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     — Me solta!
     — Cale a boca!
     Max era arrastado pela as alas do hospital até a saída.
     Mesmo não havendo chances não desistia de relutar. Aterrorizado sem saber o que ia o acontecer e o que fariam com seus amigos, Max não conteve o choro.
     — Para de chorar, pirralho!
     — Me larga ou vou gritar. — ameaçou entredentes
     — Atreva-se.
     Max viu sua salvação ao avistar o homem que lhe fitara, sentado na espera.
      Ao passar diante o homem, foi encarado novamente. Sem que fosse percebido os lábios de Max se moviam suplicando por ajuda. A palavra "socorro" era lida pelo os olhos de Miguel.
     Por impulso Miguel levantou e segurou Max pelo o braço chamando a atenção do senhor.
     — Solte o garoto!
     — Ele é meu neto.
     — Mentira!
     — Solte o garoto! — ordenou Miguel novamente
     — Vamos embora, Rafael.
     O senhor puxou Max
     Miguel puxou Max pelo o braço o arrancando das mãos do velho. Com fúria encarou-o.
     — Se falei pra soltar o garoto, solte-o!
     Com dureza no olhar o senhor falou:
     — Senão vai fazer o quê?
     Miguel aproximou-se do senhor ficando cara a cara.
     — Irei te ensinar a não mexer com crianças.
     Apavorado com a forma que Miguel confrontava o senhor Max não conseguia parar de avaliar a expressão raivosa do mesmo.
     Max foi intimidado pelo o olhar ameaçador do senhor. Era como se dissesse: não acabou.
     Vendo que ali não era o lugar perfeito para se meter num confronto, o senhor recuou se retirando do hospital.
     Max sentou na cadeira em estado de choque. As mãos estabam frias e suadas. A tensão fazia suas carnes tremer e seus ossos doer.
     Miguel sentou do seu lado.
     — Como se chama?
     De cabeça baixa Max respondeu:
     — Maxswel. Mas pode me chamar de Max.
     Os olhos de Miguel arregalaram ao ouvir o nome do garoto. Em sua frente o flashback do pequeno bebê em seus braços.
     — E você... como se chama?
     Miguel sacudiu a cabeça voltando a realidade.
     — Miguel. Como seus pais se chamam?
     — Não sei.
     As sobrancelhas de Miguel se estreitaram e seus lábios enrijeceram.
     — Como não sabe?
     — Não sei. Nunca tive pais. — as palavras eram repletas de dor
     — Como veio parar aqui?
     — Meu amigo levou um tiro.
     Quanto mais Max falava mais aumentava a curiosidade de Miguel.
     — Como isso aconteceu?
     Max suspirou.
     — Estávamos andando na rua quando três caras nos seguiu e atirou nele.
     — E os pais dele, onde estão?
     — Ele também não tem pais.
     — Onde vocês moram?
     — Na rua.
     — Não tem parentes?
     — Não.
     O coração de Miguel apertava a cada resposta desanimada de Max.
     — Por que aquele velho estava te levando?
     — Porque atirei no filho dele.
     No decorrer da conversa tudo ficava ainda mais confuso.
     — Por que atirou no filho dele?
     — Porque o filho dele atirou no meu amigo.
     Miguel analisou a face tristonha de Max por alguns segundos.
     — Sabe que isso foi um grande erro, não sabe?
     — É... eu sei. — arregalou os olhos com a pergunta óbvia
     O olhar de Miguel caiu sobre a marca do cano do revólver marcado na cintura de Max pela camisa.
     — Cadê sua arma?
     Max fitou Miguel.
     — Por que quer saber?
     — Porque sim.
     Miguel estirou a mão esperando que Max o entregasse.
     Desconfiado, Max encarou a mão estirada na sua frente na dúvida se poderia ou não confiar em Miguel.
     — Não está mais comigo. — mentiu
     — Levanta.
     Max franziu a testa sem entender a preocupação de Miguel. Sem questionar levantou. Miguel levantou em seguida, ergueu a camisa de Max e tirou o revólver de sua cintura, disfarçadamente para que outros pacientes não notassem.
     — Não pode ficar com isso. — guardou a arma na cintura cobrindo-a com a longa camisa
     — Me devolve. Preciso dela pra minha segurança.
     — Viu o problema que se meteu por conta disso? — sussurrou — Armas não são feitas para crianças.
     — Se não fosse essa arma eu e meus amigos estaríamos mortos.
     — E não estão por enquanto. Porque aquele velho não vai desistir de te fazer pagar pelo o que fez com o filho dele. Vivemos numa bola de gato, Maxswel.
     — Não fale comigo como se fosse meu pai.
     — Não sou, mas bem que queria só pra enfiar juízo nessa sua cabeça.
     — Você não sabe metade do que eu passei e passo pra vir querer me dar lição de moral! — a voz de Max de repente era gritante 
     Miguel respirou fundo tentando manter a calma.
     — Tenho um filho que também se chama Maxswel. Faz anos que não o vejo e te ver me fez lembrar de quando vi ele pela última vez. Ele ainda era um bebê.
     — Mas não sou seu filho.
     — Sei que não é. Mas senti que precisava te dar uma bronca, pois no seu lugar imaginei meu filho. Invés de sair atirando nos outros gritasse por ajuda. As pessoas são ruins e não tem nada a perder, se te deixarem vivo ou não, não fará diferença.
     Max engoliu seco.
     — Preciso ir ver meu amigo.
     — Você vai ficar comigo. Não quero que saia de perto de mim, entendeu?
     — Meu amigo não pode ficar sozinho.
     — Não vai. Vou cuidar de vocês.
     Miguel arregaçou as pernas da calça e sentou.
     — Como posso saber se não é mais um querendo me ferrar?
     Miguel inclinou o corpo pra frente e encarou a saída.
     — Se eu quisesse sua cabeça, moleque! Ela já estaria servida numa bandeja de prata.
     A saliva rasgava a garganta de Max como se engolisse uma bola de ping-pong em chamas.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora