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     Gustavo e Miguel se encararam.
     — O que está fazendo aqui? — perguntou, confuso
     — Fui pego.
     — Se prepare. Sua visita vai ser breve. — avisou
     — Esperem.
     Gustavo o olhou de sobrancelhas baixas.
     Miguel continuou:
     — Eu estou com nossas esposas e filhos.
     — Arthur está com você? — perguntou Lobo, ansioso
     Miguel assentiu.
     — Está.
     — Alyssa também?
     — Também. — Miguel fitou Felipe. Evitava o olhar diretamente. — Mas...
     Miguel foi interrompido.
     — Eu sei. — disse Felipe antes que Miguel terminasse de falar
     Miguel baixou o olhar.
     — Sinto muito.
     Felipe fungou.
     — Por que deveríamos esperar? —questionou Gustavo
     Miguel levantou a cabeça encontrando a face de Gustavo, esperando que continuasse.
     Miguel olhou para a porta, depois cerrou Gustavo novamente.
     — Eu fui pego de propósito.
     — Por quê? — perguntou Guilherme, confuso
     — Ideia da Júlia.
     — E qual o resto do plano?
     — Elas vão nos tirar daqui, mas precisamos ter calma.
     — A cadeia deixou elas loucas. — resmungou Lobo
     — Valentina e Max estão bem? — perguntou César desesperado por notícias
     — Sim, estão bem.
     — Hope... Como está? — a voz de Márcio e Guilherme soaram ao mesmo tempo
     Se olharam por algumas segundos.
     — Como eu disse. Estão todos bem.
     — E Yara? — perguntou Felipe a voz rouca
     Miguel endureceu os lábios e o olhar.
     — Ela... — Felipe se encolheu — Está muito arrasada com o desaparecimento de Yasmin.
     — Mas Camila está cuidando dela, não está? — a voz de Pedro se aproximou
     — Camila não está com a gente.
     Pedro passou as mãos no cabelo, agoniado.
     — Espero que elas saibam o que estão fazendo. — falou Lobo — Isso aqui não é bagunça. Os caras que estão lá fora não estão de brincadeira. — arrastou o braço pelo o ar mirando para todos — Quem está aqui, não está para festinha. Estamos aqui para servir de cobaia para algo bem maléfico.
     — Se visse como nossas meninas estão decididas... até parece que a gente amoleceu. — deu um leve sorriso
     — Não consigo imaginar Luísa enfrentando esses vermes. Mas se não há outra saída... vamos confiar.
     — Certeza que Júlia é a cabeça delas.
     — Muito enganado. — uniram as sobrancelhas — Luísa e Esmeralda estão no comando.
     — Esmeralda?
     Miguel olhou para Lobo
     — Isso mesmo. Esmeralda e Luísa andaram se estranhando um pouco, mas estão unidas novamente.
     — Quem diria. — sussurrou César
     — Que aqueles desgraçados não toquem num fio de cabelo da minha esposa. — grunhiu Lobo
     — Vamos torcer para que qualquer que seja o plano dê certo. — disse Gustavo
     Enquanto esperavam o momento da fuga, Miguel os contava os acontecimentos de quando saiu da prisão e quando encontrou as meninas e crianças. Também lhe contavam sobre a fuga e a perca de Marcos Pimentel. Pedro e Felipe ficaram de fora da roda, cabisbaixos.
     Felipe pegava pedaços de feno e os lançava para longe. Os braços sobre os joelhos encolhidos.
     Suspirou e girou o pescoço para a porta.
     A imagem de Yasmin jogada no meio daqueles cadáveres não saía da sua mente.
     — Vamos vingar nossa menina.
     A voz de Pedro surgiu como sussurro do lado de Felipe. Felipe o olhou.
     — De você não quero nada.
     — Desculpe por te culpar.
     Felipe mudou a atenção para a porta novamente. Deu de ombros como resposta.
     Pedro suspirou.
     — Reconheço que peguei pesado ultimamente com minhas palavras. — disse calmo
     Mirou Felipe ao ouvir o riso baixo mais como gemido. Franziu o cenho ao ver o canto da boca enrugado com sarcasmo.
     — Reconhece que pegou pesado ou reconhece que sem meu pai você não é nada? — olhou para Pedro por fim
     — Seu pai não é um alicerce...
     — Ele é. — o interrompeu — Se não fosse você ele realmente não estaria vivo, mas se não fosse ele Yara e Camila talvez estivessem mortas também. Miguel talvez nem estivesse aqui nos ajudando. Até o tio Lobo se não fosse a ajuda do meu pai talvez não estivesse aqui. Ele pode ser o imã que puxa nossos inimigos, mas ele não nos pede para o seguir e muito menos para que você lute. Ele sempre se importou com todos, sem exceções. Até quando você menos mereceu ele se importou com você. Ele tem muito o que agradecer, mas temos muito mais o que agradecer também. — Pedro olhou para Gustavo atento ao que Miguel falava quase em sussurros. — Não perca tempo jogando na cara dele as falhas. Você não é nenhum exemplo de acerto.
     Pedro observou Gustavo por mais alguns instantes. Mudou o olhar para o lado ao ser furado pelo o olhar incisivo de Gustavo.
     — Não nego que Gustavo é e sempre foi muito forte, mas ele está perdendo lugar para o irmão.
     — Está com medo, Pedro?
     Pedro vincou a testa.
     — Meu pai perdoa você e o tio Marcos por sempre estarem do lado dele, mesmo sendo dois traidores. Mas o tio Rafael não se importa, não é? — se entreolharam — Lobo tem o que meu pai nunca vai ter. Coragem para exterminar traidores que um dia se disseram amigos. — Pedro arfou em protesto — Saiba que se você está vivo agora é porque meu pai permitiu. Porque se dependesse do ódio do meu tio você nunca mais veria Yara e Camila na vida.
     Pedro olhou novamente para Gustavo, agora do lado de Lobo, as caras fechadas e postura de comandantes.
     Numa linha indiana, todos encaravam a porta segurando pedaços de madeira.
     Na beira da floresta rumo a fazendo, Júlia, Luísa e Esmeralda tomavam a linha de frente. Valentina, Yara, Hope e Catarine esperavam pela a ordem de ataque.
     — Está na hora meninas. — Disse Júlia — Vamos salvar nossa família.
     Destravaram os fuzis.
    

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora