O início

296 27 19
                                    

SENTADO NUM BANCO COM UM PAPEL SOBRE UMA MESA DE MADEIRA MACIÇA, rascunhado até metade, Max tinha os fios de seus cabelos escuros iluminado pelos dourados raios de sol do pleno domingo ensolarado.
     O verde primavera de seus olhos caídos sobre as letras garranchudas que se moldavam nas curvas da caneta, destacavam-se na pele rosada com pequenas sardas.
     Os lábios corados enrijeciam com a pressão colocada na ponta da caneta quase rasgando a folha.
     Com o peso da mão e rigidez no olhar escrevia:
     "Não sei porque estou aqui, não sei porque vocês decidiram me abandonar, mas eu queria deixar claro que não estou feliz. Tudo o que eu queria era estar nos seus braços sendo acolhido como filho. Aqui eu não me sinto bem, não me sinto protegido, eu tenho medo, é como se me perseguissem onde quer que eu ..."
     Max foi tirado de sua concentração ao ouvir o chamado de Yasmim por seu nome. Ela se aproximava rapidamente o semicerrando com os cabelos longos e louros voando ao vento.
     — O que está fazendo Max?
     Max voltou fitar o papel em sua frente.
     — Nada.
     Dobrou o papel rapidamente para evitar que Yasmim curiasse o que nele havia escrito.
     — É mais uma carta para o seu pai e sua mãe? — perguntou curiosa.
     — Acho que não é da sua conta! — respondeu arrogante, levantando do banco.
     Max andou de volta para dentro do orfanato, Yasmim o seguiu.
     — Eles estão mortos, não irão ler.
     Max revirou os olhos e franziu os lábios com repulsa.
     Yasmim continuou:
     — Você sabe que não irão ler, Max.
     — E quem disse que estou escrevendo para eles sua intrometida? — gritou se virando de súbito assustando Yasmim — Você tem que perder essa mania chata de se intrometer onde não é da sua conta.
     — Eu...
     — Eu nada. Se meus pais estão mortos os seus também estão — afirmou apontando o dedo na cara de Yasmim deixando-a magoada.
     — Posso saber o que está havendo aqui? — perguntou Arthur encarando Max ao se aproximar do local conflituoso.
     Os olhos escuros de Arthur cerravam os de Max, de sobrancelhas baixas Arthur esperava uma explicação para tamanho desatino.
     — Não é da sua conta. — a alteração de Max foi aplacada.
     — Está falando manso por quê? Gritar com uma mulher é mais fácil e prazeroso?
     — Cuida da sua vida, inpetulante!
     — Não ouse gritar com Yasmim novamente. — ordenou com bravura.
     — Vai fazer o quê? — desafiou.
     Arthur fechou a mão em punho ameaçando agredir Max, mas seu movimento agressivo foi contido por Yasmim que o segurou pelo o pulso.
     — Não vale a pena Arthur. — disse Yasmim olhando para Max.
     Max e Arthur se encararam por um breve momento, o olhar de Max mirou Yasmim e logo em seguida se retirou, emburrado.
     — Max é muito revoltado.
     — Folgado demais para o meu gosto. — retrucou Arthur o acompanhando com o olhar.
     "— O que houve, Max? — perguntou Alyssa ao esbarrar com Max na entrada."
     — Nada. — respondeu seco sem a olhar.
     Alyssa mirou Arthur e Yasmim ao longe em meio Jardim.
     Caminhou até os mesmos que conversavam.
     — Alguém sabe explicar o motivo de Max está com tanta raiva? — perguntou Alyssa ansiosa por respostas.
     — Falta do que fazer. — disse Arthur cruzando os braços.
     — Ele está assim ultimamente. Também, faz quinze anos que estamos aqui, nossos pais morreram e nunca fomos adotados. A rejeição deve estar afetando o psicológico dele.
     Alyssa olhou para a porta de entrada.
     "Chateado, Max sentou na cama, jogando o papel de lado. Encarou o papel amarrotado por um longo momento, deitou-se apoiando a cabeça sobre os braços, fitando o teto."
     — Onde vocês estão? Eu não consigo acreditar que estejam mortos. Eu sinto que não estão.
     Virou de lado se encolhendo no colchão macio. Puxou a carta para perto de si, a abriu e com a mente relia o que havia escrito.
     Mudou a visão e suspirou profundamente fechando os olhos em seguida. Colocou a carta contra o peito a pressionando, apertando-a levemente.
     Lágrimas escorriam pelo canto dos olhos cerrados.
      — Eu vou encontrar vocês, não importa onde estejam... Eu vou encontrar. — disse decidido.
    
    

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora