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     Cansados de correr pelas as ruas movimentadas da cidade, pararam para descansar em frente uma lanchonete. Yasmin olhou para a barriga ao ouvi-la roncar.
     — Precisamos nos alimentar — disse Arthur
     Max mirou o vidro transparente.
     Desconfiado, andando calmamente entre as mesas, Arthur se aproximou do balcão.
     — Bom dia. Não quero incomodar, mas...
     — Não temos esmola.
     Arthur estreitou as sobrancelhas ao ser interrompido com rispidez pelo o balconista que limpava o balcão com o pano.
     — Moço...
     — Eu conheço moleques como você, ajudamos uma vez e começam a vir todos os dias.
     Não aceitando a humilhação Arthur trincou os dentes e bufou.
     — Pegue sua esmola e enfie no rabo!
     Os olhos do balconista arregalaram.
     Ágil e cauteloso, Max tirava a carteira do bolso lateral da camisa de um senhor entretido com o noticiário no jornal em suas mãos cobrindo o rosto.
     Conseguindo concluir o furto despercebido colocou a carteira no bolso da calça rapidamente.
     Andou em passos largos em direção a saída ao ver Arthur saindo zangado do estabelecimento.
     — O que aconteceu? — perguntou Max sem entender.
     — Nada. — respondeu seco
     — Não é de se esperar menos de um "zé ninguém". — murmurou o balconista ainda fazendo a limpeza.
     Podendo ouvir o murmúrio Arthur parou na porta e olhou para trás por cima do ombro.
     — Vamos embora, Arthur. — Max segurou em seu ombro
     Arthur virou, voltando para o balcão.
     — Quem você chamou de "zé ninguém"?
     O balconista parou a higienização encarando Arthur sem mostrar intimidação.
     — Vai fazer o quê?
     — Você sabe quem sou?
     O balconista deu de ombros.
     Arthur subiu em cima de uma mesa vazia e gritou:
     — Não é porque estou com trajes simples que eu não possa ser alguém. Não é porque estou com os bolsos vazios que eu não possa ter uma boa condição. Não é porque não estou acompanhado de um adulto que eu não possa ter bons pais. — encarou o balconista que o ouvia com atenção — Sabe de quem sou filho? Eu sou filho de um dos caras mais "foda" que você jamais vai conhecer. A minha família é uma família que ninguém jamais saberá onde há outra igual. E saiba que se eu falar para o meu pai que você me insultou pode ter certeza que não sobrará nada desse lugar! — desceu e andou até o atendente e sussurrou: — E pode ter certeza que junto a está lanchonete não sobrará nada de você.
     Assustado com o olhar de Arthur, o balconista engoliu a seco.
     Sorridentes, Max e Arthur empurraram a porta da lanchonete e saíram com duas grandes sacolas nos braços cheias com lanches e cafés.
     — Como conseguiu fazer aquilo? — perguntou Max de boa cheia
     — Uma coisa que não admito é que me insultem gratuitamente.
     — E se chamassem seu pai?
     — Não iam.
     — Como tem tanta certeza?
     — Antes de tentar se aproveitar de alguém saiba que tipo de pessoa ela é. Não foi difícil saber que aquele balconista não passa de um "bunda mole".
     Max elevou a sobrancelha desacreditado da astúcia de Arthur.
     Numa esquina Yasmin e Alyssa esperavam por Arthur e Max.
     — Como conseguiram tanta comida? — os olhos de Alyssa miraram as sacolas
     — Sempre conseguimos dar um jeito. — Max mordeu a rosquinha
     — Estou morrendo de fome! — falou Yasmin fazendo cara de dor enquanto alisava a barriga  
     Delicado, Arthur a entregou uma sacola
     Os olhos de Yasmin caíram na sacola quase transbordando de alimento
     Pegou uma rosquinha de chocolate.
     — Pegue. Essa sacola é sua.
     — É muito.
     — Comprei pra você.
     Com o rosto corado Yasmin recebeu a sacola, receosa.
     — Como são meninas, vamos passar numa farmácia para comprar o que precisarem.    
     — De onde tiraram dinheiro? — perguntou ela
     — Querem se produzir ou não? — perguntou Max
     Entraram numa farmácia próxima e atenciosos aos produtos vagavam pelo o corredor de cosméticos.
     Yasmin e Alyssa pegaram absorventes os pondo dentro da cesta de compras.
      Arthur parou de frente à uma prateleira de camisinhas. Olhou para um lado e outro, sem que ninguém percebesse pegou um pacote.
     Foram ao caixa e pagaram as compras. Arthur deixou que Max, Alyssa e Yasmin saíssem na frente. Pegou o pacote de camisinha e sorriu, sem graça, para a atendente a entregando o dinheiro.
     — Por que demorou? — perguntou Yasmin a Arthur
     — Estava em dúvida se comprava alguma coisa pra mim. — mentiu
     — Cara, eu vi umas camisas legais, podíamos comprar. — sugeriu Max
     — Não. Vamos economizar. Não sabemos para onde vamos e nem por quanto tempo iremos ficar na rua.
     — Temos que achar um lugar logo.
     — Concordo.
     Andando sem rumo, um grupo de skatistas conversando entre si se aproximavam.
     Arthur segurou na mão de Yasmin e Max de Alyssa.
     — Por que isso? — perguntou Yasmin observamos as mãos entrelaçadas
     — Estou por sua conta. O que lhe acontecer será minha responsabilidade.
     — Não estou vendo perigo nesse momento.
     — O perigo é constante e está em todo lugar.
     — Poderia me soltar? — pediu Alyssa tentando soltar-se de Max
     — Fica quieta. — a segurou com firmeza
     Alyssa fechou a cara e bufou irritada.
     O grupo se aproximou. Olhares para as meninas foram inevitáveis. Arthur e Max encarou os rapazes, carrancudos.
     Se encararam enquanto os caminhos se cruzavam. Arthur e Max olharam para trás, esperando que dissessem algo.
     Notando que os skatistas haviam ido, seguiram o trajeto.
     — Pronto?
     Max soltou a mão de Alyssa
     — Gosta de aparecer?
     — "Tá" falando besteira.
     — Sei. Não pode ver um garoto que quer ficar soltinha. — disse sem a olhar
     — Não posso? Até onde sei não tenho namorado.
     — Ainda bem. Coitado de quem te querer. Garota insuportável.
     Max olhou sério para Alyssa e aumentou o passo deixando-a para trás.
    

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora