Quando me virei para trás, Guilherme tinha pulado na frente de uma bala, que provavelmente teria me matado. Um dos capangas tinha subido em um dos andaimes.
Karina estava próxima a mim, viu toda a cena, com um grito disparou tiros na direção do homem que foi atingido e caiu. Ela veio correndo em minha direção, depois que derrubou o sujeito.
Guilherme tinha desabado em meu colo, ele tinha sido atingido na lateral esquerda do corpo, e estava todo machucado. Karina tinha conseguido chegar até nós dois, pedi para ela manter eles longe, enquanto tentava estancar o sangue.
A primeira coisa que fiz foi procurar a saída da bala, não tinha, a bala estava alojada em seu corpo. Vejo o fluxo de sangue que jorra do ferimento e fico preocupada.
Coloco meu joelho em cima dele para fazer pressão e estancar o sangue. Faço o máximo de força possível, para diminuir o fluxo de sangue que sai do ferimento.
Reparo que ele está usando cinto, o retiro rapidamente e o passo no peito, apertando o máximo que consegui. Guilherme geme com a dor do tiro, ele leva sua mão até meu joelho.
- Pelo menos consegui chegar a tempo de salvar você.
- O que você veio fazer aqui? – Eu olhava confusa e preocupada para ele.
- É uma história longa – Ele tosse, preciso tira-lo daqui o mais rápido possível – Mas descobri que você e a Ka iriam cair numa armadilha, além do mais, não ia deixar você ir embora daquela forma.
- Guilherme.... – Olho para o seu ferimento que não quer parar de sangrar.
- Está muito feio é? – Ele tenta dar um sorriso de lado que se transforma numa careta de dor.
- Fica calado, por favor. – Olho ao meu redor, procurando desesperadamente alguma coisa para move-lo.
Os tiros continuam sendo trocados, Karina está conseguindo manter os homens afastados. Ele segura na minha mão, forçando eu olhar para ele.
- Pelo menos, dessa vez você vai poder se despedir pessoalmente.
- Não fala besteira – Aperto sua mão – Eu não queria...
- Eu sei – Mais tosse com sangue – Não estou bravo com você, jamais conseguiria ficar puto contigo.
- Guilherme por favor, para de falar.
- Sabe, eu tinha uma surpresa preparada para você.... – Desço os meus lábios contra os dele.
- Será que essa é a única forma de fazer você ficar calado? – Sussurro contra os seus lábios.
Escutamos mais carros chegarem, sirenes estavam ligadas, os homens que abriam fogo contra nós, agora correm para os seus carros. Quem esta chegando, começa a trocar tiro com eles e Karina se volta para o irmão.
- O que posso fazer para ajudar. – Ela estava olhando desesperada para o irmão caído.
Olho ao redor novamente e vejo um carrinho de puxar, abandonado perto dos andaimes. Peço para Karina ir busca-lo, agora que não temos mais balas voando sobre nossas cabeças, todo o meu foco está em ajudar o Gui.
Dobro os joelhos dele e coloco os seus braços em seu peito, peço para Karina me ajudar a coloca-lo em cima do carrinho. Não sei quem chegou, não sei se posso confiar neles.
- Você vai ficar bem meu irmão. – Guilherme reabre os olhos.
- Você sempre se metendo em encrenca né irmãzinha. – Vejo lágrimas escorrerem dos olhos de Karina.
Ela da um sorriso fraco e aperta o ombro do irmão, olha para mim e fala que precisamos leva-lo para o hospital. Concordo com ela, mas nosso carro está detonado, e não acho que conseguiremos passar pelas pessoas que chegaram com facilidade.
Uma sirene toca mais alto, escuto alguém dar ordens para revistarem o lugar. Guilherme ao reparar na agitação, tenta se levantar para ver o que esta acontecendo, mas eu o impeço.
- Eles chegaram.
Eu e Karina olhamos para ele.
- Eles quem?
- A ABIN, eu pedi reforços quando estava vindo encontrar vocês.
Um alivio se instala em mim, pelo menos ele estaria seguro, mas vejo no rosto de Karina que tem algo errado.
- O que foi Karina?
- Não podemos ficar aqui – ela olha para o irmão – Se nos apanharem aqui, vão querer nos levar para fazer perguntas que não poderei responder.
- Não podemos deixar ele aqui assim Karina!
Ela me olha com dor nos olhos, é uma decisão impossível de ser tomada. Guilherme já com dificuldades para ficar acordado chama ela.
- Pega as minhas chaves Ka, meu carro esta inteiro ainda.
- Meu irmão...não posso te deixar.
- Pode e vai, faça.... Faça o que você precisa fazer – Ele olha para mim – Cuida dela – ele tem outra crise de tosse – Eu... caixa...mala...Nina.
É tudo que ele fala antes de perder a consciência. Meu peito se aperta, mas nosso tempo estava curto. Procuro a chave em seu bolso, olho para Karina que dá um beijo no rosto do irmão.
- Eu te amo, fica bem, por favor. – Lágrimas escorrem de seu rosto.
Ela se levanta e assente com a cabeça para mim, dou uma última olhada no homem que está deitado ali. Peço silenciosamente que a ajude não demore a chegar.
Saímos correndo em direção ao carro do Guilherme, sempre desviando das pessoas que estavam avançando com cuidado. As sombras da noite nos davam cobertura.
O carro de Guilherme não está sendo vigiado, saímos correndo detrás da coluna de cimento, em direção ao carro. Acabamos chamando a atenção de quem estava ali, eles gritam para pararmos, mas não fazemos.
O pessoal da ABIN abre fogo contra nós, mas já estamos dentro do carro. Ligo ele o mais rápido possível e saio cantando pneu, por um momento penso que viram atrás de nós, mas ninguém nos segue.
Karina está calada, provavelmente assustada com tudo que aconteceu e preocupada com o irmão, eu também estou. O caminho de volta para a casa, foi de puro silêncio.
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Uma Vida em Uma Semana
Mystery / ThrillerKarina, uma biomédica renomada, está enfrentando um dos piores momentos da sua vida. Histórias passadas voltam para assombra-la, enquanto que a uma organização que não existe legalmente, a está caçando desesperadamente, pois ela descobriu mais do q...