Capítulo 58

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À noite, por milagre, Max resolveu ter sono e dormiu uma boa quantidade de horas. No dia seguinte como previsto o médico lhe liberou do soro e o transferiu para um quarto mais cômodo, tanto para ele quanto para a gente a mudança de quarto foi mais confortável. Eu passei o dia inteiro agoniada, não conseguia para de verificar a cada segundo as horas, quando escureceu voei para a rua com a desculpa de ir comprar o jantar, entretanto eu só queria mesmo era ligar para Wellington e descobri o número de Hudson.

Wellington disse algo sobre dificuldade e restaurar a configuração do aparelho, eu não queria saber dos detalhes, queria o número e ele por fim me deu.

Minha respiração ficou acelerada, eu já tinha o número de Hudson, iria poder falar com ele, iria poder dizer tudo que eu pensava para ele, porém isso exigiria um lugar calmo, no momento eu não fazia ideia de onde, olhei em volta da rua, nada parecia ser um lugar bom para aquela ligação. Ao longe, no entanto avistei uma cruz, eram 20 horas de um dia de semana, não teria missa, a Igreja estaria vazia, andei alguns metros até lá e entrei. Talvez não pudesse existir lugar melhor para aquela ligação, aqui eu poderia encontrar o mínimo de força e paz para enfrentar o que viria.

Minhas mãos tremiam, porém eu não poderia deixar isso me parar, liguei para Hudson, ele realmente já esperava por isso, bastou um toque e ele me atendeu.

"Olá, Emily" Sua voz me causou um arrepio, por um segundo quase deixei meu Iphone cair ao chão "Que prazer pode falar com você" Seu inglês com sotaque francês era ridículo, eu não poderia deixar aquele homem me amedrontar, resolvi focar em quanto sua voz soava patética "Vai ficar calada? Por acaso o gato comeu sua língua? Oh, não. Merda. Alison comeu sua língua." A menção do nome de Alison fez meu sangue ferver em minhas veias.

"Você não cansa de ser idiota?" O ataquei, perguntei sem dar espaço para a resposta, até porque, não precisava de resposta para essa pergunta "Você atropelou seu filho, e ao invés de se entregar, ou sei lá, no mínimo ter a decência de fugir, fica querendo fazer joguinhos mentais. Você é um psicopata" falei sem fazer ponderação.

"Você realmente acha que eu queria atropelar meu filho?" Ele gritou, sem querer eu tinha atingido seu nervo crítico, ele agora tinha saído de sua zona de conforto e ficado alterado "Você acha o que? Que não amo meu filho? Eu o amo, eu não sou nenhum monstro"

"Que bela forma de demonstrar amor" Eu estava no controle agora, era minha vez de ironizar e faze-lo sentir-se como um louco.

"Cala a boca sua puta" Ele tentou me ofender, foi em vão, eu realmente já não me importava comigo, suas palavras sobre mim, não me afetariam, tudo que me importava era Alison e Max "Você acha o que? Que Max e Alison são seus agora? Está se divertindo brincando de casinha?" Ele tentava recobrar sua ironia, mas estava sendo apenas patético.

"Você é patético, Hudson. Me diga o que quer para sumir? Me diga porque ainda está aqui" Perguntei direta, não tinha espaço para meias palavras.

"Eu quero meu filho e minha mulher" Sua resposta não poderia ter sido mais doentia.

"Isso você nunca mais vai ter, ou você realmente é burro ao ponto de achar que Alison vai voltar com você e tudo voltará a ser lindo novamente? Por favor, homem, você está me dando pena, mesmo que ela não fique comigo, ela nunca vai voltar a ficar com você" Hudson era pior do que eu pensava, se ele fosse mal, tudo seria apenas perigoso, porém ele era um louco, além de perigoso tudo era assustador e inesperado, você nunca sabe o que esperar de um louco.

"Você não sabe de nada, temos um filho, isso une duas pessoas para sempre"

"Filho? Que filho? O que você tentou matar e está agora em um hospital sem previsão de alta, é ele que você chama de filho?" Perguntei irônica, ele tinha começado o jogo de palavras, porém eu Claramente tinha assumido o comando.

"Cala a boca" Ele gritou alto, eu realmente tremi, esse homem estava louco "Eu não quis o atropelar, não foi culpa minha, ele correu e eu não vi ele vindo até o carro, quando eu vi já tinha o atropelado e eu não podia fazer nada, eu não sou médico, então preferi escapa dali"

"Então deixa eu ver se entendi, primeiro a culpa é de Max e segundo, bom, você não é médico então tudo bem fugir e deixar o menino morto no chão"

Eu não podia acreditar na loucura daquele homem, ele realmente não via que tinha feito algo de errado, para ele Max tinha corrido e ele sem querer passou por cima, como um acidente comum.

"Você não tem filho, você não entende"

"Você tão pouco tem filho, ao menos não Max" Pude ouvi seu riso recheado de sarcasmo, aparentemente ele tinha voltado ao seu normal, que de normal, não tinha nada.

"Claro, porque você é o pai de Max? Mesmo sendo uma mulher, você é seu pai agora?" Ele tentou me ofender, novamente foi apenas patético.

"Te garanto que nesse momento estou sendo mais pai dele que você"

"Nesse momento?" Ele riu novamente "Quer dizer que você já sabe que Alison e você não tem futuro, estão vivendo um momento, apenas" Não era isso que eu queria dizer e se ele pensou que poderia colocar em cheque minha relação com Alison e me abalar com isso, ele estava muito errado, pois se tinha uma coisa que era certa para mim, era que tanto Alison quanto eu não estávamos vivendo algo efêmero, de modo que eu apenas ignorei sua insinuação a respeito do futuro de nossa relação.

"Se ama mesmo seu filho, vá embora, ele tem quem cuide dele" Pedi, mas obviamente foi um pedido oco, em vão.

"Sim, claro, você vai cuidar dele"

"Eu sou apenas mais uma que irá cuidar dele, porém além de mim ele é cercado por pessoas que o amam, ele não precisa de você, muito pelo contrário, Max vai ficar melhor com você longe"

"Claro que precisa, ele é meu filho" Ele disse ofendido.

"Sério? Nem ele mesmo parece saber disso" Era uma verdade, durante todo o tempo que eu convivia com Max, estranhamente ele nunca mencionava em gestos ou tentativas de palavras, algo relacionado ao pai, ele parecia não sentir falta de Hudson em sua vida.

"Sua puta" Ele voltou a repetir, ouvi algo quebrando do outro lado, ele deveria estar fora de controle no momento "Meu filho me ama"

"Eu acho que Max é sensitivo demais e ele apenas sabe diferenciar quem lhe quer bem e quem não lhe quer, de modo que, ele apenas sabe que você não está preocupado com ele e por isso, Max te ignora. Eu provavelmente devo te amar, mas ele não se importa com você ao lado dele"

"Ele não me ignora; você é burra? Não sabe que ele foi atropelado por tentar vir correndo até mim?"

"Sim, e o que você faz? Atropela o menino. Acha mesmo que ele realmente sente sua falta?"

Durante a conversa eu me mantive muito mais calma do que Hudson, ele teve várias alterações de humor, gritava e quebrava objetos.

"Eu não vou sair da vida de Max, nunca" Ele disse firmemente.

"Ah você vai, nem que para isso eu tenha que te matar"

"Eu te mato antes sua prostituta" Eu já não pensava que ele me xingava para me ferir, ele apenas me xingava porque me odiava realmente "Você está morta" Ele ameaçou-me e sem dar espaço para que eu pudesse lhe dizer algo, Hudson desligou a ligação.

Joguei meu aparelho no banco da Igreja, eu queria gritar, chorar, mas eu não conseguia fazer nada, meu corpo estava dormente, apenas fiquei sentada olhando para a cruz no altar, nem mesmo pensar eu conseguia. Apenas fiquei inerte naquele banco sentada e com o olhar perdido naquele objeto sagrado. O aparelho ao meu lado vibrou, olhei para ele e vi que era uma mensagem de Hudson. Abri a mensagem que dizia simplesmente.

'Eu sempre estarei com ele' e junto de suas palavras, uma foto de Max, a foto era recente, recente demais, uma foto de Max no hospital deitado na cama e dormindo inocentemente. Como aquilo era possível? Como ele tinha entrado naquele quarto? De quando era aquela foto? A foto mostrava o quanto perto de Max ele estava.

Se até então meu corpo estava dormente e eu não conseguia deixar minhas emoções fluir, aquilo tinha me feito estourar, comecei a chorar desconsoladamente. Aquilo era pior do que um pesadelo. Hudson estava tão perto que poderia simplesmente fazer o que quisesse com Max ou Alison, de alguma forma sorrateira, ele tinha os dois ainda ao alcance de suas mãos, eu no momento, não fazia ideia do que fazer para acabar com isso.

Eu só podia pensar em matar Hudson e acabar de uma vez por todas com aquilo tudo, porém aonde esse infeliz estava? Como achar uma agulha em um palheiro? Eu precisava encontrar Hudson, antes que ele surtasse de vez e fizesse algo pior, algo definitivo.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now