Congelei assim que o escutei.
— Millie? — perguntou como quem checasse se eu estava consciente.
— Conversar s-sobre o que?
Jura que você não sabe?
— Sobre ontem a noite. — respondeu o óbvio.
A essa altura não sabia se fingia demência ou encarava os fatos.
— Ah, pegue. Encontrei em uma mesa quando voltei lá pra cima. — disse estendendo minha bolsa. Não tinha notado que ele a segurava.
A abri rapidamente para chegar se estava tudo em ordem. Celular, batom, chiclete... tudo certo. Pelo menos isso!
— Obrigada. — fiquei sem saber o que fazer em seguida.
E se eu saísse correndo agora?
Talvez fingir um desmaio?
— Sei que é desconfortável, mas íamos ter que falar sobre isso em algum momento. — é, vou ter que encarar os fatos.
— É... sei disso.
— O que acha de irmos aquela praça? O clima está agradável como da última vez.
Como ele está tão calmo?
Automaticamente lembro do nosso "encontro". Foi extremamente agradável, e foi nele que consegui admitir para mim mesma o que estava sentindo. De qualquer maneira, não posso fugir disso para sempre.
— Tudo bem. Só me dê um minuto, vou pegar um casaco e guardar essas coisas. — Finn concordou com um aceno de cabeça.
Estou tentando ser uma adulta sensata, mas só Deus sabe o quanto estou morrendo de vergonha. Ainda mais depois de ter me tocado pensando nele.
Guardo minhas coisas e pego somente o celular e um casaquinho fino.
— Vamos? — digo meio sem jeito.
— Se importa de irmos caminhando? Na volta te acompanho e pego meu carro. — afirmo indicando que não tem problema.
Não caminhamos conversando igual da última vez. Em vez disso, o que pairava no ar era um silêncio constrangedor.
Chegamos a praça e nos dirigimos para o mesmo banco. O clima era praticamente o mesmo da última vez.
Jovens andavam de skate, alguns casais se beijando, senhoras fazendo caminhada. Era quase um Déjà vu.
— Quer uma pipoca doce? — perguntou depois de mais alguns segundos de silêncio. Não podia ser mais estranho.
— Não, obrigada.
— Que tal começarmos com o que lembramos? — até que não era uma ideia tão ruim. — Quer começar?
— Não, obrigada. — repeti a frase anterior. Será que vou conseguir ter uma conversa decente?
— Tudo bem. — suspirou profundamente. — Acho que tudo começou na nossa dança. Já tinha bebido mais do que deveria e...
— Começou a dançar comigo. — completei constrangida. — Não foi uma dança muito civilizada. O que vão pensar de mim?
— Acho que todos sabem que não estávamos em nosso juízo normal. — comecei a notar um pouco de tensão em sua voz.
Preciso abrir o jogo.
— Me desculpe, Finn. Maddie me provocou e fiquei muito irritada. Praticamente me joguei em cima de você.
— Por que ela te provocou?
— Porque ela sabe... — me interrompi.
Estou pronta para admitir isso para ele? Definitivamente não.
— Sabe que te acho bonito. Disse que não faço o seu tipo, ficou pegando no meu pé.
— Ela não sabe o que diz. Maddie não deve dar palpite em nada na minha vida. — não pude esconder um sorrisinho. — Não me peça desculpas. Nós dois nos beijamos e... é você sabe.
— Sei... nossa! Acabei de me lembrar do Noah! — levei as mãos a cabeça. — O que ele vai pensar?
Finn deu uma risadinha.
— Já conversei com ele. É como se ele nunca tivesse visto nada. — não sei se fico aliviada ou com medo.
— Novamente, me descul...
— O que você sentiu? — me interrompeu de súbito.
— Oi?
— Quando estávamos... fazendo aquelas coisas. — ele estava com vergonha? — O que você sentiu?
Não estava esperando por isso, mas não posso dizer a verdade.
— Foi bom. Estávamos bêbados, nos envolvemos... calor do momento. — não era uma mentira.
Finn fez uma expressão estranha. Parecia até decepcionado.
— Você lembra de algo em específico que aconteceu naquela sala? — seu tom era sério. Não estou entendendo.
— Não. Somente o que você já sabe. — agora sim ele parecia decepcionado. Realmente não entendo Finn Wolfhard.
— Então... estamos bem. Somos adultos, sabemos o que fazemos. — não tenho tanta certeza. — É como você disse, calor do momento. Teria acontecido com qualquer uma.
Ai!
Agora me senti mal.
A conversa foi muito melhor do que eu esperava, consegui esconder o que poderia acabar com meu emprego.
Por que ele tinha que dizer essa última frase?
Não importa.
— É, vamos esquecer isso. — Finn apenas balançou a cabeça.
— Vamos?
— Sim.
O silêncio constrangedor parecia ter piorado. Não duvido que a tensão pudesse ser palpável.
— Até segunda. — foi a única coisa que ele disse antes de entrar no carro.
Subi para meu apartamento. Tomei um banho rápido e fiz alguns sanduíches. Vou retomar meu plano inicial. Simplesmente Acontece é uma ótima opção de filme clichê.
Está tudo bem. Tudo acabou bem. Vou voltar normalmente para o trabalho e vai ser como se nada tivesse acontecido.
Se brincar, nem estou apaixonada. Talvez tenha sido só fogo da minha parte.
Uma lágrima solitária cai na minha bochecha ao ver Alex indo embora para Boston.
A quem quero enganar?
Sou uma fraude!
~••~
Nota:
Ooi! Tudo bem, anjos?
Peço desculpas, não gostei muito desse capítulo. Ficou bem chatinho.
Estou escrevendo o próximo (narrado pelo Finn, uhul), com sorte termino hoje e já posto! Mas não esperem muito de mim, talvez não dê certo.
Amo vocês! Até mais! ❤️
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Bad Romance - Fillie
De TodoFinn é dono de uma empresa de alfaiataria, Millie trabalha em uma de suas lojas. Finn é profundo e misterioso, em seu coração ele guarda amarguras das quais não consegue superar. Millie é bolsista em uma faculdade, e ama se distrair em suas aulas d...