Sentado no lado sul do quarto Miguel explicava cabisbaixo:
—... O nome dele é Rafael, mas todos o chama de Lobo.
— Por que ele não me procurou?
— Ele não pode.
— Por quê?
— Porque ele está preso.
— Meu pai é criminoso?
Miguel fechou os olhos.
— Ele era comandante de uma comunidade em outro país. Mas depois de conhecer o irmão, seu tio Gustavo Marques, veio embora pra Houston junto com sua mãe, Esmeralda.
Arthur escutava tudo com muita atenção.
— Cadê minha mãe? Por que ela não foi me procurar?
— Porque ela também está na cadeia.
Arthur apertou o lençol da cama.
— Seus pais estão presos há 15 anos, junto a toda família.
— Minha família são de criminosos? — perguntou espantado
— Literalmente. Mas não são criminosos totalmente perigosos. A família e de bandidos, mas há um legado: "um por todos e todos por um".
— Bandidos do bem? — sorriu em zombaria
— Digamos que sim — Miguel o encarou por alto. — Os membros da família sempre foram muitos discretos. Não gostam de chamar atenção. Porém, o maior erro que alguém pode cometer é de entrar no caminho de qualquer um. No seu caso, já teriam matado quem atirou em você, e pode crer, seria a pior morte que alguém poderia ter.
Max saiu do quarto.
— Max.
De olhar caído no chão, Max andava pelo o corredor com as mãos adentradas nos bolsos da camisa.
No olhar a inconformidade.
— Max! — chamou
O chamado de Miguel soava como zumbido.
Reparando que Max não o ouvia, Miguel correu até o mesmo o virando cauteloso pela camisa.
Revoltado Max se afastou de Miguel.
— Não me toque.
Os olhos de Miguel se estreitaram e os lábios franziram, surpreso com a arrogância de Max.
Não cedendo a rebeldia Miguel o acompanhou, virando-o novamente.
— Pra onde está indo? Sabe que não podemos nos afastar e muito menos deixar Arthur sozinho.
— Já deixou claro que sua preocupação não é com a gente, mas com Arthur.
— Não é bem assim...
— Volte "pro" quarto e termine de contar a história da família dele. — disse rompante
O rosto de Miguel enrugou em reprovação.
— Está com raiva porque seu amigo encontrou a família?
Max baixou a cabeça e mordeu o lábio.
— Não é por isso. Não quero saber da história dele. Me dói imaginar que algo tão legal possa nunca acontecer comigo. Meu maior desejo é poder encontrar meus pais. — lançou o olhar para o fim do corredor — Então prefiro não presenciar nada e não me torturar.
— Mas essa história também é sua.
Max olhou para Miguel, sem reação.
— Como?
— Você também faz parte da família bandida.
Rapidamente Max retirou as mãos dos bolsos. Seu corpo estava tenso e as pulsações do coração cada vez mais acelerado.
— Eu sou seu pai. — a voz embargou
As pálpebras de Max não piscavam. O olhar estava congelado junto ao corpo parado como estátua.
A quietação e o silêncio proeminente fazia-o ouvir o sangue correr por suas veias.
Miguel continuou:
— Quando disse seu nome, de onde veio e o nome de seus amigos não tive dúvidas que você é meu filho perdido.
— Por que não me buscou? — o tom da voz pesou pelo choro
— Eu também estava preso. Consegui me libertar hoje, depois de 15 anos.
— Cadê minha mãe?
Miguel fungou.
— Está no presídio.
— Minha mãe é uma criminosa?
— Não. — respondeu de imediato — Valentina com certeza foi presa injustamente.
— Se foi injustiça, porque ainda não está livre?
— Carregar nas costas o título de membro da família bandida é um peso muito grande que trás muitas responsabilidades e consequências.
Max abraçou Miguel.
Miguel caiu de joelhos junto com seu filho. Pranteando o beijava o alto da testa.
— Senti tanto sua falta, filho!
— Também senti a sua, pai.
Se abraçaram fortemente.
— Me desculpe por não ter tido a chance de estar presente e ter te dado a vida que sempre sonhou.
— O importante é que está comigo agora.
Miguel segurou o pequeno rosto de Max com as duas mãos. O olhando nos olhos disse:
— Eu vou te proteger. Custe o que custar, nada irá acontecer com você e com os outros.
Max assentiu.
Se abraçaram novamente".
"Ainda escondida no arbusto, Alyssa observou por uma brecha se havia alguém. Sentindo não haver mais perigo e que tudo já se acalmara, resolveu sair.
A dor no tornozelo a impedia de correr.
Mancando, sentindo fortes dores, se arrastou de volta para a casa abandonada na esperança que Maxswel aparecesse para buscá-las.
Gemendo, trincou os dentes agarrada a perna.
Lutando contra a insuportável dor refazia o caminho. Enquanto andava olhava para todas as direções com receio de que fosse vista e capturada.
Saindo da floresta, subiu o degrau da varanda e entrou na casa.
Encolheu-se no canto da parede.
Grunhiu, aflita com os latejos no pé. Atormentada pela dor física e mental, Alyssa rezava para que aquele pesadelo logo acabasse e que alguém pudesse os ajudar".
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VIDA BANDIDA A última bala Parte 3
ActionApós a prisão da família bandida, Max, Alyssa, Arthur, Yasmim, Camila e Miguel ficaram sem destino certo. Sobraram muitas pontas soltas que precisarão ser unidas e perguntas que precisa de respostas, uma delas, o que houve com as crianças? Onde está...