"Três da manhã, sentados no chão da casa abandonada, Max vigiava Arthur enquanto Yasmin e Alyssa dormiam.
— Estou com sede.
Os lábios de Arthur estavam ressecados e sem cor. Pálpebras caídas e voz fraca.
Max pegou a garrafa com água e a deu pra Arthur beber.
Arthur amassava a garrafa ao esvaziá-la em segundos.
Suspirou recuperando o fôlego.
— Não acredito que sairei vivo dessa.
— "Tá" delirando.
O olhar de Arthur caiu sobre a garrafa.
— Onde conseguiu aquela arma?
Max estreitou o olhar.
— Não interessa. — respondeu seco
— Sim, interessa.
Max relaxou o corpo e respirou fundo antes de começar falar.
Olhando para Alyssa, falou:
— No orfanato conheci um garoto que um parente ia o visitar todos os finais de semana. Uma vez vi ele com uma arma, então perguntei onde ele tinha conseguido e ele contou que seu tio mexia com coisas erradas e o deu escondido. Diz ele que era pra segurança dele. Então pedi que ele pegasse uma pra mim que depois eu pagaria.
— E então ele caiu na sua lábia.
— Como vou pagar sem trabalho e vivendo num orfanato? Falei pro idiota que um parente meu ia me levar o dinheiro e eu daria a ele.
— Como aprendeu atirar?
— Não sabia. Aqueles foram meus primeiros tiros.
Arthur arfou.
— Ali era tudo ou nada. Ou matava aqueles homens ou morreria nós dois.
— Fico feliz por ter passado na aula de tiro.
Arthur ficou em silêncio decifrando o olhar fixado de Max para Alyssa.
— Gosta dela, não é?
Max sacudiu a cabeça.
— Ela é como uma irmã pra mim.
Arthur a mirou.
— Não é o que parece.
— O que sente por Yasmin?
O sorriso no rosto de Arthur foi solto.
— Sei lá. Acho que gosto dela.
— Acha?
Depois de um momento Arthur fitou o curativo. O sorriso logo desapareceu.
— Se eu não tivesse tanta certeza da minha morte, quando chegássemos na idade certa a pediria em casamento.
— Vocês nem namoram. — lembrou
Arthur olhou para Max. O canto da boca erguida num meio sorriso.
Entendendo o sorriso Max arfou, boquiaberto.
— Vocês...
— Preferimos manter em segredo.
— Como pôde?!
— Contar pra você era o mesmo de contar pra Alyssa.
— Eu não contaria.
— Você contaria.
— Contaria, mas pediria segredo.
Arthur tomou outro gole de água.
— Vocês namoram há quanto tempo?
— Dois anos e meio.
Max franziu o cenho.
— Por isso sempre ameaçou quebrar meus dentes quando eu gritava com ela. Eu, idiota, achando que era porque você queria ser o líder da turma.
— Sim. Embora, você também merecesse.
— Vocês ainda são virgens?
Arthur semicerrou Max.
— Desculpe a invasão de privacidade, mas é que vi um pacote de camisinha no seu bolso.
— Temos uma vida ativa como qualquer outro casal.
— Droga! — Max bateu o punho cerrado na palma da mão — Não acredito que somente eu continuo no ataque.
— Como assim?
— Alyssa é muito difícil. Uma vez levei um tapa na cara só porque falei que a bunda dela "tava" maior. Acredita?
Arthur engoliu o ar, sem acreditar nas declarações que ouvia.
— Você vai sair dessa. E quando estiver bem. Vai ser meu padrinho de casamento. Namora e perdeu a virgindade primeiro que eu, não vai casar na minha frente.
— Estou participando de uma competição e não fui avisado?
— Não estou competindo, apenas sendo justo.
Arthur ficou em silêncio apreciando a bela imagem de Yasmin deitada de lado, adormecida.
Percebeu que Max segurava um papel.
— O que é isso? — perguntou curioso
— Isso? — mostrou a fotografia — Achei perdida nos entulhos.
Arthur pegou a foto e observou o rosto do casal.
— Uma bela imagem.
— Gostei da moça. Muito linda.
— Realmente.
Prestes a devolver a foto Arthur chocou-se com a semelhança nos traços de Max e do jovem casal.
Extasiado, colocou a imagem do lado do rosto de Max.
Max enrugou as sobrancelhas, estranhando o comportamento de Arthur.
— O que está fazendo?
— Você se parece muito com eles.
Max tomou a foto da mão de Arthur, rompante.
— Para de falar asneiras.
Guardou a imagem no bolso.
— Se não te conhecesse diria que são seus pais.
Max fechou a cara, sem olhar para Arthur".
"Sentado no canto da parede de cabeça baixa, os cabelos negros e lisos já crescidos, tampava o rosto de Miguel.
— Toma.
O guardião de Miguel colocou por debaixo da grade da cela que o aprisionava, o prato com comida.
Miguel permaneceu cabisbaixo, ignorando o alimento.
— Onde está meu filho? — perguntou num tom quase inaudível
— Talvez morto.
Miguel levantou e correu para as grades pegando o guarda pela a camisa o prensando contra os ferros.
Com o olhar insano, falou:
— Avise ao sombra que se algo tiver acontecido com Maxswel e Valentina eu acabo com ele. E avise ao Marcos que ele irá pagar caro por ter se voltado contra a nossa família e ter colocado a vida do meu filho em perigo.
Severo, o guarda se soltou das mãos de Miguel.
— Não esqueça que não está em condições de fazer ameaças.
— Eu vou sair daqui e quando isso acontecer espero que tenha realizado todos os seus desejos.
Os dentes de Miguel se cerraram, os lábios cobertos pela a grande barba negra".
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VIDA BANDIDA A última bala Parte 3
ActionApós a prisão da família bandida, Max, Alyssa, Arthur, Yasmim, Camila e Miguel ficaram sem destino certo. Sobraram muitas pontas soltas que precisarão ser unidas e perguntas que precisa de respostas, uma delas, o que houve com as crianças? Onde está...