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     "Miguel encarava as próprias mãos enquanto a noite se arrastava. Max e Alyssa dormiam.
     Nos pensamentos lampejos de Valentina.
     Bam, bam — um punho bateu na porta
     Foi arrancando e trazido ao presente. Encarou a porta por alguns segundos até decidir abri-la.
     Levantou e pegou de cima do móvel a esquerda do lado da poltrona o revólver que arrancou de Max no hospital.
     Girou a maçaneta com cautela, escondeu a arma atrás de seu corpo já engatilhada.
     Os olhos de Miguel arregalaram, a pele de morena ficou pálida leitoso. Os lábios descolaram, mas as palavras estavam presas no nó na garganta.
     — Miguel?  — disse Júlia com espanto
     — Júlia? — disse por fim
     Júlia desgrudou os pés do chão e abraçou Miguel com firmeza. Fechou  os olhos e respirou aliviada. Miguel retribuiu o afago com a mesma intensidade.
     Se soltaram depois de um tempo.
     — Você não estava na prisão? — perguntou ainda surpreso
     — Sim, mas conseguimos fugir — Júlia analisou os trajes largos e sórdidos de Miguel — Onde estava?
     — Fui capturado por Sombra, mas consegui escapar. 
     — Há quanto tempo ficou preso?
     — 15 anos.
     As sobrancelhas de Júlia caíram fazendo sombra sobre os olhos fundos.
     — Tem notícias das crianças?
     Miguel arfou para falar, mas fechou a boca ao ouvir a voz macia de Valentina soar pela varanda da simples pousada.
     — Júlia! Está tudo bem?
     O olhar ansioso de Miguel encontrou o de Valentina. Abismada, Valentina o encarou paralisada.
     Miguel partiu disparado até Valentina deixando Júlia parada frente à porta aberta do quarto.
     Abraçou Valentina a prendendo entre os fortes e calorosos braços.
     — Não acredito que está aqui! — falou Miguel com o rosto enterrado no pescoço de Valentina
     Valentina o abraçou com força entre soluços.
     — Miguel! — gemeu
     Miguel entrelaçava os dedos nos cabelos ruivo dourado.
     — Senti tanto sua falta, meu amor!
     Valentina beijou o ombro de Miguel e se afastou em seguida.
     — Maxswel...
     Valentina foi interrompida.
     — Estou com nosso filho. Ele está bem. — falou segurando o rosto dela
     Segurou as mãos quentes grudadas nas maçãs de seu rosto.
     — Quero vê-lo.
     Miguel sorriu. A segurou pela mão e a arrastou pelo o corredor até o quarto.
     Valentina tapou a boca contendo a emoção. Lágrimas pingavam tocando o chão, admirada com Max desacordado.
     Miguel colocou as mãos sobre seus ombros por trás.
     Valentina virou a cabeça para olhá-lo
     — Ele está...
     — Enorme. — completou
     Voltou a olhar para Max.
     Em passos lentos e minuciosos se aproximou da cama. Fungou. Trêmula levou a mão de encontro aos cabelos desmaiados de lado.
     Afagou suavemente os fios escuros.
     Sentindo o toque das mãos o percorrendo, Max franziu a testa e olhos os abrindo rapidamente. Inexpressivo encarou Valentina, por um longo tempo sem reação.
     — Mãe? — perguntou ainda imóvel
     Valentina assentiu sem fala.
     Max sentou depressa e a abraçou.
     Alyssa já sentava do lado da cama, pega de surpresa.
     Valentina e Max se sufocavam nos abraços intermináveis.
     — Cadê minha filha? — Catarine entrou no quarto subitamente, desesperada — Alyssa? — os olhos paralisaram na menina
     — Mãe! — gritou Alyssa saltando da cama
     Correram de encontro a outra. Cairam de joelhos entrelaçadas no abraço apertado, debulhando-se em lágrimas.
     Catarine afagou os cabelos de Alyssa.
     — Esperei tanto por esse momento, minha Alyssa!
     — Eu também, mamãe!
     Yara entrou no quarto quase derrubando a porta entreaberta. Procurou Yasmin pelo quarto com o olhar, parou em Miguel no final.
     — Cadê Yasmin? — perguntou com o rosto aflito
     Miguel estreitou as sobrancelhas e baixou a cabeça em seguida.
     — Cadê minha filha, Miguel? — Yara já gritava
     Miguel ergueu o olhar coberto por lágrimas. Fungou com os lábios numa linha reta.
     Yara esperou, impaciente.
     — Yasmin foi sequestrada por uma família de fazendeiros. — avisou com pesar
     Yara puxou a respiração como se lhe faltasse o ar. Com a mão lançada sobre o peito, sentia que estava prestes a gritar.
     Luísa segurou Yara a sentou na poltrona.
     — Respira, Yara. — pediu
     Yara encarou o nada com o olhar vazio. A face estava rubra. Naufragou nas salgadas águas de seus olhos.
     Tentava falar, mas a voz não saía.
     Luísa segurou com as duas mãos o rosto de Yara. Encarou os olhos dela até que ela a fitasse.
     — Presta atenção... Nós vamos salvar sua filha. Nós vamos salvar Yasmin de quem quer que seja.
     Yara franziu os lábios e sem nada a dizer abraçou Luísa, angustiada.
     Luísa fechou os olhos sentindo as lágrimas de Yara tocarem seu ombro.
     Hope abraçou Yara por trás de Luísa a reconfortando.
     Miguel cercou Valentina e Max os abraçando.
       

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora