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     "Sentada à mesa do refeitório, Esmeralda cutucava o macarrão com o garfo. Em seu rosto a preocupação.
     Hope olhou para Júlia buscando entender a expressão de Esmeralda e o que havia acontecido.
     Júlia enrolava o macarrão ao molho no garfo, concentrada, fingindo não estar atenta aos olhares em sua direção.
     Catarine e Yara se olharam.
     — Arrã. — pigarreou Luísa chamando a atenção de todas, menos a de Esmeralda — Quer conversar, Esmeralda?
     O pescoço de Esmeralda girou de lado ao virar o rosto para olhar para Luísa.
     — Só não estou bem. — reapondeu sem ânimo na voz
     — O que está sentindo?
     Os lábios de Esmeralda endureceram se cerrando.
     — Ela está com pressentimento ruim. — disse Júlia
     Catarine, Yara e Valentina se encararam tomando posse da mesma expressão de Esmeralda.
     — As crianças! — disseram juntas
     — Temos que sair logo daqui. Não posso mais deixar meu filho por aí. Preciso saber dele.
     — Camila não voltou mais para nos dar notícias. — lembrou Luísa
     — Sinal que ela não os encontrou. Ela mesma disse que só voltaria aqui quando fosse para nos dizer sobre as crianças. — assinalou Júlia
     Esmeralda apertou o garfo.
     — Tomara que não tenha acontecido nada com nossos filhos".
     "Perdidos na cidade, Max e os outros entraram na floresta para fugirem da possível perseguição.
     Vendo que Arthur não aguentava mais mancar, o sentou no chão apoiando-o numa árvore.
     Yasmin pegou uma garrafa com água a destampou e ajudou Arthur saciar sua sede dando-lhe água na boca.
     Os lábios já estavam brancos e sua pele pálida.
     — Precisamos levá-lo ao hospital. O estado dele está se agravando. — disse Yasmin tocando a testa de Arthur sentindo sua temperatura, a pele era ardente.
     — O ferimento dele precisa de curativos apropriados — falou Alyssa encarando a faixa ensopada de sangue envolta da coxa de Arthur.
     — Se o que ele falou tiver lógica, vão saber quem somos e saberão que ele está ferido. Então, obviamente, nos procurarão no hospital mais próximo.
     Max tirou uma bolsa esfarrapada das costas e de dentro tirou um kit de primeiros socorros.
     Entregou para Yasmin para que cuidasse do machucado do amigo. Sem demora Yasmin retirou cuidadosamente a faixa suja.
     Arthur cerrou os dentes com a dor agoniante.
     Com toques delicados e bastante cautelosos, Yasmin secou e limpou a ferida fazendo um novo curativo.
     — Eu quero que me prometam uma coisa. — sussurrou Arthur com a voz rouca, vendo que todos estavam atento completou: — Se eu não conseguir sobreviver, quero que quando encontrar meus pais digam que eu os amo. Que durante toda a minha vida sempre tive esperança de que um dia ia encontrá-los, mas como nada é como queremos terei de mandar esse recado...
     — Cale a boca. Você vai dizer isso pessoalmente. — falou Max interrompendo Arthur
     Yasmin levantou. Alyssa guardou o kit de volta na bolsa. Max ajudou Arthur a ficar de pé e prosseguir caminhando.
     Adentrando a mata, exaustos e com fome andavam sem rumo em busca de abrigo. Cortando os galhos das árvores e atravessando arbustos chegaram numa trilha. Sem pensarem onde poderia dar a seguiram.
     — Não vou aguentar.
     — Estamos quase lá. Aguente só mais um pouco.
     Terminado de percorrer a trilha, avistaram uma casa, pequena e vermelha, em meio a floresta.
     — Fiquem aqui. Vou dar uma olhada em volta da casa. — disse Max
     Yasmin e Alyssa seguraram Arthur.
     Atento aos arredores, Max observou se havia sinal de habitação na casa ou se havia movimentação na floresta. Com os batimentos acelerados, respirou fundo. Segurou a maçaneta. Fechou os olhos esquecendo por um segundo de respirar. Trêmulo a girou.
     Aos poucos abriu a porta que rangia. Em passos moderados e calculados entrava devagar na residência. O cheiro do ambiente era forte, o odor ardia quando sugado pelo o canal nasal. Não suportando o forte cheiro, Max tampou o nariz com a camisa.
     Havia móveis espalhados por toda parte, na casa havia sinais de luta, pois nas paredes havia inúmeras marcas de tiros. — uma invasão, talvez — Assimilou.
     Quanto mais Max adentrava a casa, mais se impressionava com as condições devastada das paredes e móveis. O lugar estava completamente abandonado e por muito tempo, melhor dizendo, anos.
     Se assustou ao avançar o passo e sentir algo quebrando debaixo do pé, causando estralo. Os olhos arregalaram ao notar que havia pisado em um osso humano. — O que havia acontecido ali? Quem morava na casa? Como e quando tudo aconteceu? — perguntas curiosas se formulavam na cabeça de Max.
     Paralisado, os olhos repletos de curiosidade e medo, passeavam pelo o ambiente empoeirado e em ruínas.
     Parou sua atenção ao notar que havia uma fotografia, envelhecida pelo tempo, jogada em meio aos escombros.
     Afastou uma cadeira velha em pedaços e pegou a foto coberta de pó. Tirou a sujeira que tampava os rostos. Os olhos de Max brilharam ao admirar-se com a imagem do jovem homem, cabelos negros e lisos, pele morena e sorriso amarelado, feliz ao lado de uma mulher bela de cabelos ruivos, também alegre.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora