Capítulo 49

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Fomos na delegacia, lá colheram novamente meu depoimento, dessa vez um escrivão foi relatando tudo, em seguida o delegado me fez inúmeras perguntas pessoas sobre meu relacionamento com Hudson, ele tentava ver se eu poderia ter alguma ideia de onde ele estava, mas eu não tinha, contei-lhe sobre a ligação no dia anterior. O delegado ficou animado com aquele fato e perguntou se poderia ficar com meu Iphone, segundo ele um perito poderia tentar rastrear aquela chamada, ver o número privado ao qual tinha sido realizada, eu disse que sim, não me importaria com isso. Quando fui pegar meu aparelho na bolsa, simplesmente ele não estava, perguntei a Emily se estava com ela, ela disse que não, eu podia jurar que o tinha guardado na bolsa, porém não estava. Pensei que talvez tivesse deixado no hospital e o delegado falou que mandaria depois alguém coletar o aparelho comigo.

A coisa toda na delegacia foi longa, quase duas horas, em seguida o próprio delegado mais um perito seguiram comigo ao apartamento. Assim que abri a porta, que tinha ficado todo o tempo fechada, porém não trancada, tudo parecia normal. Não tinha sinal de algum tipo de bagunça ou violação, ainda assim entramos e Emily e eu vasculhamos cada canto, nada parecia ter sido mexido, exceto por uma foto de Max que ficava na estante e agora não mais estava, o carro de Emily de forma igual, aparentemente tudo estava normal.

"O que significa isso? Por que nada foi mexido?" Emily perguntou ao delegado, ela parecia estar viciada em detalhes, teorias. No momento eu apenas queria esquecer tudo, pensar que tinha sido um pesadelo, apenas.

"Cada caso é um caso, não dá para saber o que passa na mente de cada criminoso. Mas como ele armou uma entrada no táxi, provavelmente sua maior preocupação não era assustar revirando a casa ou o carro, ele apenas queria assustar e faze-la ir com a criança para ele, entrando no táxi que ele estava, essa era sua meta, bagunçar as coisas não era sua intenção, por isso ele não o fez"

"Isso significa que ele pode voltar? Ele pode ainda tentar levar eles?" Emily perguntou, senti um arrepio em meu corpo, eu não podia suportar aquilo novamente.

"É possível" O delegado disse "É bom vocês tentarem se proteger, ele pode tentar sim, embora a criança está doente, isso pode o brecar por um tempo"

Saímos do meu apartamento absorvida em nossos próprios mundos, o perito disse que o carro de Emily estava liberado, entretanto ela disse que não o dirigiria até que lhe fosse feita uma revisão mecânica, fomos para a casa de Emily em um táxi.

A casa de Emily sempre seria um lugar a parte do mundo para mim, já na porta pude ouvir um cão latindo, eu já sabia diferenciar cada latido, no momento era Thor latindo, quando Emily abriu a porta aos cães vieram loucos para cima dela, ela tinha ficado longos dias longe, depois Jack pareceu me notar e veio falar comigo, todos os cães seguiram ele, fui tomada por aquelas oito criaturinhas me lambendo e tentando ter minha atenção.

"Como assim, eu fico praticamente 10 dias longe e eles te veem e me ignoraram ?" Ela dizia com uma falsa magoa.

"Fazer o que? Eu tenho charme" brinquei

Emily chamou a atenção dos cães, mas foi em vão, eles tinham se rendido a mim, talvez por Jack ser o líder e ele estar comigo, os outros apenas tinham o seguido.

"Desisto" Emily falou de forma teatral "Quer saber, vocês fizeram suas escolhas, se querem ela como mãe, tchau" Dito isso ela correu para dentro de casa, sua corrida e seu tchau alto e firme fizeram todos os cães saírem de mim e correrem atrás dela, cheguei na sala e a encontrei deitada no chão, cercada por seus cães que lhe lambiam o rosto e os braços.

"Você sabe que você jogou sujo, é uma trapaceira " Brinquei, e a chutei levemente. Eu estava frente e a Emily, lhe olhando do alto, ela se aproveitou da proximidade e puxou meu pé me fazendo cair ao seu lado "Você está doida? Podia ter quebrado meu braço" lhe dei um soco no braço, ela apenas ria.

"Que quebrar o que? Vaso ruim não quebra"

"Ah, é assim é?" Perguntei brincando, eu estava me sentindo feliz após tudo, durante aquele tempo me permiti ri sem culpa, como sempre Emily me fazia sentir que tudo ficaria bem.

"Sim, senhorita Dilaurentis, é assim" Os cães já tinham se acalmado, voltado a viverem suas rotinas, eu estava deitada com a cabeça na barriga de Emily, ela se levantou um pouco, torta, desajeitada, e me beijou, o beijo era desconfortável, não estávamos em posição para isso, entretanto ainda assim foi bom.

Eu não faço ideia de onde a família de Emily estava, porém eles não estavam em casa e eu fiquei feliz por isso, amava quando só estávamos nós em sua casa, faltava apenas Max, porém logo ele estaria novamente com a gente. Enquanto ela tomava banho me deitei em sua cama, inicialmente fechei os olhos, porém as imagens que vieram em minha cabeça foram terríveis e eu logo abri-los novamente. Eu não tinha muito o que fazer e nem queria fazer nada, meus olhos vagaram em volta daquele quarto que eu conhecia tão bem que sentia que era meu também, entretanto algo novo me chamou atenção, sorri de forma débil e levantei da cama correndo, indo até o quadro de fotos de Emily. Lá tinha três fotos novas, não sei quando ela as colocou ali, mas elas estavam lá, duas de Emily, Max e eu, e uma apenas minha e dela. Quando ela saiu do banho me flagrou olhando as fotos.

"Quando você colocou elas?" Perguntei sem consegui desviar os olhos das imagem, lembrei-me lá do início, uma vez eu tinha ido com Max ao shopping, fazia pouco tempo que conhecia Emily, dois, três dias, porém ela tinha sido tão legal comigo e com meu filho que quando andei no shopping resolvi lhe dar um presente, era um porta-retrato, infelizmente acabei esquecendo de lhe dar ele e agora nunca mais teria como lhe dar ele, porém seria ideal para aquela foto. Aquela em especifica, aonde estava ela, Max e eu no parque, os dois estavam soados e descabelados, porém seus sorrisos eram amplos, ambos com sorriso infantil, eu estava impecável na foto, denunciando perfeitamente que enquanto eles tinham passado horas correndo eu apenas tinha passado horas em baixo de uma arvore os observando.

Emily veio por trás de mim e me abraçou, seu queixo descansou sobre meu ombro. Segundo ela tinha colocado as fotos um dia antes da viagem, ficamos um tempo abraçadas vendo a imagem, além de uma foto bonita, aquele tinha sido um dia incrível.

Depois foi minha vez de tomar banho, Emily me emprestou uma roupa sua, liguei para o hospital, Max tinha dormido praticamente o dia todo e ainda estava dormindo no momento, resolvemos então cozinhar algo em casa para comer antes de irmos. Quando saímos do portão de Emily e ela fechou a porta atrás de mim, respirei fundo, era hora de sair da minha caverna e voltar a vida real.

Eu não conseguia ainda entender porque a casa de Emily era tão especial para mim, me peguei pensando que possivelmente, o que eu sentia lá era a exemplificação do que é um lar, talvez aquela casa fosse realmente, hoje, meu lar.

Pegamos um táxi e me surpreendi que quando chegamos ao hospital, ela disse que não subiria comigo, pois teria de encontrar com Eduardo. Eu pensei em dizer algo, mas optei por me calar, Emily me deu um longo beijo demorado na bochecha e pegou outro táxi enquanto eu fui sozinha para o quarto de Max.

Eu não sabia o que ela queria com Eduardo, porém sabia que aquilo tudo estava começando a me incomodar.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now