07. ESTÁDIO

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                - Obrigada por vir, Charlie - falei para ele quando chegamos no estádio onde eu faria as fotos do jogo de Boston

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            - Obrigada por vir, Charlie - falei para ele quando chegamos no estádio onde eu faria as fotos do jogo de Boston.

- Que nada, Scarlet! Enquanto você estiver aqui, vou aproveitar todos os momentos que você tiver. Você faz falta.

Sorri e sai do carro do meu amigo. Me senti de volta ao ensino médio... era como se quase nada tivesse mudado. Quase.

Fomos para o portão do estádio em que entravam pessoas contratadas para fazer fotos, jornalistas e etc.

Liguei para Joy para tirar algumas dúvidas antes de entrar.

- Joy Sidney falando.

- Joy, oi! É a Scarlet. Eu liguei para dizer que já cheguei no estádio e queria saber o que eu tenho que falar para poder entrar sem esse segurança enorme me barrar.

Joy riu do outro lado da linha.

- Diga que está lá em nome do jornal Boston Celtics. Eu pus um acompanhante para você, como pediu.

- Obrigada, Joy. Até amanhã.

- Até, Scarlet e mais uma vez, obrigada.

Desliguei e fiz um sinal com a mão para Charlie, o chamando mais para perto. Demoramos um pouco para chegar até o portão porque aquele lugar estava lotado. As aéreas que davam acesso ao camarote, aos lugares normais, todos lotados. Devia ter mais de 80 mil pessoas ali... todos queriam ver o Boston chegando ás estaduais.

Chegamos no portão e esperamos algumas pessoas com câmeras passarem.

- Nome? - disse o segurança grandão. Ele segurava uma prancheta.

- Vim em nome dos Boston Celtics. Eu e... ele - falei, olhando para Charlie.

O segurança nos olhou e riscou alguma coisa na prancheta, dando espaço para entramos no estádio.

- Bom jogo - falou.

- Obrigada.

Ficamos em uma área bem perto do campo, principalmente de onde saia os jogadores do Boston. Era uma área totalmente exclusiva para os jornalistas, mas já estava lotada. Consegui empurrar delicadamente um ou outro e cheguei perto das barras, onde depois de uma pequena separação já começava o campo.

- Uau... - exclamou Charlie. - Não achei que iria querer ficar tão na frente.

Ri com o comentário.

- Por quê não? É meu trabalho...

- Eu sei, mas... hm... deixa pra lá. Quer comer alguma coisa? Um cachorro quente... sei lá?

- Eu aceito um cachorro quente, Charlie, obrigada.

Ele saiu e voltou logo depois com dois cachorros quentes e dois refrigerantes. Comemos em silêncio, com apenas alguns comentários do Charlie de como o estádio estava cheio e como o jogo deveria ser bom hoje. Eu apenas concordei com a cabeça e sorri em alguns momentos.

A verdade era que eu estava nervosa. Era meu primeiro jogo de futebol americano depois de quatro anos e por mais que eu negasse, eu ainda sentia o cheiro da grama antiga, do suor dos meninos do time de Boston College, ainda ouvia os gritos desesperados do quarterback quando era para pegar uma bola ou passá-la para alguém. Eu lembrava de tudo...

Nem pareciam que quatro anos haviam se passado.

- O jogo vai começar - disse Charlie, se posicionando atrás de mim.

Liguei a câmera e me preparei para a entrada dos jogadores. Meu coração estava indo na boca, mas lutei contra a vontade de chorar e tentei agir como se aquilo não me afetasse nem um pouco.

A torcida de ambos os times começaram a gritar e fazer muito barulho. O time de Boston dava de dez a zero em qualquer uma, eles pareciam estar fora de si de tão animados.

Os jogadores começaram a aparecer no campo, cada um em um lado. Os jogadores do Boston estavam do lado esquerdo, em formação para esperar a sinalização para começar o jogo. A torcida parecia gritar ainda mais.

Dei zoom na câmera e comecei a fotografar os torcedores, principalmente os de Boston.

Voltei a câmera para os jogadores, primeiro para o time adversário e depois para o campeão, se não da partida de hoje, o moral.

Senti um frio na espinha a cada foto que eu tirava dos jogadores do Boston. A aproximação da câmera me trazia deja vu e eu não entendia porquê.

Até aquele momento. Até aquele milésimo de segundo onde eu finalmente vi, depois de quatro anos, seus cabelos loiros... pareciam como em um sonho. O sonho que eu tinha a anos e anos. Como se possível, eles pareciam ainda mais lindos.

Minha ficha demorou a cair e meu mundo pareceu parar de girar por um momento.

Puta merda, era mesmo ele.

Eu havia imaginado aquele momento diversas vezes, tantas que eu mal pude contar depois que todos os dedos dos pés e das mãos já haviam marcado o número necessário e provavelmente o número aceitável para alguém sonhar com o homem que já fora tudo para você.

Fora, era passado. Isso, Scarlet, passado. Por que eu não entendo isso? Por que isso não entra na minha cabeça? Eu e Ian destruímos um ao outro, nos machucamos mais vezes do que sou capaz de contar. Começou errado, terminou errado.

"Quando acaba mal, é porque não acabou ainda."
Por que merdas essa voz vinha na minha cabeça toda vez que eu pensava nele? Ou mais especificamente agora, o via.
Tento recuperar minha sanidade mental e focar a câmera de novo nos jogadores. Minhas mãos tremem, mas eu luto relutantemente contra a vontade de correr.

- Scar? - minha vontade de correr ficou mais forte e eu não queria tirar a câmera do rosto... era como se todos os meus sonhos mais loucos ganhassem vida, como se tudo que eu mais desejei internamente voltasse. O único homem que eu já amei estava na minha frente depois de 4 anos. E eu não queria olhá-lo. - Scar?

Quando ele me chamou de novo, da forma como só ele sabia, meu coração pulou como não pulava a anos e eu sabia que teria que encara-lo. Sabia também que os segredos, mentiras e dor voltariam. Será que eu estava preparada para aquilo? Será que eu queria aquilo? Não pensei antes de responder o nome que eu não falava à anos com medo da minha própria reação.
- Ian.

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