Capítulo 30

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A manhã de domingo estava cinzenta, meus olhos estavam inchados de chorar a noite toda

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A manhã de domingo estava cinzenta, meus olhos estavam inchados de chorar a noite toda. Meu corpo estava dolorido pelo dia anterior, mas meu tornozelo estava um pouco melhor.

Me levanto da cama e vou tomar um banho, quando termino de colocar minha calça jeans e blusa azul, vou me escorando na parede até perto da escada.

Chamo por Nina para me ajudar a descer, entretanto ela não me escuta, chamo novamente, mas nada. Vou até o seu quarto, abro a porta e não a encontro lá dentro.

Me segurando firme no corrimão, vou descendo a escada bem devagar, quando chego no primeiro andar, a chamo novamente e de novo não tenho nenhuma resposta.

Olho de relance na sala, mas está vazia, vou até a cozinha para tomar café da manhã e também não a encontro. Não estou com muita fome, mas preciso me alimentar.

Preparo um café preto e torradas com manteiga, me sento na mesa para comer. Minha cabeça ainda está girando, não consigo acreditar que meu irmão tenha falecido.

A culpa por tê-lo envolvido naquilo tudo me corroía, ainda não entendia como ele tinha ido parar naquele canteiro de obra. A cena dele pulando na frente de Nina, ficava passando na minha cabeça.

Terminei de empurrar a comida, arrumei as coisas na cozinha e fui em direção a sala. Quando estava passando pela escada, vi a porta que dava para a sala de treinamento de tiro.

A sala era a prova de som, e se eu conheço pelo menos um pouco a Nina, tinha grandes chances dela estar lá embaixo. Me dirijo até a porta, e assim que a abro, escuto os disparos.

Quando chego na sala vejo Nina de costas, ela está descarregando uma arma atrás da outra nos alvos de papel. Está tão envolvida e concentrada, que não vê quando me aproximo com cuidado dela.

Espero ela terminar de gastar todas as balas da arma, antes de interromper. Quando ela vai pegar a próxima arma, coloco a mão em seu ombro, ela se assusta e aponta a arma para mim.

Quando vê que sou eu, abaixa a pistola e me olha de cima a baixo, como se analisando o meu estado. Nina coloca a pistola em cima da mesa, junto dos óculos de proteção e o protetor de ouvido.

- O que você está fazendo aqui? Era para você estar descansando.

- Não aguentava ficar mais enfurnada dentro daquele quarto – A olho intensamente – e eu não sou a única que deveria estar descansando.

Os olhos vermelhos e as olheiras profundas, mostram que ela chorou muito essa noite e não dormiu quase nada, ou nada. Muito provavelmente deve ter passado a noite aqui embaixo.

- Como você está?

- Nada bem, e você?

- Estou indo. – Ela desvia o seu olhar.

Compartilhávamos a dor da perda do mesmo ente querido, contudo, acho que Nina se culpa pela morte de Guilherme, afinal, a bala que o atingiu era para ela.

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