Capítulo 17

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A um ano e meio atrás

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A um ano e meio atrás...

A minha rotina de trabalho mudou completamente desde que entrei no projeto. Já não tinha mais hora de sair da empresa, algumas vezes amanhecia o dia trabalhando.

Quase não tinha contato com as pessoas do projeto, cada um ficava enfurnado dentro da sua sala, focado no trabalho. Conversava superficialmente com as meninas no setor que pegava e guardava as substâncias químicas.

Acabei me aproximando do meu chefe por compartilharmos a sala, descobri que ele só consegue trabalhar escutando música. Entretanto as músicas que ele colocava me deixava louca, como se concentrar escutando havy metal.

Em um dia que ele colocou as músicas dele, não me aguentei e conversei com Donato, chegamos num acordo musical, cada dia um escolhia o que ia escutar.

Acabei dormindo novamente no laboratório, já era a terceira vez essa semana que virava noite no trabalho. Adormeci em cima da banqueta, acordei com uma mão no meu ombro.

Quando abri meus olhos, me deparo com Donato me olhando com uma cara de reprovação. Caí num sono tão profundo, que meu primeiro pensamento foi, por favor que eu não tenha babado.

- Dormindo no trabalho de novo?

Levanto minha cabeça rapidamente, passando a mão pelo rosto.

- Estava perto de conseguir a mistura, não podia ir para casa.

- Já é a terceira vez essa semana Karina.

Dei de ombros para ele, o que eu podia fazer, quando me empolgava com o trabalho nada me parava. Seu olhar, entretanto, estava severo, ele pegou um banco e se sentou a minha frente.

- Karina, vou lhe fazer uma pergunta e quero uma reposta sincera.

- Ok.... O que quer saber?

- O que você tem feito fora trabalhar? – Seu olhar era intenso.

- Eu... eu...

- Presta atenção pois vai ser a primeira e única vez que vou te falar isso, não sou seu pai para falar o que você deve ou não fazer, sou seu chefe e seu amigo e, portanto, me preocupo com você.

Desviei meu olhar do seu e senti meu rosto esquentar de vergonha.

- Não adianta você se focar na pesquisa para salvar a vida, se você não viver. – Ele segurou na minha mão - Você precisa ter tempo para você também, sair com seus amigos, ficar de pernas para o ar, namorar....

- Eu não me incomodo de ficar aqui – Com uma voz envergonhada em quase um sussurro – e não conheço ninguém nessa cidade para sair.

- Mais um motivo para sair daqui. Hora de conhecer a cidade que você vive!

Ele se levanta num pulo do banco e puxa a minha mão.

- Vem, hora de você viver um pouco.

- Mas é o que? Calma, eu tenho que terminar as coisas aqui, não posso sair assim... – Puxo minha mão que ele segurava.

- Hoje é sábado! Tenho certeza que seu chefe não irá ligar. – Ele sorri para mim.

Fiquei aturdida com a reação dele, em poucos minutos tínhamos desligado as máquinas, guardado os componentes químicos e pela primeira vez, reparei que não tinha ninguém no local fora nós dois.

Quando chegamos no estacionamento, Donato me falou para ir para casa descansar um pouco, que quando fosse por volta das oito da noite ele passaria para me pegar.

- Já que sou o único que conhece aqui, me sinto na obrigação de te mostrar minha cidade.

Eu estava sem reações perante a empolgação dele, durante os seis meses que estamos trabalhando juntos conversamos bastante, descobri que ele tem uma irmã que mora na Itália, e que ele mesmo é metade italiano.

Conversamos como decidimos fazer o que fazemos, sobre nossos gostos musicais, que ele vivia dizendo que eu precisava melhorar urgentemente. Falávamos de coisas superficiais sobre nós, mas que fazia com que as horas exaustivas no laboratório passassem mais rápido.

Meio que seguindo o fluxo da maré, dirigi até em casa. Chamar aquele lugar de casa era estranho, eu mal ficava ali, o laboratório era mais a minha casa do que a minha própria.

Meu modo zumbi estava ligado, larguei minha bolsa no sofá junto com o jaleco já amaçado, retirei os saltos e me arrastei até a cama. Estava tão cansada que deitei na cama com a roupa do corpo, tive somente o tempo de colocar o celular que estava no meu bolso para carregar e ajustar o despertador.

Quando o despertador nada discreto do meu celular toca, aquele toque que parece que esta caindo o mundo e a sirene não para de tocar, tenho vontade de jogar o aparelho longe.

Sou obrigada a levantar para desligar o barulho, pois tinha rolado para o outro lada da cama. O tempo que eu dormi foi revigorante, me levando ainda meio sonolenta e vou para o banheiro.

Conforme sinto a água do chuveiro cair sobre o meu rosto, vou despertando e então a minha ficha cai. Num estalo, uma corrente de energia percorre o meu corpo.

- Meu Deus! Eu vou sair com o Donato! – Levo minha mão a boca, sem acreditar no que acabei de dizer.

Por estar sonada ainda, tinha esquecido que tinha marcado de sair com ele. Me apresso no banho e saio correndo enrolada na toalha, para ver quanto tempo ainda tenho para me arrumar.

Faltava meia hora para o horário que ele tinha marcado, comecei a ficar nervosa, olhava para o guarda roupa e não conseguia escolher nenhuma roupa para colocar.

Minha cabeça começou a pensar mil coisas, será que eu estava indo para um encontro, se fosse um encontro o que eu vestiria. Não deveria ter aceitado o convite, afinal ele é meu chefe, mas talvez ele só me chamou como amiga, deve ter ficado com pena de mim.

Via os ponteiros no relógio de parede andar, mas não conseguia me decidir o que vestir, não sabia para onde estávamos indo, que tipo de roupa deveria usar. Todas essas dúvidas martelavam na minha cabeça, me deixando mais nervosa.

Passava as roupas penduradas nos cabides de um lado para o outro, não conseguia decidir o que usar. Abri a gaveta e peguei uma lingerie preta de renda, preto nunca falha, com esse pensamento, uma luz se acendeu e soube exatamente a roupa que iria colocar.

Fiz uma maquiagem leve, lápis, rímel e um batom rosa claro. Coloquei meu perfume de praxe, um brinco médio prateado, meu cordão de sempre, um bracelete prateado com azul e um anel no dedo anelar, por fim calcei uma sandália preta de salto.

Peguei meus documentos, cartão e dinheiro e coloquei dentro da bolsa que ia levar. Não se passou cinco minutos depois que terminei de ficar pronta e meu celular tocou, era Donato, me avisando que já tinha chegado.

Quando sai da portaria do prédio, me deparei com um homem encostado numa Lamborghini Asterion azul escura, vestindo calça jeans escuras, uma blusa polo preta, sapatenis, cabelos meio despenteados por estar molhado e um sorriso encantador quando me viu.

Ele passa o olho por todo o meu corpo, sinto fazer uma avaliação minuciosa. Sinto meu rosto esquentar e um sorriso se formar nos meus lábios, pelo jeito o vestido preto decotado que eu estava usando, mais uma vez deu resultado.

Donato me cumprimenta com dois beijos, me estende o seu braço, para eu me apoiar para descer a escada da entrada do prédio, me acompanha até o carro, onde ele abre a porta para mim, antes de dar a volta e entrar no banco do motorista.

- Você está linda Karina. – Seus olhos me encaravam intensamente.

- Obrigada – Aceito o elogio de uma forma bem tímida. – Para onde vamos?

- Para um lugar que acho que você vai adorar. – Ele dá um sorriso de lado que faz meu coração dar um pulo no meu peito.

Com essa frase, ele sai acelerando o carro pelas ruas da cidade rumo ao local surpresa.

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