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     Miguel virou a curva para o Oeste entrando numa estrada de terra, fazendo um caminho diferente da pousada.
     — Aonde estamos indo? — perguntou Esmeralda sem entender
     — Não podíamos ficar na pousada depois de saber que os rostos de vocês estão estampados em todos os lugares.
     Esmeralda relaxou a cabeça no banco. Suspirou de olhos fechados.
     Parou o carro em frente uma casa distante do asfalto. Desligou o motor.
     Esmeralda destravou a porta do carro e desceu. A bateu quando a fechou ao descer.
     Luísa, Júlia e Valentina se colocaram na linha de frente ao verem a porta se abrindo.
     Relaxaram, aliviadas quando Esmeralda e Miguel entraram.
     — Como está Arthur? — perguntou Luísa, ansiosa
     — Está estável. Provavelmente terá alta ainda hoje.
     — Vou buscar ele. — jurou Miguel
Esmeralda assentiu, grata. Notou que não havia sinal de Alyssa e Max pela casa.
     — Cadê as crianças?
     Se virou novamente para Miguel quando o ouviu arfar.
     — Estão na pousada.
     A visão se alternava entre Miguel e Valentina. Luisa e Júlia ja tinham deixado a sala.
     — Achamos que seria melhor deixá-las na pousada junto com Miguel. Precisamos manter distância... pelo menos por enquanto.
     — Não é bom sermos vistos com vocês... Não enquanto estão famosas.
     Valentina revirou os olhos com a piada sem graça de Miguel.
     Miguel deu um meio sorriso.
     — Até lá faremos o quê?
     — Até a poeira abaixar vocês ficarão aqui. Eu cuido de Alyssa, Max e Arthur. Também irei vigiar a área para garantir que estão seguras. E enquanto eu fico de babá para todas vocês... Também vou aproveitar para pensar numa maneira de resgatar Yasmin.
     Esmeralda sentou no pequeno sofá de dois lugares que mais poderia ser denominada como poltrona.
     — Se achassemos os meninos tudo ficaria mais fácil.
     — Pelo contrário. Tudo ficaria mais difícil — explicou — Cada um separado, temos mais visão sobre tudo e não temos tanta preocupação acumulada. Podemos nos mover para nos achar com mais precisão.
     — Lobo, Gustavo, Guilherme e os outros não deixariam se levar pela emoção. — objetou
     — Aí que você se engana. Está tudo se tornando um caos. Gustavo e Lobo são fortes e inteligentes, mas não contra suas próprias emoções. Como de início Gustavo é o cabeça... está sempre pensando por todos e bolando estratégias de sobrevivência, vingança e resgate. Mas Lobo... Não é tão perspicaz o quanto.
     "Ele é um segundo Gustavo, mas ao saber que Arthur foi quase morto ele perderia total noção de tempo e espaço e iria atrás de quem o feriu. Porque ele é assim, quando seu sangue está quente seu raciocínio para de funcionar. Então, cresceria ainda mais a bola de neve e sairia do controle de Gustavo."
     — Ainda sim, tem os outros. — ressaltou Luísa escutando a conversa encostada na porta da cozinha
     — Sim. Mas Guilherme, Marcos, César, meu pai e principalmente Felipe, não seriam capazes de manter a situação controlada na mesma medida que Gustavo. E muito menos lhe dar com a raiva incontrolável de Lobo.
     — Gustavo é inteligente, mas não subestime os outros. — Júlia apareceu, entrando de repente no assunto
     — Não subestimo. Apenas tenho como referência pelo o que vem acontecendo a anos e deduzo que com a ausência de Gustavo tudo só piora. Aliás, foi ele o criador da família bandida.
     Esmeralda se pôs de pé.
     — Não acho que seja coerente exaltar Gustavo ao nível máximo na hierarquia.
     Luísa manteve a postura ereta em defesa do marido.
     — A discussão agora é o nível em que Gustavo está?
     Luísa e Esmeralda se encararam.
     — Meninas — Miguel deu alguns passos ficando no campo de visão entre as duas — Não é hora para discutir qual entre eles é mais ou menos. Sejam racionais! Para explicar melhor, quero dizer que: entre todos Gustavo, por ser o fundador, está sempre mais atento e preparado para qualquer decisão. Sempre se mantém frio quando precisa tomar alguma decisão, cujo, a errada possa acabar com toda a família.
     Esmeralda sentou novamente.
     — Não estou dizendo que Lobo, Guilherme e os demais são inferiores... Mas os únicos que chegam a ter mais calma nesses momentos difíceis é César e Marcos Pimentel. Lobo, Guilherme e Felipe são mais instintivos. Marcos e Márcio são café com leite.
     — Para mim não importa quem é fundador, inferior; apenas quero salvá-los de onde quer que estejam.
     — Este é o nosso objetivo. — disse Miguel
     — Você disse que há um fazendeiro.
     Miguel assentiu.
     — Sim. Por quê?
     Júlia descruzou os braços.
     — Tenho uma idéia.
     Miguel esperou que ela continuasse.
     Júlia desgrudou da soleira.
     — E se ao escaparem eles acharam essa fazenda? Se sequestraram Yasmin com certeza são psicopatas ou algo do gênero. Se Felipe ao menos sonhar que estão com sua filha a guerra será tensa; porque não irão descansar até que tenham acabado com cada membro dessa família insana.
     Luísa, Esmeralda e Miguel se entreolharam.
     — Temos que dar um jeito de entrar lá e salvar todos.
     — E como vamos fazer isso? — perguntou Miguel tentando entender a lógica de Júlia
     Júlia uniu as sobrancelhas com os lábios tensos numa linha reta.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora