Capítulo 75

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Demoramos quase uma hora para conseguirmos tomar banho e dar banho em Max, quando voltamos a cozinha, minha vó contava histórias e amostrava o velho álbum de família aos seguranças. O almoço ocorreu de forma tranquila, em seguida meus planos continuavam, agora era a vez de mostrar a Max os demais animais da fazenda, eu queria leva-lo nas galinhas e na criação de coelho, que minha vó sempre amou ter.

Por sugestão de minha própria vó, os seguranças permaneceram na casa a tirar uma pequena sesta depois do almoço, de forma que, apenas Alison, Max e eu, fomos continuar o passeio na fazenda.

Em primeiro lugar, levei Max para ver as galinhas, elas realmente eram bastante estressadas e territoriais, de modo que, não entramos em seu galinheiro, apenas amostrei elas a Max, de longe, pois não queria arriscar ele levar uma bicada do bicho, pois eu sabia o quanto doía, na infância colecionei algumas cicatrizes provenientes delas. Em seguida, fomos até os coelhos, lá sim entramos e Max pode ter um contato direto com aquela espécie animal.

A cena era terna demais, não resisti a tirar algumas dezenas de fotos, os animais corriam de Max, entretanto ele conseguia ser mais rápido e mais esperto, hora ou outra, ele capturava algum coelho, e feliz colocava o animal no colo, Max era pequeno ainda, segurava desajeitadamente o coelho.

Ao final da tarde voltamos a fazenda, o dia já começava a querer dar indícios que a claridade iria embora e a penumbra da noite se instalaria em seu lugar.

Minha vó obviamente não tinha esquecido do lanche, o cheiro de pão de queijo e bolo de laranja tinham tomado conta da casa, era impossível não sentir-se morrendo de fome ao inalar aquele cheiro, pois mesmo se a fome não existisse, aquele era um aroma que iria a despertar. Todos nos lanchamos de bom grado, obviamente Max e eu, de muito mais bom grado que os demais, afinal realmente amávamos comer.

Quando chegou à noite, Max não teve a mínima dificuldade em dormir, seu dia tinha sido exaustivo, seu corpo tinha se entregue ao sono e ele dormiu facilmente na cama de minha vó, pois assim ela ficaria de olho nele caso ele acordasse no meio da noite.

Saímos nós quatro da casa, deixei minha vó com Max no quarto.

"Vocês não vão querer a gente junto essa noite, né?" O segurança de Alison perguntou, eu realmente não pude evitar de olha-lo com meu olhar de descrença, aquela pergunta era tão tola, que não sei como ele tinha tido coragem de elaborar e verbalizar.

"O que você acha?" Foi a pergunta sarcástica que saiu de Alison.

"Tudo bem, que horas devemos chegar?" Meu segurança perguntou, ele parecia ter um neurônio a mais do que seu amigo, o que não era muito, mas já era algo.

"Seis da manhã, em ponto" Declarei.

"Podemos ficar com o carro?" Ele me indagou.

"Claro, vocês vão precisar dele para chegar na cidade a essa hora"

Os seguranças foram embora, novamente era apenas eu e Alison, a tanto tempo não era assim, a sensação de liberdade e saber que poderíamos fazer qualquer coisa, era libertadora.

"Lembra que uma vez você me confessou que sempre amou motos, e já andou muitas vezes nelas, entretanto nunca pilotou uma?" Perguntei a Alison, meu sorriso e minha pergunta já denunciavam minha intenção.

"Você jura? Vai me deixar pilotar?" A voz dela era uma mistura de felicidade com descrença.

"Se você quiser" Fui surpreendida com Alison pulando em cima de mim, literalmente. Tive que me equilibrar para não irmos nós duas ao chão, seus lábios rapidamente se conectaram aos meus e em seguida, ela saiu me puxando até aonde a moto estava.

Alison, estava como uma criança que acabava de ganhar seu novo presente no natal e queria enlouquecidamente brincar e o curtir. 

"Cadê as chaves?" Alison me perguntou.

"Já estão nela" Respondi.

"E o capacete?" Ela me perguntou novamente, apenas lhe dei um olhar um tanto quanto vacilante "Não tem capacete?" Ela tinha captado em meu olhar a resposta.

"Sabe, meu pai não gostava, ele dizia que a graça de andar de moto é a adrenalina que ela causa, se você não puder sentir medo ou tão pouco o vento soprando sobre seu rosto, então você não está andando de moto, está apenas se transportando de um canto para o outro com ela."

"Isso é loucura, se a gente cai?"

"Não cairemos se você souber pilotar"

"Mas eu não sei, então faz você, eu não vou ter coragem"

"Ali, relaxa, cadê a mulher que jamais iria deixar sua vida ser normalzinha?" Pude ver o misto de cores se desenhando em seu olhar, ela certamente analisava cada hipótese.

"Tudo bem, mas vamos devagar" Ela declarou.

Alison e eu subimos na moto, ela na frente e eu atrás.

"Vamos, lá, posicione suas mãos e seus pés" Mandei e ela fez, em seguida eu coloquei minhas mãos sobre as mãos dela e meus pés, igualmente, sobre os dela "A embreagem fica na mão esquerda, assim que você ligar a moto, vamos manter ela apertada assim" Apertei a embreagem e consequentemente sua mão, demonstrando como seria "Nosso pé esquerdo, em seguida, irá pressionar o pedal de cambio" Forcei meu pé sobre o dela e mostrei como seria " Depois vamos suavemente soltando a embreagem na mão esquerda e pressionando o acelerador na direita. Quando a gente fizer isso a moto vai andar, e então teremos de passar a marcha, novamente seguraremos firme e a embreagem e depois acionaremos o pedal de cambio para cima, cada vez que o contador de giro indicar o limite, trocamos a marcha e, caso você não consiga observar isso, a moto vai ranger o motor e então é hora de trocar. O freio é no seu pé direito, pressionamos o pé direito e a mão direita aos poucos e iremos diminuir a velocidade. Pronto?"

Senti Alison respirar inumeráveis vezes e pude sentia-la pressionando a embreagem, acelerador, cambio e freio, provavelmente em sua cabeça, ela tentava repetir tudo que eu tinha dito.

"Acho que isso não vai dar certo" Ela disse

"É claro que vai, vamos logo, qualquer coisa eu mudo de lugar com você"

Alison girou a chave e a moto ligou, assim que pressionei a embreagem e o câmbio, a moto ganhou vida e começou a andar, Alison deu um grito agudo e ensurdecedor, em verdade era eu quem estava pilotando, embora ela quem estivesse na frente.

Soltei a embreagem e acionei a aceleração, Alison estava imóvel, não se mexia, parecia com medo até mesmo de respirar, era eu sozinha acionando tudo, passei a primeira marcha, a segunda e a terceira, na quarta, pude sentir o pé dela se mover em baixo do meu e ela mesma acionar a marcha, estávamos a pouco mais de 60 por hora, a estrada de terra não permitiria muito mais que isso, ainda.

Na curva pude sentir Alison manter totalmente o freio e sozinha controlar a moto, aos poucos ela tinha entendido como aquilo funcionava, a primeira coisa que fiz foi tirar meus pés sobre os dela e a deixar manejar sozinha os pedais.

"Não!" Ela gritou ao sentir que eu tinha tirado meus pés, a moto traçou um caminho cruzado e quase caímos, por sorte conseguimos manter nosso corpo firme e continuar novamente o movimento retilíneo "Nunca mais faça isso" Ela ordenou, sua voz era séria, nunca tinha a visto usar aquele tom, meus pés novamente já estavam sobre os seus, ela tinha perdido sua confiança, de novo, ela nem mais respirar fazia, demorou um pouco até ela ir reconquistando seu domínio.

Já tínhamos saído da estrada de terra, agora estávamos na de cimento.

"Vou soltar minha mão" Avisei.

"Não"

"Apenas continue fazendo como está" Soltei minhas mãos e agarrei sua cintura, em seguida soltei meus pés, pude ouvir a risada de Alison eclodir, nossos cabelos flutuavam no ar, o vento soprava em nosso rosto, deixando até mesmo nossas bochechas geladas, Alison ria feliz e eu igualmente, a liberdade que estávamos sentido naquele momento era impagável.

"Onde vamos?" Alison me perguntou.

"Até onde a estrada nos levar" Foi a resposta que dei e pude a ouvi rir.

Era uma verdade, tínhamos pegado uma estrada que iria nos levar até a lagoa, mal Alison sabia que as emoções e adrenalina daquela noite, mal estavam começando.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now