Capítulo 28

193 32 417
                                    

Quando me virei para trás, Guilherme tinha pulado na frente de uma bala, que provavelmente teria me matado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quando me virei para trás, Guilherme tinha pulado na frente de uma bala, que provavelmente teria me matado. Um dos capangas tinha subido em um dos andaimes.

Karina estava próxima a mim, viu toda a cena, com um grito disparou tiros na direção do homem que foi atingido e caiu. Ela veio correndo em minha direção, depois que derrubou o sujeito.

Guilherme tinha desabado em meu colo, ele tinha sido atingido na lateral esquerda do corpo, e estava todo machucado. Karina tinha conseguido chegar até nós dois, pedi para ela manter eles longe, enquanto tentava estancar o sangue.

A primeira coisa que fiz foi procurar a saída da bala, não tinha, a bala estava alojada em seu corpo. Vejo o fluxo de sangue que jorra do ferimento e fico preocupada.

Coloco meu joelho em cima dele para fazer pressão e estancar o sangue. Faço o máximo de força possível, para diminuir o fluxo de sangue que sai do ferimento.

Reparo que ele está usando cinto, o retiro rapidamente e o passo no peito, apertando o máximo que consegui. Guilherme geme com a dor do tiro, ele leva sua mão até meu joelho.

- Pelo menos consegui chegar a tempo de salvar você.

- O que você veio fazer aqui? – Eu olhava confusa e preocupada para ele.

- É uma história longa – Ele tosse, preciso tira-lo daqui o mais rápido possível – Mas descobri que você e a Ka iriam cair numa armadilha, além do mais, não ia deixar você ir embora daquela forma.

- Guilherme.... – Olho para o seu ferimento que não quer parar de sangrar.

- Está muito feio é? – Ele tenta dar um sorriso de lado que se transforma numa careta de dor.

- Fica calado, por favor. – Olho ao meu redor, procurando desesperadamente alguma coisa para move-lo.

Os tiros continuam sendo trocados, Karina está conseguindo manter os homens afastados. Ele segura na minha mão, forçando eu olhar para ele.

- Pelo menos, dessa vez você vai poder se despedir pessoalmente.

- Não fala besteira – Aperto sua mão – Eu não queria...

- Eu sei – Mais tosse com sangue – Não estou bravo com você, jamais conseguiria ficar puto contigo.

- Guilherme por favor, para de falar.

- Sabe, eu tinha uma surpresa preparada para você.... – Desço os meus lábios contra os dele.

- Será que essa é a única forma de fazer você ficar calado? – Sussurro contra os seus lábios.

Escutamos mais carros chegarem, sirenes estavam ligadas, os homens que abriam fogo contra nós, agora correm para os seus carros. Quem esta chegando, começa a trocar tiro com eles e Karina se volta para o irmão.

- O que posso fazer para ajudar. – Ela estava olhando desesperada para o irmão caído.

Olho ao redor novamente e vejo um carrinho de puxar, abandonado perto dos andaimes. Peço para Karina ir busca-lo, agora que não temos mais balas voando sobre nossas cabeças, todo o meu foco está em ajudar o Gui.

Dobro os joelhos dele e coloco os seus braços em seu peito, peço para Karina me ajudar a coloca-lo em cima do carrinho. Não sei quem chegou, não sei se posso confiar neles.

- Você vai ficar bem meu irmão. – Guilherme reabre os olhos.

- Você sempre se metendo em encrenca né irmãzinha. – Vejo lágrimas escorrerem dos olhos de Karina.

Ela da um sorriso fraco e aperta o ombro do irmão, olha para mim e fala que precisamos leva-lo para o hospital. Concordo com ela, mas nosso carro está detonado, e não acho que conseguiremos passar pelas pessoas que chegaram com facilidade.

Uma sirene toca mais alto, escuto alguém dar ordens para revistarem o lugar. Guilherme ao reparar na agitação, tenta se levantar para ver o que esta acontecendo, mas eu o impeço.

- Eles chegaram.

Eu e Karina olhamos para ele.

- Eles quem?

- A ABIN, eu pedi reforços quando estava vindo encontrar vocês.

Um alivio se instala em mim, pelo menos ele estaria seguro, mas vejo no rosto de Karina que tem algo errado.

- O que foi Karina?

- Não podemos ficar aqui – ela olha para o irmão – Se nos apanharem aqui, vão querer nos levar para fazer perguntas que não poderei responder.

- Não podemos deixar ele aqui assim Karina!

Ela me olha com dor nos olhos, é uma decisão impossível de ser tomada. Guilherme já com dificuldades para ficar acordado chama ela.

- Pega as minhas chaves Ka, meu carro esta inteiro ainda.

- Meu irmão...não posso te deixar.

- Pode e vai, faça.... Faça o que você precisa fazer – Ele olha para mim – Cuida dela – ele tem outra crise de tosse – Eu... caixa...mala...Nina.

É tudo que ele fala antes de perder a consciência. Meu peito se aperta, mas nosso tempo estava curto. Procuro a chave em seu bolso, olho para Karina que dá um beijo no rosto do irmão.

- Eu te amo, fica bem, por favor. – Lágrimas escorrem de seu rosto.

Ela se levanta e assente com a cabeça para mim, dou uma última olhada no homem que está deitado ali. Peço silenciosamente que a ajude não demore a chegar.

Saímos correndo em direção ao carro do Guilherme, sempre desviando das pessoas que estavam avançando com cuidado. As sombras da noite nos davam cobertura.

O carro de Guilherme não está sendo vigiado, saímos correndo detrás da coluna de cimento, em direção ao carro. Acabamos chamando a atenção de quem estava ali, eles gritam para pararmos, mas não fazemos.

O pessoal da ABIN abre fogo contra nós, mas já estamos dentro do carro. Ligo ele o mais rápido possível e saio cantando pneu, por um momento penso que viram atrás de nós, mas ninguém nos segue.

Karina está calada, provavelmente assustada com tudo que aconteceu e preocupada com o irmão, eu também estou. O caminho de volta para a casa, foi de puro silêncio.

Uma Vida em Uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora