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     Carros trafegavam sentidos contrários pela as ruas de Houston. A tampa do bueiro levantou. Os olhos de Felipe observou a movimentação.
     Abriu por completa e subiu para a superfície. Lobo e Gustavo saíram em seguida, sem acreditar que estavam livres depois de anos trancados .
     — Ha, ha! — gargalhou Lobo eufórico.
     Felipe encarou os prédios a sua volta. Os olhos brilhavam quase na mesma intensidade que o sol.
     — Estou livre! — murmurou Gustavo extasiado
    Márcio abraçou César comemorando.
     — Chegou a hora de encontrar nossa família — Marcos Marques tocou o ombro de Felipe
     Sem o olhar lágrimas caíram.
     — Eu vou te encontrar, filha!
     Felipe se virou para todos.
     — Vamos. Nossas famílias nos esperam.
     Gustavo, Guilherme, Lobo e César assentiram.
     Lobo sacudia a camisa no alto em círculos enquanto corria, gritando de alegria.
     — Liberdade cantou!
Correram juntos para longe da área da prisão."
     "—... sua mãe é muito linda. — disse Miguel a Max enquanto andavam pela floresta
     — Quer dizer que ela tem sardas como eu?
     — As sardas mais bonitas do mundo. Fique lisonjeado por ter as herdado.
Max sorriu.
     — Pai. Depois que buscarmos as meninas iremos deixá-las num lugar seguro e iremos salvar minha mãe. Não vamos deixar que ela fique mais tempo presa.
     — Não é assim.
     — Ela deve estar sofrendo naquele lugar.
     — Sei que está. Mas tirá-la da prisão não será fácil.
     — Pelo o que me falou sobre minha família se meu avô...
     — Você não tem avô — interrompeu com rigidez
     Max encarou Miguel.
     — Não considere um traidor sua família.
     — Pelo o que entendi ele sempre ajudou.
     — Pra no fim mostrar quem é de verdade e o que preza.
    — Com certeza ele teve seus motivos.
     Miguel olhou para Max. Ele semicerrava a paisagem verde de cara amarrada.
     Saindo da floresta Miguel se chocou com a imagem da casa onde morava com Fátima, destruída pelo tempo.
     As ruínas era o que restara.
     — Pai?
     Não respondeu.
     Depois de tantos anos aprisionado por Sombra, reconhecia o caminho percorrido junto a Max, mas não imaginava que a casa citada era onde vivera maior parte de sua vida.
     O peito pesou. A garganta parecia inchada. Havia dificuldade para respirar.
     Trincou os dentes reprimindo as lágrimas que transbordavam nos olhos.
     "Os gritos desesperados ao ver Fátima sendo fuzilada pelo os capangas de Sombra retrocediam nas lembranças."
     — Pai?
     Miguel olhou para o olhar confuso de Max.
     — Por que está assim?
     Miguel voltou a atenção para a casa.
     — Aqui era onde eu morava com sua avó Fátima.
     Max virou a cabeça em direção a residência.
     — Ver ela neste estado me dói muito. Grande parte de mim também se destruiu.
     A tristeza era perceptível nas palavras de Miguel.
     — Sinto muito! — falou baixinho, baixando a cabeça
     Miguel enxugou os olhos. Bagunçou os cabelos de Max o reanimando.
     — Vamos buscar sua namorada e a namorada do seu amigo.
     Max deu um sorriso falhado. Andou até a porta.
     Sem se mover Miguel encarava a casa com tristeza.
     — Yasmin? Alyssa? — chamou abrindo a porta com cautela
     Barulho de arrastamento ecoava do quarto.
     Max adentrou com cuidado.
     Alyssa surgiu com o rosto inchado, com o pé pendurado sem tocá-lo no chão.
     — Alyssa! — na voz o espanto
Max abraçou Alyssa.
     — Levaram ela! Levaram Yasmin! — disse em prantos
     Max fechou os olhos por alguns segundos.
     — Cadê Yasmin? — perguntou Miguel
     Se soltaram.
     — A levaram. — falou Max
     Max encarou o nada.
     — Eu vou resgatá-la.
     — Você não vai a lugar algum.
     — Não posso deixar que matem ela.
     — Já disse... você não irá a lugar algum.
     Max se virou para Miguel em câmera lenta.
     — Eu não vou deixar que machuquem ela.
     — Não vão. Vamos para o hospital e então verei o que posso fazer pra salvá-la.
     — Eu quero ajudar. — disse Alyssa
     — Você está machucada.
     — Yasmim é minha amiga.
     — Não vai ajudar em nada se estiver morta ou presa — lembrou-lhe.
     Miguel pegou Alyssa no colo.
     — Vamos para o hospital. Deixem que eu a busco.
     Saíram da casa.
     De volta para o hospital, Miguel pensava em como iria resolver um problema tão grande e sozinho. Mas ajudar a filha de Felipe era o mínimo que poderia fazer por Gustavo. Mesmo ocultando a verdade sobre Maxswel, ele se propôs a ajudar tirando-o da prisão.
     Mas como salvar Yasmin e proteger Max, Arthur e Alyssa ao mesmo tempo?

     No hospital, Miguel fitava o chão encerado, esperando Alyssa terminar de ser atendida.
     — Pai. Não se preocupe... cuidarei de Arthur e Alyssa.
     Miguel sorriu.
     — Você é um grande homem.
     Puxou Max para perto e o abraçou. Se ajeitou no afago. Beijou o alto de sua testa."
     "— Papai está chegando, Arthur!
     — Mal posso ver Alyssa e Catarine!
     — Não vejo a hora de tomar um longo banho quente. — disse Gustavo
     — Vou contar pra mamãe que preferiu primeiro o banho em vez dela — ameaçou Felipe
     — Não disse que era sozinho.
     Gustavo deu uma cotovelada de leve no braço de Felipe o desequilibrando suavemente.
     — Estou muito ansioso para ver Hope e Júlia. — disse Guilherme
     — Eu também — concordou Márcio
     Guilherme o encarou com cara feia
     — Mas só a Hope. Com todo respeito.
     — Deveria usar fralda, moleque! — zombou Lobo passando por Márcio sem o olhar
     Márcio uniu as sobrancelhas, insatisfeito com a piada.
     — Yara e Camila devem estar lindas.
     Pedro andava alguns passos afastado dos outros.
     Lobo parou de andar se virando para Pedro.
     — "Pra" começo de conversa... o que você está fazendo aqui? — perguntou rompante
     — Agora não, Lobo. — pediu César
     — Agora sim, César. Não sei que mania é essa do Gustavo de ajudar traidores. Por mim esse verme e Marcos apodreceriam na cadeia.
     Gustavo observava o discurso de Lobo e sua indignação.
     — Eu fiz o que fiz pra proteger minha família.
Lobo revirou os olhos, intediado.
     — Garanto que faria o mesmo.
     Pedro foi surpreendido com um soco no rosto.
     — Você não sabe o que eu faria! — bradou Lobo apontando o dedo para Pedro — Eu jamais colocaria a vida da minha família e amigos em perigo!
     — Quero ver pensar assim vendo a cabeça do seu filho e da sua esposa na mira de armas!
     Lobo puxou Pedro pela camisa com brutalidade, o encarou.
     — O que aprendi é... não importa quantas cabeças role... quando se é leal a primeira cabeça rolar é a sua. Então não importa quantas armas estarão apontadas para minha família, estarei de peito aberto para receber cada bala no lugar de cada um. Porque é para isso que a família serve.
     Pedro ficou calado.
     Corroído pela raiva, Lobo soltou Pedro com dureza e se afastou, esbarrando bruscamente em Gustavo.
     Gustavo mirou Lobo sem reação permanecendo em silêncio.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora