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     De cabeça baixa na sala de espera Max se preocupava em como estava indo a cirurgia de Arthur. Do outro lado da sala Yasmin abraçava Alyssa com medo do que poderia acontecer.
     — Estão com fome? — perguntou o senhor a Max, complacente
     Max ergueu o olhar
     — Não. Obrigado.
     — Comeram hoje?
     — Sim.
     — Se precisarem de algo é só me avisar.
     — O senhor já fez o bastante trazendo meu amigo pra cá. Obrigado.
     O senhor sorriu brevemente.
     — Por que será que acho esse velho tão estranho? — Alyssa observava o idoso, minuciosamente
     — Porque nunca o viu.
     — Sei lá. Tem algo nele que não me agrada.
     — A idade?
     — Não. Mas tem algo muito estranho com ele ou pode ser apenas coisa da minha cabeça.
     Yasmin encarou o senhor prestando atenção nos trajes de fazendeiro.
     — Como ele levou o tiro?
     — Ele se meteu em uma confusão.
     — Teve sorte de ter sido atingido apenas com um tiro na perna.
     Max ficou em silêncio.
     O senhor mexeu no chapéu, passandos os polegares pelo couro escuro.
     — Então quer dizer que vocês não tem pais? — tentou prolongar o assunto
     — Não.
     — Moravam com algum parente?
     Max suspirou incomodado com tantas interrogações.
     — O que quer saber?
     — Como assim? — deu de ombros
     — Com tantas perguntas é porque quer chegar em algum lugar. O que é?
     — Apenas quero entender o porquê de estarem vagando sozinhos e correndo perigo.
     — Respondi na caminhonete.
     — Desculpe se estou incomodando.
     — Não é que está incomodando, mas quero saber o porquê de tanto interesse sobre nós e, inclusive, nossos pais.
     — Porque seria muita irresponsabilidade deixar quatro crianças andando por aí.
     Max levantou.
     — Vou beber água.
     Saiu deixando o senhor sozinho. Avisou as meninas de onde estaria indo e caminhou pelo o longo corredor procurando por um bebedouro.
     Cismado com o interesse persistente do velho, tentava chegar a alguma conclusão.
     Virou o corredor percebendo haver um bebedouro no final.
     Saciando sua sede bebia água abundantemente.
     Satisfeito voltou para a sala de espera.
     Parou em frente à porta aberta de um quarto. Uniu as sobrancelhas estranhando o paciente que o enfermeiro atendia. Arregalou os olhos ao reconhecer que ele era um dos homens atingidos no beco.
     Apressurado andou até às meninas.
     — Temos que ir — disse Max puxando Alyssa e Yasmin pelo o braço levando-as para a saída
     — E o Arthur? — perguntou Yasmin, sem entender
     — Calem a boca.
     — Onde estão indo?
     O senhor esbarrou os adolescentes.
     — Comprar algo pra comer.
     — Vou com vocês.
     — Não precisa.
     — Não irei deixá-los sair sozinhos tão tarde.
     — Já disse que não precisa. Obrigado.
     Max passou pelo o velho junto às meninas.
     — Por que tratou o senhor daquela maneira? — perguntou Yasmin
     — Naquele hospital está um dos caras que atirei no beco.
     Os olhos de Alyssa e Yasmin arregalaram-se, assustados.
     — Temos que tirar Arthur de lá.
     — Sim, mas vocês vão ficar longe daqui. Darei um jeito.
     — Ele vai te pegar. — alertou Alyssa
     — Só se eu deixar.
     — O que vamos fazer?
     — Procurem um posto de gasolina, farmácia, qualquer lugar 24hrs. Depois darei um jeito de achar vocês.
     — Vamos para a casa abandonada.
     — Pode ser, mas tomem cuidado no caminho. Quanto puder irei encontrar vocês junto a Arthur. — prometeu
     — Estou com medo! — assumiu Alyssa
     Max segurou sua mão a apertando suavemente.
     — Não tenha. Você é forte e consegue.
     Alyssa deu um breve sorriso.
     — Vamos. O dia está amanhecendo.
     Yasmin pegou na mão de Alyssa a conduzindo a estrada.
     Max voltou correndo de volta para o hospital.
     Percebeu que o senhor não estava mais na sala de espera.
     Para não ser reconhecido pelo o homem andou pelo o hospital procurando um lugar que pudesse ficar escondido até obter notícias de Arthur.
     Virando o corredor a sua direita esbarrou num homem gordo. Ampliando a atenção viu que se tratava do velho senhor.
     — Cadê as meninas?
     — Não te interessa.
     — Não deveria tratar assim que acabou de ajudá-lo.
     — Falo como eu quiser.
     O semblante amigável do homem repentinamente deu espaço para a carranca.
     Pegou Max pelo o braço o apertando.
     — Como um órfão poderia ter bons modos, não é mesmo?
     — Me solta! — puxou o braço tentando se soltar
     — Você e seus amigos vão comigo. Acha que vai sair ileso do que fizeram com meus filhos?
     A respiração de Max pesou e o sangue escorreu de seu rosto.
     Max arfou.
     — Se gritar te mato aqui mesmo.
     De repente arrepios na espinha dominava Max.
     — Eu atirei neles, então me mate e deixe meus amigos em paz.
     O senhor riu.
     — Não sou eu que vou te matar. Meu filho quer muito ter esse privilégio.
     Max encarou o velho com espanto no olhar, paralisado pelo o pânico.
     Subitamente o olhar de Max cruzou com o do homem que por eles passava, mancando com as roupas sórdidas de sangue e rosto ferido.
     A brisa invadiu o corredor sacudindo os cabelos negros e finos de ambos.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora