— Prestem atenção — olharam para Gustavo. Seus olhos oscilavam cada um que estavam ali. — Quero que peguem qualquer coisa que possam usar como arma. Objetos pontiagudos.
Um homem levantou.
— Acho que estão malucos. Querem mesmo lutar contra aqueles homens que estão lá fora?
— Tem outra alternativa?
O homem o encarou em silêncio.
— Aceitar nosso destino.
— Tem família?
Os olhos do homem se estreitaram.
— Sim.
— Então fugir e voltar para os braços de quem ama é a única alternativa.
Outro homem, um pouco mais velho, levantou se opondo.
— Vocês vai piorar ainda mais a nossa situação. Não tem como escapar desse lugar.
— Não tem como ficar pior que isso. — resmungou Lobo
— Ah, tem sim. — retrucou
— Então fique.
O homem fechou a cara.
— O melhor a fazerem é ficar quietos.
— Como eu disse. Fique.
Lobo andou até a parede e puxou uma ponta de madeira deslocada até conseguir arrancá-la.
Examinou a ponta da estaca.
— Está na hora. — avisou Gustavo
— Eu não vou participar desse suicídio. — O homem sentou no lugar de antes
Lobo deu de ombros com indiferença.
— Já consegui identificar quem é o mais louco do bando.
Lobo mirou o homem que o olhava.
— Talvez eu teste minha estaca na sua cabeça.
— Chega, Lobo. — repreendeu Gustavo
Lobo olhou para Gustavo de olhos estreitos.
Esconderam suas armas.
A porta abriu.
Felipe foi jogado de volta no celeiro, suas roupas estavam sujas de sangue.
Gustavo correu e abraçou Felipe.
Fecharam as portas.
— Era ela, pai! — afirmou soluçando
Escondeu o rosto no peito de Gustavo.
Gustavo fechou os olhos sentindo a dor do filho.
— Nós vamos fazê-los pagar.
— Eles vão pagar caro pelo o que fizeram com a minha filha.
Pedro baixou a cabeça. Lágrimas pingavam no chão.
— Mas como pode ser ela? Já faz 15 anos que não os vemos. — perguntou Marcos
Felipe soltou Gustavo.
— Ela tinha uma marca de nascença igual a de Yara.
— Isso não quer dizer que seja ela. Pode ser apenas uma coincidência. — Lobo tentou confortá-lo
— Seria coincidência demais ela ter os cabelos louros, pele clara e uma marca igual de Yara.
Não houve resposta.
— Yara vai enlouquecer quando souber. — sussurrou Pedro
Os olhos vermelhos de Felipe o olhou.
— Não quero que a diga nada.
— Ela tem todo o direito de saber.
— Sim. Quando tudo tiver acabado eu mesmo a direi.
— Isso se ela estiver viva, já que não foi capaz de proteger sua própria filha.
As palavras de Pedro eram repletas de revolta.
Felipe fechou a mão em punho.
Gustavo tomou a estaca da mão de Lobo. Andou em direção de Pedro.
Pedro estremeceu com a aproximidade brusca de Gustavo.
Pôs a ponta da estaca no pescoço de Pedro inclinando um pouco a cabeça dele para trás. Sua mão tremia controlando a raiva.
— Culpe meu filho de novo e esqueço toda nossa trajetória até aqui e minha consideração por Camila e Yara.
Pedro engoliu seco.
— Por que não faz melhor? Enfia esta estaca no próprio peito e se mata. Assim os problemas da família acaba de uma vez por todas. — Gustavo pressionou mais fundo a ponta da estaca. Pedro fechou os olhos com a dor. — Não percebe, Gustavo? Você é o núcleo. Tudo se resume em você. Se não fosse por você eu não tinha perdido minha família. Minha neta agora estaria viva. César não tinha perdido a Valéria. Marcos e Miguel não teriam perdido Sophia. Marcos não teria sido sequestrado junto a sua esposa e filha. — trincou os dentes e enrugou os olhos fechados numa careta de dor.
— Se tudo isso está acontecendo é porque além de eu atrair inimigos eu tomos as dores de alguns deles. É porque meto minha vida na linha de tiro para salvar outra. É porque não deixo um trabalho inacabado. E só para constar — pressionou ainda mais. Sangue escorreu pela madeira chegando na mão de Gustavo — Quando tudo isso acabar, quero você longe de tudo que é meu.
Soltou a mão libertando Pedro.
Pedro respirou aliviado, pressionou o pequeno ferimento.
Gustavo se virou para os outros.
— Quero todos prontos. Quando chegar o momento não quero que tenham piedade. — olhou para Pedro por cima do ombro — Inimigos a gente extermina como baratas.
Gustavo parou de falar e girou o pescoço para a porta. Ela se abriu e outro homem foi lançado para dentro aos tropeços.
Sua face estava escondida pelo capuz do longo casaco claro e sórdido.
O olharam em silêncio. Esperaram que levantasse a cabeça e se mostrasse.
Aos poucos, sem movimentos bruscos levantou o capuz se mostrando.
Foram pegos de surpreso.
— Oi. Gustavo. — disse Miguel
VOCÊ ESTÁ LENDO
VIDA BANDIDA A última bala Parte 3
ActionApós a prisão da família bandida, Max, Alyssa, Arthur, Yasmim, Camila e Miguel ficaram sem destino certo. Sobraram muitas pontas soltas que precisarão ser unidas e perguntas que precisa de respostas, uma delas, o que houve com as crianças? Onde está...