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     Com calafrios Arthur mancava se apoiando nos ombros de Max.
     — Para. Não aguento mais!
     Max levou Arthur até o banco próximo e o sentou.
     O suor de Arthur pingava de seu rosto. Seu corpo tremia.
     — Precisamos levar ele pro hospital. — falou Yasmin
     — Não tem hospital aqui perto.
     — Podem ir. — murmurou de cabeça baixa
     — Não vamos te deixar.
     — Irei ser apenas um peso pra vocês e creio que logo morrerei.
     — Não fale besteira, Arthur! — repreendeu Yasmin
     — Alguém vai saber da morte daquele caras, se é que estão mortos.
     — Deixe que saibam.
     — Vocês não entendem? — perguntou aos gritos — Não temos pais, não temos ninguém por nós... Se um deles não tiver morrido ou se forem de alguma facção virão atrás de nós... E com certeza, não vão deixar que saíamos com vida.
     Ficaram em silêncio por um instante digerindo a lógica de Arthur.
     — Vamos ficar juntos até o fim. — teimou Max
     Os olhos de Yasmin miraram o ferimento de Arthur. O sangue escorria como de uma torneira.
     — Se continuar perdendo tanto sangue vai piorar seu estado.
     Arthur tirou a camisa e a colocou em volta de sua perna estancando o sangramento. Trincou os dentes com a dor da pressão colocada.
     — Não podemos ficar parados aqui. Temos que continuar até acharmos um lugar pra ficar.
     Max segurou o braço de Arthur o colocando de pé novamente.
     Com dificuldade Arthur andava manco.
     "Dentro da cela, Esmeralda andava de um lado pro outro, angustiada.
     — Quer falar o que está acontecendo? — perguntou Júlia
     — Eu não sei, mas estou com um pressentimento muito ruim. Meu peito está apertado e não para de doer.
     Júlia estreitou as sobrancelhas tendo em sua mente a imagem de Arthur.
     — Será que aconteceu algo com meu filho? — nos olhos de Esmeralda estava estampada a aflição
     Júlia deixou a pergunta vagar por um momento
     — Não aconteceu nada. Está tudo bem. Talvez seja apenas preocupação já que não sabemos onde estão.
     Júlia abraçou Esmeralda tentando lhe passar calma".
     "— Arthur! — bradou Lobo entre as grades da cela fazendo com que seu desespero passasse pelas as outras celas e ecoasse por todo corredor
     — Calma, Lobo! — pediu Marcos
     — Eu não quero calma, quero o meu filho. — respondeu com as sobrancelhas franzidas e arrogância
     — Seu filho está bem.
     — Arthur não está bem, eu posso sentir. Meu instinto diz que minha "cria" está em perigo.
     Sentou na cama, angustiado.
     — Às vezes é apenas achismo.
     — Se sentisse algo ruim sobre seu filho veria como achismo?
     Marcos não respondeu.
     Lobo virou o rosto em direção para a cela de Gustavo. Com sua alta percepção reparou que seu irmão estava acordado e aparentemente inquieto.
     Levantou num átimo e em passos largos foi até a grade.
     — Gustavo!
     Gustavo teve a atenção roubada e sem hesitar se aproximou das grades.
     — Por que está acordado à essa hora?
     — Não estou muito bem. E você?
     — Digo o mesmo. O que você tem? 
     O silêncio foi a rápida resposta que Lobo obtera.
     — Estou com dor de cabeça. — mentiu
     Notando o blefe na voz de Gustavo, Lobo apertou com força o ferro em suas mãos.
     — Sentiu o mesmo que eu, não foi?
     Sem precisar de muito tempo para entender, Gustavo falou:
     — Não estou com um bom pressentimento.
     — Pai, eu estou com um aperto no peito — disse Marcos Marques da sua cela, fora da visão de Gustavo — Será que minha filha está segura ou é ansiedade pra sair logo daqui?
     — Não sei, filho.
     — Melhor todos irem dormir. — propôs Sombra, tranquilo, de olhos fechados, deitado na cama.
     — Cale a boca, maldito! — falou Gustavo
     Sombra sorriu.
     — Se alguma coisa acontecer com meu filho, desfiguração vai ser o seu menor problema — ameaçou Lobo, enfurecido
     Sombra permaneceu calado.
     — Concordo com Sombra. — disse Felipe sentado na cama, fitando as mãos. Márcio o encarou, sem entender.
     — Como é? — perguntou Márcio, surpreso
     — Ficarmos aqui discutindo pressentimento não vai resolver nada. Cada dia que passa aumenta ainda mais nossa ansiedade mexendo com nossas emoções. Colocar nossa energia pesada pra cima dos nossos filhos perdidos não vai resolver, pelo contrário, só vai atrapalhar.
     — Desde quando liga pra espiritualidade e forças energéticas, Felipe? — perguntou Lobo
     — Desde quando entrei aqui e vi que bater a cabeça na parede e me angustiar não nos tirará daqui.
     — Garoto esperto. — cochichou Sombra pra si mesmo
     — Conheço bem os meus sentidos e sei distinguir quando é ansiedade ou pressentimento de algo ruim — afirmou Lobo em debate — E posso afirmar que meu filho não está bem! E se quando eu sair daqui ele não estiver em perfeitas condições eu prometo... que eu te coloco numa estaca e dou seus olhos para os corvos comerem... Está me ouvindo, Sombra! — Balançou as grades com a voracidade de sua ira 
     Sombra ouvia as ameaças com frieza e quietude.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora