Júlia segurou a maçaneta e olhou para Yara esperando a permissão para abrir.
Yara estremeceu um pouco.
Mirou seu revólver para a porta e assentiu com um balançar de cabeça.
Júlia então abriu.
Entraram na casa.
Júlia fechou a porta com cuidado para não fazer barulho. Yara ligou uma lanterna.
— Não acha que a claridade vá chamar atenção?
— Tem razão. — desligou
Esperaram que os olhos se adaptassem a escuridão. Seguiram por um corredor comprido. O ambiente fedia a enxofre.
Viraram a direita.
Havia quadros com fotos de pessoas — provavelmente da família.
Se aprofundaram no corredor mantendo suas armas sempre apontadas.
Olharam para dentro de uma porta que dava acesso a cozinha.
Júlia entrou. Não havia nada além de uma mesa no centro com dez cadeiras. Um armário com louças de porcelana; fogão, geladeira e uma pia embaixo da janela do lado norte.
— A casa está vazia? — a voz de Yara sussurrou atrás de Júlia
— Não sei.
Júlia se virou para sair do cômodo, mas algo sobre a mesa a chamou a atenção.
Pegou um objeto quadrícular que parecia um pano. A espessura era um pouco espessa para ser um tecido.
O "tecido" dançou entre seus dedos, polegar e indicador, o analisando minuciosamente sem expressão.
Uniu as sobrancelhas e seus olhos se encheram de ansiedade quando identificou a origem.
— Isto é pele!
Júlia largou a peça na mesa e se retirou quase correndo quando as vozes e passos se arrastaram em aproximação da cozinha.
— Estão vindo. — avisou Yara, apressada
— Temos que nos esconder.
Retrocederam para a porta que entraram.
— Não vai dar tempo. — disse Yara, a voz embargada
Júlia girou em círculo procurando uma saída em volta, avistou uma porta a direita.
— Vem.
Abriu a porta e entraram.
A fechou.
Miraram na porta esperando que alguém pudesse entrar.
— Não estão longe. — disse uma voz masculina passando no corredor do lado
— Papai está furioso. — respondeu outra voz um pouco mais grave que a outra
A porta do corredor bateu emitindo um estrondo.
Júlia abaixou a pistola e suspirou por um segundo, aliviada.
— Vamos procurar Yasmin.
Exploraram a dispensa.
Júlia pegou um frasco numa prateleira de ferro. O cerrou por alguns segundos rápidos. Virou o vidro de cabeça para baixo chacoalhando o líquido amarelado que conservava globos oculares.
— Essas pessoas são doentes! — sussurrou com espanto
Devolveu o frasco ao seu lugar.
Yara observava o quarto de cima à baixo. Deu um passo para a direita. Seu olhar caiu ao chão com o barulho de madeira oca.
Deu duas batidinhas com o bico do sapato no chão coberto por um tapete liso e marrom. O mesmo barulho se repetiu.
Júlia a ajudou a retirar o tapete.
Um quadrado, que aparentemente seria uma porta, se destacava do restante do piso.
Se olharam!
Levantaram a porta e encararam a porta de madeira que dava acesso para um porão improvido de luz.
Com passos cautelosos desceram a escada mantendo suas armas frente ao peito, miradas para o vazio.
A luz da lanterna de Yara quebrou a escuridão.
A sala estava quase vazia. A parede frente à escada era ocupada por uma maca enferrujada e uma luminária em pé do lado. Do lado leste uma bancada com ferramentas de operação, outras de mecanismo organizadas em fileiras.
O olhar de Júlia congelou ao fitar o bisturi.
— Que... lugar... é... esse?! — a pergunta era composta por surpresa e medo.
— Vamos achar Yasmin e sair logo daqui.
Yara andou depressa até uma porta dentro do porão, mas estava emperrada.
Girou a maçaneta insistentemente.
— Droga! — desistiu, irritada
— E se ela não estiver aqui? — pensou Júlia
— Alyssa foi muito clara ao dizer que Yasmin foi trazida para cá.
— Ela pode ter se enganado. — persistiu
— Júlia. Eu não vou sair daqui enquanto eu não tiver a certeza de que minha filha não está aqui. — disse vivamente
Júlia mordeu os lábios, nervosa.
— "Tá". Então vamos.
Prepararam-se para correr. Os pés colaram-se no chão e os batimentos cardíacos aceleraram.
Os fios grisalhos da barba volumosa faiscavam como pingos de luz no negror. Aos poucos se tornavam mais fortes.
O senhor junto à um rapaz surgiram abruptamente, ambos segurando um rifle de caça.
A luz do porão se acendeu. O jovem pousou a mão no interruptor, de olhos fixos a Júlia e Yara.
— Ora, ora. Que bela visita esta, não? — O velho falou com um sorriso largo e amarelado enrugando os cantos dos olhos
A voz rouca e grossa quebrou o silêncio aumentando a tensão.
Júlia e Yara seguraram suas armas com as duas mãos, deixando um pé um passo a frente do outro, os ombros eretos em posição de ataque.Continua em O Fazendeiro
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VIDA BANDIDA A última bala Parte 3
AcciónApós a prisão da família bandida, Max, Alyssa, Arthur, Yasmim, Camila e Miguel ficaram sem destino certo. Sobraram muitas pontas soltas que precisarão ser unidas e perguntas que precisa de respostas, uma delas, o que houve com as crianças? Onde está...