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"Saindo do refeitório Gustavo, Lobo, Márcio, Marcos Marques e Pimentel, Felipe, César e Guilherme voltavam juntos para as celas.
O bando se destacava entre os outros detentos.
O olhar sério e frio de Gustavo tomando a liderança intimidava e despertava a fúria de outros prisioneiros.
Felipe sorria satisfeito com o impacto causado com suas presenças e por fazer parte da turma mais temida da penitenciária.
Lobo prestava atenção somente a frente como se não houvesse ninguém a sua volta. Caminhando do lado de Gustavo juntos arrancavam de seus inimigos o respeito.
Paulatinamente Lobo mirou de relance de canto de olho um detento distante. Teve sua atenção roubada por completa ao ser ameaçado por gestos de decapitação.
Cessou os passos parando automaticamente o restante da turma.
Sem demonstrar intimidação, encarou o detento que o ameaçara.
- Lobo.
Lobo fez sinal para que Gustavo esperasse. Andou até o prisioneiro. Outros detentos se afastavam, abrindo espaço deixando a passagem livre.
Parando frente à frente com o inimigo o penetrou o olhar destemido.
- Poderia repetir o que acabou de fazer? - perguntou Lobo com calma na voz
O detento sorriu.
- Cuidado quando estiver dormindo, no banho, no refeitório ou no pátio.
Lobo sorriu diante o perigo. Deu dois tapinhas no rosto do detento.
- Você é engraçado. Deveria participar de stand up quando sair daqui.
Não gostando da piada de Lobo o prisioneiro franziu os lábios, endurecendo o olhar. Bateu na mão de Lobo a afastando de seu rosto.
- Vou acabar com você!
Incrédulo com a atitude grosseira do oponente Lobo o encarou fixamente.
- Se acha marrento, mas não passa de uma menininha. Com certeza deve servir de "mulherzinha" e usa essa marra pra disfarçar.
Lobo foi confrontado.
Sem demonstrar respeito ou qualquer amedrontamento, ficou cara a cara com Lobo.
Lobo riu descontrolado.
- "Tá" falando sério? - perguntou entre gargalhos - Diz que isso é piada - O riso cessou subitamente o confrontando olho no olho - e poupa meu tempo em ter que te matar na frente dos seus amigos.
A insanidade era perceptível no olhar frenético de Lobo.
- Vamos, Lobo.
Gustavo tentou se aproximar.
- Fique onde está, Gustavo!
- Não vale a pena, Lobo. - disse Guilherme
- Quem decide isso sou eu. - respondeu sem o olhar - Sabe quantos me ameaçaram e continuaram vivos? - perguntou ao detento - Apenas um e porque teve sorte de eu não ter o pego antes de vir pra esse lugar.
- Não tenho medo de você.
- Melhor assim. Odeio covardes. Me causam tédio.
Repentinamente o prisioneiro sacou um canivete e tentou apunhalar o pescoço de Lobo. Veloz e provido de reflexos rápidos Lobo segurou o braço do inimigo paralisando o ataque.
- Acabou de cometer um grave erro.
Frio e sedento por sangue Lobo mordeu o lábio do detento e com toda sua força puxou a cabeça. Sangue espirrava sem controle. Os olhos do prisioneiro arregalaram em estado de choque ao ter metade de seu lábio arrancado deixando sua dentição inferior exposta.
Prisioneiros que observavam a confusão se afastaram sem acreditar no que havia visto.
Lobo cuspiu a pele no chão, com a boca suja de sangue se virou e andou em direção a cela ignorando Gustavo e os outros que observavam tudo, espantados com a atitude grotesca e selvagem de Lobo.
- Meu tio é mesmo um animal. - disse Felipe"
"- Sabe que agora aumentou o número de inimigos, não sabe? - disse Marcos a Lobo
- Desde quando eu ligo "pra" números?
- Deveria. Quanto mais inimigos, mais chances de acabarmos mortos.
Lobo cerrou Marcos como se tivesse pensado em algo.
- Rebelião.
Marcos uniu as sobrancelhas não entendendo o que Lobo dissera.
- "Tá" aí. Só precisamos formar uma rebelião e teremos uma oportunidade de sairmos daqui.
- Enlouqueceu? Como vamos fazer isso?
- Honre sua irmandade com meu irmão e não seja burro.
Marcos cruzou os braços e se apoiou na cama.
- "Tá". Fala aí.
- Só precisamos de uma coisa para que esse plano dê certo.
- O quê?
- Começar uma guerra.
Marcos descruzou os braços, levando em consideração o plano de Lobo".
"- Então, vai me dizer como conseguiu acabar com meu plano? - perguntou Sombra a Marcos Marques
- Não.
Sombra sentou na cama atento a Marcos preso as grades da cela.
- Como foi inteligente o bastante pra se soltar da teia de aranha?
Marcos olhou para Sombra, inexpressivo. Ricardo esperava tranquilamente pela a resposta.
- Esqueceu que fui sua "cria" por um tempo?
- Não esqueci e por isso quero saber.
Marcos virou o rosto desviando a atenção para fora da cela.
- Não precisei me esforçar muito e ligar os pontos...
"Certa vez eu estava vagando pelo os corredores quando passei em frente sua sala. Sem intenção vi que você se encarava no espelho. Não pude conter a curiosidade então me escondi atrás da parede e fiquei observando, até que você, por descuido, tirou sua máscara e pude ver sua verdadeira face"...
- Como sabia onde era meu esconderijo, onde me prenderam?
Marcos continuou:
"Depois de ver quem realmente era, um dia resolvi aproveitar sua ausência para saber mais sobre você. Então comecei procurar nas suas coisas algumas informações e foi aí que vi marcado num papel alguns números aparentemente de telefone".
- Como sabia que era o endereço do meu esconderijo?
- Reparei que o início dos números não batiam com número telefônico, você ainda tentou ocultar a verdadeira intenção acrescentando um número a mais, mas haviam números demais para um telefone comum - Sombra sorriu
"Então pesquisei e não demorou pra saber que se tratava de um cep que levava diretamente até você".
- Não nego que estou impressionado com a sua astúcia.
- E foi aí que quando vi minha família em perigo denunciei todo mundo.
Sombra ficou sério.
- Por que não somente a mim?
- Eu tinha apenas minutos para te deter e deter seus capangas, tudo numa tacada só. Então liguei pra polícia e dei seu endereço e o endereço de onde estavam mantendo meu tio em cativeiro.
- E preferiu jogar sua família na cadeia ao invés de tentar me parar individualmente? Poderia ter tentando me forçar.
- Seria tarde demais. Meus pais estavam na mira de armas. Então eu preferi vê-los presos com vida sabendo que um dia vão sair, do que deixá-los soltos correndo o risco de morrerem.
- Não pensou nas crianças?
- Que diferença teria se estivéssemos mortos? - Marcos olhou para Sombra por cima do ombro.
Não obtendo resposta voltou a encarar o vazio da prisão.

VIDA BANDIDA A última bala Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora