já tenhamos passado por muitas coisas juntas, nossa relação ainda estava no início, não existia ainda definição sobre tudo. Eu realmente não deveria ter sugerido que Max era nosso filho, até porque, talvez Alison não gostasse disso, pois talvez ela pudesse ter ciúmes dele. Eu não sei, mas deve ser comum mãe ter ciúme de filho.

Eu continuei a olhando, deve ter passado uns dois minutos e ela ainda me encarava séria. Oh, merda. Agora sim eu tinha feito uma grande burrice, por que falar sem pensar? Ainda mais sobre um assunto tão delicado como aquele "Des..." Comecei a falar, eu iria pedir desculpa, tentar arrumar a situação de algum modo. Mas não pude falar, foi só eu abri a boca para dizer algo, que Alison veio para cima de mim e me beijou. A ferocidade de seu beijo era tamanha que eu quase cai deitada na cama, sua língua e seus lábios tentavam me invadir, eu tentei acompanhar seu ritmo, mas foi quase impossível. Quando o beijo terminou eu abri os olhos aos poucos, estava um pouco atordoada com o que aquilo significava, olhei para Alison e ela já tinha os olhos bem abertos e me sorria amplamente, seus olhos brilhavam, eu não sabia se aquilo era lágrimas.

"Por qu..." Eu ia tentar perguntar algo, mas novamente ela veio com tudo para cima de mim, dessa vez não foi um beijo, foi um abraço que quase me cortou por completo o ar de tão apertado.

"Obrigada por ser" Ela calou-se parecendo procurar uma palavra "Eu não sei nem dizer o que você é, mas obrigada por ser"

Eu não respondi nada, não precisava de mais palavras, apenas nos calamos novamente e ficamos sentadas lado a lado com Max deitado com a cabeça em minha perna. Alison e eu tínhamos nossas mãos entrelaçadas e cabeça dela estava apoiada em meu ombro. Ambas estávamos nos sentindo completas. Por mais estranho que alguém pudesse julgar tudo aquilo, nós éramos uma família, não importava se éramos duas mulheres, se Max era filho biológico dela ou meu, nem se estávamos juntas a trinta anos ou três horas, o sentimento que nós unia era o laço que nos amarrava uns aos outros, era esse sentimento que fazia de nós uma verdadeira família e não qualquer outra coisa.


Quando foi perto das 19 horas fui comprar o jantar para Alison, ela queria ir, entretanto eu não queria ela andando sozinha, não quando sei que Hudson estava em qualquer lugar lá fora. Quando voltei ao quarto de Max já com o jantar, senti meu sangue ferver ao ver aquele projeto de médico sorrindo sedutoramente para Alison, e ainda por cima, sua mão estava no ombro dela. Quem ele pensava ser para toca-la? Fechei a porta com certa brutalidade, minha presença se fez notada, Alison me olhou, acho que ela viu em meu olhar que eu não estava brincando sobre aquele médico e pude ver ela me lançando um olhar pedindo-me para não fazer nenhuma besteira.

Eu não faria nenhuma besteira, eu realmente tinha vontade de pegar aquele médico e o jogar na parede, melhor ainda, o tacar pela janela, oito andares saberiam fazer o truque acontecer, porém eu não faria nada disso, respirei calmamente e apenas me aproximei deles. O médico em nada fazia questão de demonstrar que não queria minha presença ali, nós dois éramos totalmente hostis um com o outro. Mas a hostilidade, para mim, tinha um motivo óbvio, ele queria Alison e todo mundo naquele hospital já sabia que éramos um casal, ou seja, para ele minha presença era um incomodo. Foi só eu chegar que ele logo deu tchau e foi embora.

"Que engraçado, quando cheguei parecia que ele tinha uma conversa boa com você, mas foi só eu chegar, que ele resolveu que era melhor ir embora"

"Para, Emily" A voz de Alison soou severa "Agora é sério, vocês tiveram uma pequena briga, foi ridícula, mas foi uma briga, então ele não deve gostar muito de você, mas isso não significa que ele me queira" Alison disse de forma realmente honesta, sem brincadeiras ou coisa do tipo.

"Mas..." Tentei argumentar, mais ela estava decidida a terminar com o assunto.

"Não tem mais, esse assunto termina aqui" Alison falava tão séria e decidida, ela nunca tinha falado assim antes, era uma faceta sua que eu não conhecia, eu não tinha como contestar aquilo, apenas me calei e dei-me por vencida, embora é claro, eu continuava pensando que o médico queria algo com ela e eu não iria facilitar a vida daquele doutorzinho. Alison era minha e eu já tinha isso bem decidido na minha cabeça, não era ele ou qualquer outra pessoa que iria tira-la de mim.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now