A manhã de domingo estava cinzenta, meus olhos estavam inchados de chorar a noite toda. Meu corpo estava dolorido pelo dia anterior, mas meu tornozelo estava um pouco melhor.
Me levanto da cama e vou tomar um banho, quando termino de colocar minha calça jeans e blusa azul, vou me escorando na parede até perto da escada.
Chamo por Nina para me ajudar a descer, entretanto ela não me escuta, chamo novamente, mas nada. Vou até o seu quarto, abro a porta e não a encontro lá dentro.
Me segurando firme no corrimão, vou descendo a escada bem devagar, quando chego no primeiro andar, a chamo novamente e de novo não tenho nenhuma resposta.
Olho de relance na sala, mas está vazia, vou até a cozinha para tomar café da manhã e também não a encontro. Não estou com muita fome, mas preciso me alimentar.
Preparo um café preto e torradas com manteiga, me sento na mesa para comer. Minha cabeça ainda está girando, não consigo acreditar que meu irmão tenha falecido.
A culpa por tê-lo envolvido naquilo tudo me corroía, ainda não entendia como ele tinha ido parar naquele canteiro de obra. A cena dele pulando na frente de Nina, ficava passando na minha cabeça.
Terminei de empurrar a comida, arrumei as coisas na cozinha e fui em direção a sala. Quando estava passando pela escada, vi a porta que dava para a sala de treinamento de tiro.
A sala era a prova de som, e se eu conheço pelo menos um pouco a Nina, tinha grandes chances dela estar lá embaixo. Me dirijo até a porta, e assim que a abro, escuto os disparos.
Quando chego na sala vejo Nina de costas, ela está descarregando uma arma atrás da outra nos alvos de papel. Está tão envolvida e concentrada, que não vê quando me aproximo com cuidado dela.
Espero ela terminar de gastar todas as balas da arma, antes de interromper. Quando ela vai pegar a próxima arma, coloco a mão em seu ombro, ela se assusta e aponta a arma para mim.
Quando vê que sou eu, abaixa a pistola e me olha de cima a baixo, como se analisando o meu estado. Nina coloca a pistola em cima da mesa, junto dos óculos de proteção e o protetor de ouvido.
- O que você está fazendo aqui? Era para você estar descansando.
- Não aguentava ficar mais enfurnada dentro daquele quarto – A olho intensamente – e eu não sou a única que deveria estar descansando.
Os olhos vermelhos e as olheiras profundas, mostram que ela chorou muito essa noite e não dormiu quase nada, ou nada. Muito provavelmente deve ter passado a noite aqui embaixo.
- Como você está?
- Nada bem, e você?
- Estou indo. – Ela desvia o seu olhar.
Compartilhávamos a dor da perda do mesmo ente querido, contudo, acho que Nina se culpa pela morte de Guilherme, afinal, a bala que o atingiu era para ela.
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Uma Vida em Uma Semana
Mystery / ThrillerKarina, uma biomédica renomada, está enfrentando um dos piores momentos da sua vida. Histórias passadas voltam para assombra-la, enquanto que a uma organização que não existe legalmente, a está caçando desesperadamente, pois ela descobriu mais do q...