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     Deitado na cama ainda aprisionado na cela penitenciária, Gustavo suava como se houvessem o jogado água em seu rosto. Preso no sono persistente e nos seus pesadelos diários, abriu os olhos que neles era nítido o medo.
     Sentou rapidamente e passou as mãos gélidas sobre o rosto percebendo-o encharcado.
     César dormia profundamente.
     Com o semblante apavorado Gustavo mirou para fora da cela cerrando o corredor escuro e aparentemente sem fim. — a imagem de quatro crianças correndo assustadas por ruas escuras e amedrontadoras, pareciam fugir de algo ou alguém. Gritos aterrorizantes ecoavam em sua mente como num filme macabro de terror.
     Gustavo colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos tentando se livrar da projeção agonizante que lampejava repetidamente sem cessar.
     De dentes cerrados grunhiu em desespero.
     — Gustavo?
     César sentou na cama preocupado com o estado do amigo.
     — Eles não param!
     — Do que você está falando? — perguntou
     — As crianças. Alguém tem que salvar elas, César!
     César levantou e sentou do lado de Gustavo, passando o braço por cima do seu pescoço o abraçando.
     — Foi só mais um dos seus pesadelos. Está tudo bem. — disse Cesar tentando acalma-lo
     — Não parece ser só um simples pesadelo. É muito nítido. Muito real.
     Gustavo abriu os olhos e olhou para César com convicção do que afirmara.
     "Vagando pela as ruas desertas e escuras, Max, Alyssa, Arthur e Yasmin, procuravam por abrigo.
     — Está frio. — Alyssa tremelhicou encolhida em seus próprios braços.
     — Temos que achar um lugar logo ou vamos ter que ficar andando a noite inteira. — disse Arthur
     — Vem cá. — Max abraçou Alyssa
     — Está muito tarde. Não podemos ficar andando sozinhos. É perigoso. — alertou Yasmin
     Os adolescentes caminhavam pela calçada em busca de proteção. Virando o quarteirão Arthur parou repentinamente contendo os passos dos outros três.
     — O que houve, Arthur? — perguntou Yasmin, assustada.
     Arthur fez sinal de silêncio enquanto observava algo atentamente".
     "Ao longe da rua, três homens agrediam um rapaz que aparentava quase inconsciente. Um dos agressores tirou um revólver da cintura escondida pela a grossa jaqueta preta. Sem nenhuma hesitação disparou três vezes contra o rapaz caído no chão o acertando a cabeça."
     "Apavorada com os barulhos dos disparos Alyssa gritou chamando a atenção do agressores assassinos.
     Se encararam por alguns segundos. Para não haver testemunhas do crime o homem armado mirou para Arthur.
     — Vamos. Corram!
     Arthur segurou na mão de Yasmin a puxando enquanto corriam refazendo o caminho de volta.
     — Quem são aqueles caras? — perguntou Max, sem fôlego.
     — Eu não sei.
     Alyssa olhou pra trás. Seus batimentoa cardíacos aumentaram ao ver que estavam sendo perseguidos.
     — Eles estão vindo! — avisou em pânico
     Avistando um beco escuro, Arthur correu guiando todos. Na incerteza de havia saída só o que lhe restara era apenas orar.
     De mãos dadas entraram no beco. Uma tela de ferro separava os caminhos.
     — E agora?! — perguntou Yasmin analisando a altura da tela enquanto suas mãos a chacoalhava
     — Vamos pular.
     Max ajudou Alyssa a escalar a tela.
     Depois de chegarem no alto e estarem prontos pra pular, Arthur olhou para trás averiguado se os homens se aproximavam.
     — Vamos Arthur, pula. — sussurrou Max
     Arthur se preparou e com cautela e agilidade escalou.
     — Estão ali!
     Automaticamente Arthur pausou a escala e olhou para os homens que corriam em sua direção. Rapidamente voltou a escalação.
     — Vai Arthur! — gritou Yasmin, desesperada.
     — Vão. Eu acompanho vocês. — ordenou
     — Não vamos te deixar. — falou Alyssa
     Um disparou foi acertado um latão de lixo para assustá-los.
     — Vai, Max!
     Max puxou Alyssa e Yasmin pelo o braço que resistira, as levando para fora do beco.
     — Não podemos deixar Arthur para trás! — disse Yasmin em prantos
     — Não se preocupe. Ele vai nos acompanhar. — afirmou Max, tentando esconder o pavor atrás de uma máscara séria e repleta de incertezas.
     Tentando fugir da mira dos assassinos Arthur pulou a tela.
     — Volte aqui moleque!
     Ignorando o homem, correu seguindo Max, Yasmin e Alyssa. Mas foi surpreendido com um barulho de tiro e a ardência na sua perna que parecia haver fogo queimando sua carne.
     Com o impacto do projétil foi impossível permanecer de pé. Caído no chão e ensanguentado, Arthur rastejou persistindo com a fuga.
     Ao ouvir o estrondoso barulho feito pela a arma, Max parou de correr imediatamente como se tivesse cola em seus pés. Imaginando ter acontecido o pior, uma lágrima escapou dos seus olhos.
     — Arthur... — sussurrou Yasmin em estado de choque
     — Vá com Yasmin e procure um abrigo. Já alcanço vocês. — disse Max a Alyssa
     — Max... Não! — implorou
     Negando o pedido de Alyssa, Max correu em direção ao beco.
     Suando de dor, Arthur puxava sua perna imóvel.
     — Não adianta fugir. — O homem armado gargalhou prestes a atirar novamente em Arthur
    O olhar desesperado e caído de Arthur se ergueram ao notar que alguém havia entrado no beco. Os olhos arregalaram ao ver nas mãos de Max um revólver.
     — Nunca mais ousem tocar em um dos meus!
     Com firmeza Max disparou cinco tiros na direção dos homens os vendo cair atingidos.
     Acertando o alvo, Max baixou o revólver e segurou no braço de Arthur o levantando, ajudando-o a andar.
     — Onde conseguiu essa arma?
     — Não é hora de perguntas. O que  importa é que salvei sua vida.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora