Pego de surpresa Pedro sentou novamente no chão e encarou o nada com o vazio tomando espaço em seu olhar.
— Yara. — sussurrou
Guilherme, Gustavo e Marcos se entreolharam.
— Como? — murmurou Lobo
— Se estavam com Yasmin... será... que...
— Eu vou buscar meu filho nem que para isso eu tenha que arrancar cada madeira desse celeiro.
Lobo andou até a porta. Arqueou o cotovelo o puxando para trás e com toda sua força lançou o braço para frente acertando o punho cerrado contra a grossa madeira causando um alto estrondo.
— Você não vai conseguir nada além de machucados. — alertou Gustavo
Lobo se voltou para Gustavo com a expressão de injúria.
— Seu filho está lá fora com sua neta nos braços, morta, e você vem me dar alertinhas? — perguntou revoltado em alto tom
— Acha que não ligo para meu filho e para minha neta? — perguntou na mesma tonalidade — Minha vontade não é menos que a sua. Eu daria tudo para estar agora torcendo o pescoço de cada desgraçado que está lá fora maltratando minha família.
— E por que não estamos fazendo isso? Se grades de prisão não foram o suficiente para nos manter prisioneiros, por que estas portas de madeira seria? — encarou fixamente o olhos de Gustavo
César se interpôs entre Gustavo e Lobo os afastando por alguns centímetros.
— Agora é um momento de estresse, mas brigas entre nós não resolverá nada.
— Para de ser "cusão" e toma alguma atitude antes que eu mesmo faça o que tem de ser feito. — disse Lobo a Gustavo ignorando César
Gustavo encarou Lobo, engolindo suas palavras. Seu silêncio surpreendia a todos fazendo com que se perguntassem: onde está o verdadeiro Gustavo Marques?
O homem cruel e frio que exterminava seus inimigos ou qualquer um que ameaçasse a segurança de sua família.
Lobo tentava olhar entre as brechas da Madeira rachada para tentar ver o que acontecia do lado de fora.
César virou a cabeça para Gustavo encontrando seu rosto caído ao chão.
— O que está havendo com você?
Gustavo por fim levantou o olhar encontrando o olhar de censura de César.
— Eu não sei.
— Não sabe? — estreitou as sobrancelhas
— Eu não sei. — repetiu com dor
César girou o corpo ficando de frente com Gustavo, o olhar ainda o censurando.
— Felipe está lá fora com a filha nos braços, Gustavo, e você está aqui me dizendo que não sabe?
Gustavo olhou para seus familiares e amigos que ali estavam presos. Todos abatidos, tentando esconder o pavor que a situação lhes causava.
— Eu não aguento mais ver minha família correndo tanto perigo! — as palavras falhavam devido ao pranto — Cada segundo que passo aqui vendo todos que amo correndo o risco de ser o próximo a ser morto me faz enlouquecer.
— Então não acha que está na hora de tomar alguma atitude?
Gustavo limpou os olhos.
— Estamos todos desesperados, Gustavo. Lembre-se que perdi Valéria. Minha filha está em algum lugar lá fora e meu filho está aqui podendo ser o próximo a ir para o abatedouro. Tudo o que mais quero é poder ver todos livres e longe de qualquer perigo. E infelizmente isso não será possível se não tentarmos. Se não tentarmos agora.
Gustavo observou Lobo ainda espiando.
— Como irei fazer isso? Como farei para que saiamos daqui antes que outro de nós seja o próximo?
— Quando começamos... Era só você? — Gustavo mirou César — Para de pensar e agir sozinho. Eu estou aqui. Nunca foi você, sempre fomos nós. — César colocou a mão no ombro de Gustavo — Está na hora de retomar o princípio de tudo. De voltar o que éramos antes. Por mais duro que seja, ainda somos um trio.
— Não envolva aquele traidor!
— Você sabe do que Marcos fez e o por que de ter feito. Se não soubesse não tinha querido voltar naquele massacre para buscá-lo.
Os lábios de Gustavo se apertaram numa linha reta.
— Somos uma família, mas antes de tudo somos um trio. A história se resume e sempre resumiu em nós... Eu, você e Marcos. Se não fosse por nós... Não existira nada.
Gustavo ouvia atentamente as palavras de César, pensativo.
"Três adolescentes fugindo de guardas após saquearem uma feira.
"A reunião num quarto pouco arejado com uma mesa pequena onde decidiam serem reconhecidos mundialmente por seus crimes.
"As festas familiares em sua casa, onde todos riam e se divertiam como se não houvesse amanhã."
Gustavo voltou a realidade com um aperto leve em seu ombro. Os olhos de César ainda o fitava, esperando por uma reação.
— Você tem razão.
— Eu tenho. Não podemos deixar que tudo acabe aqui, Gustavo. Chega de perder quem amamos. Chega de tanto fugir. De tanto sofrer. Está na hora de tomarmos as rédeas de nossas vidas e cruzar logo a linha de chegada.
Gustavo tocou o ombro esquerdo de César.
— Obrigado, irmão.
César segurou o rosto de Gustavo e sorriu.
— Me agradeça detonando com aquele malditos.
O canto da boca de Gustavo enrugou num meio sorriso.
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VIDA BANDIDA A última bala Parte 3
AcciónApós a prisão da família bandida, Max, Alyssa, Arthur, Yasmim, Camila e Miguel ficaram sem destino certo. Sobraram muitas pontas soltas que precisarão ser unidas e perguntas que precisa de respostas, uma delas, o que houve com as crianças? Onde está...