A ARMADILHA

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REFÉNS DA MIRA DE UM REVÓLVER, desprovidos de defesa, se renderam.
     — Entrem.
     — Não podemos conversar?
     Felipe levou um soco no rosto.
     Gustavo e Lobo se impulsionaram para atacar. Foram segurados por César e Guilherme.
     — Não toque nele, maldito! — as palavras de Gustavo saíram quase como rosnados
     O jovem riu, enlouquecido.
     — Algum problema, irmãozinho? — perguntou outro rapaz quando se aproximava
     — Eles estão me insultando! — disse ele cabisbaixo, dramático
     Sem hesitação foi até Gustavo e o desferiu um murro na boca.
     Caído sentado no chão, sangue escorria no canto da boca.
     — Não ouse insultar meu irmão.
     — E você não toque no meu.
     Lobo acertou a face do rapaz com o punho cerrado.
     Guilherme, Marcos e César seguraram Lobo pelos braços para que não agredisse novamente o homem.
     Sorridente, o rapaz passou a língua no ferimento limpando o sangue que escorria de seu lábio.
     — Vocês são excelentes. Vou adorar vê-los caçando.
     Sem entender o que ele queria dizer, ficaram parados, esperando por explicações.
     Gustavo levantou.
     — O que quer dizer com caçando? — perguntou Marcos atrás de Guilherme
     — Aqui... ou é predador ou presa... Você escolhe.
     — Poderia ser mais claro com sua idiotice? — disse César a frente de Márcio
     Sem pressa, explicou:
     — Estão vendo aqueles homens?
     Todos olharam para dentro do celeiro.
     — Estão assim porque escolheram a escravidão invés da "liberdade".
     — Eu prefiro ser livre. — disse Márcio, inocente.
     O rapaz riu novamente.
     — Acho que você é um pouco lerdo. Pra ser livre você terá de capturar mais homens e se puder... mulheres também. Gostamos de brincar um pouco... Às vezes ficamos entediados.
     — Vocês são todos psicopatas! — grunhiu Guilherme
     Ele inclinou a cabeça para trás. Fechou os olhos e deu um profundo suspiro. Expirou.
     Mirou Guilherme entediado.
     — É o que pensa? — levantou o dedo antes que obtivesse resposta — Um detalhe muito importante: Não ligo para o que pensam. — O amarelo dos dentes sobressaiu dentre o sorriso
     — Posso matá-los? — perguntou o irmão menor, saltitante
     — Não. Não pode matar todo mundo, Abdiel.
     — Até o nome é louco! — zombou Felipe num som quase inaudível
     — Disse algo? — perguntou a Felipe com rigidez
     — Absolutamente nada.
     — Vou dar-lhes duas opções... número um — A numeração se sobressaiu: — Vocês podem nos ajudar trazendo mais homens pra cá, ou... — esticou — Servirem de escravos ajudando nas tarefas diárias.
     — E se não escolhermos nenhuma das opções? — perguntou Lobo
     — Aí, terão de morrer. Como todos os outros que se negaram.
     — Já disseram que é um louco alucinótico?
     Fechou a cara para Gustavo. Encolheu os lábios e bufou.   
     A ferocidade no olhar se tornava evidente.
     — Então... — acalmou-se na mesma intensidade que se irritara — Decidiram?
     Ficaram calados numa longa pausa.
     Rodopeou a mão no ar como um relógio em contagem regressiva. Assobiou replicando um apito.
     — Acabou o tempo.
     Nada disseram.
     Impaciente, tomou a arma da mão do irmão menor e mirou na testa de Gustavo.
     O olhar estava frio tanto quanto uma pedra de gelo.
     — Entrem. Agora.
     Sem poder questionar ou lutar, obedeceram.
     Entraram no celeiro.
     As portas estrondaram.
     — E agora...?
     Gustavo mirava a porta com o olhar vago.
     — Temos que sair daqui.
     Lobo procurou alguma brecha que os levassem para fora.
     Os pés de Gustavo estavam presos ao chão como se neles houvesse cola.
     César observava todos que estavam ali. — velhos e jovens encolhidos e prisioneiros de seus próprios medos. Alguns se abraçavam buscando abrigo nos braços um do outro.
     Gustavo fitava a terra no chão.
     — Temos que dar um jeito de escapar — disse Guilherme olhando para o teto de madeira.
     Os olhos de Gustavo estavam vidrados. Ao menos piscava. Parecia estar longe dali.
     A voz de César o chamando estava longe demais para ser capaz de arrancar-lhe do transe.
     — Gustavo! — Lobo tapeou o ombro de Gustavo atraindo sua atenção — Não é hora de dormir.
     Deu as costas e voltou procurar algum meio de fuga.
     De lábios cerrados voltou mirar a porta."
     "Entrando no quarto de hotel, Miguem colocou Alyssa na cama.
     Max fechou a porta travando-a.
     — Como iremos achar Yasmin?
     Miguel sentou na ponta da cama. Impaciente arrastou as mãos sobre os cabelos.
     — Não sei, filho. Não sei.
     — Podemos pesquisar algumas fazendas próximas daqui. — sugeriu Alyssa
     — Boa ideia — disse Max.
     Miguel suspirou profundamente. Levantou indo para o banheiro.
     — Vou tomar banho. Peçam comida. — a voz vazava pela porta entreaberta.
     Max olhou para Alyssa após ver a porta batendo.
     — O que quer comer?
     — Qualquer coisa está ótimo. — se arrastou na cama, apoiou as costas na cabeceira.
     — O pé parou de doer?
     — Ainda não. Mas logo vai passar.
     Alyssa massageava o tornozelo.
     — Tive medo que acintecesse algo com você. — assumiu com a voz tranquila
     Alyssa olhou para Max, surpresa com o que ouvira.
     — Também tive medo que te machucassem.
     O canto da boca de Max se ergueu levemente num meio sorriso.
     
    
    
    
    
    
    
     

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora