Capítulo 6

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A quarta-feira começou calma, minha mãe tinha ido tomar um café e meu pai estava comigo assistindo séria no celular

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A quarta-feira começou calma, minha mãe tinha ido tomar um café e meu pai estava comigo assistindo séria no celular. Ele quis trazer um pouco de casa para o hospital, quando morávamos juntos sempre passávamos as madrugadas vendo filmes e séries.

Meu pai é um homem de quase sessenta anos, ele não é muito alto, sua pele é morena, tem os cabelos grisalhos e os olhos cor de mel iguais aos meus. 

Quem nos vê nesse momento relaxante, nem sonha pelo que já tivemos que passar até chegarmos nesse ponto. Acho que para toda menina o pai é um super-herói, pelo menos para mim o meu era, até o momento que meu mundo foi despedaçado.

Eu era um grude gigantesco com o meu pai, tudo que eu queria fazer pedia para ele ir comigo, me levar nos brinquedos, participar de festividades. Entretanto conforme fui crescendo meu pai começou a não ir em tantas coisas minhas, pois estava sempre trabalhando.

Quando estava com treze anos descobri que esse trabalho tinha nome e sobrenome. Aquele homem que era um modelo para mim, que aos meus olhos de inocente era perfeito, estava machucando a minha mãe de uma das piores formas que eu conheço.

A traição do meu pai deixou marcas profundas em mim e na minha família. Durante toda a minha adolescência meus pais viviam brigando dentro de casa, minha mãe não quis se separar a principio, para mim esse foi o seu pior erro.

Vi como a falta de confiança destrói qualquer relação, meu pai prometeu que nunca mais faria isso, mas nunca se promete algo que não irá cumprir.

Não sei direito quantas amantes ele teve durante esses anos, prefiro também não saber. Apesar de hoje em dia saber que o homem na minha frente é meu pai, que ele me ama independente da sua relação com a minha mãe, naquela época foi difícil separar.

Essa dificuldade se dava por eu ver minha mãe chorando a noite, eles gritando um com o outro, um relacionamento extremamente tóxico. Minha mãe não o largava, por ainda ter esperanças e por nossa causa.

Quando ela finalmente aceitou que tinha acabado e nós já tínhamos crescido, ela pediu a separação, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. A distância fez um bem gigantesco para nós dois, eu consegui começar a enxerga-lo como meu pai, comecei a separar o homem pai do marido.

Foi uma lição que aprendi a duras penas, mas que agradeço todos os dias por ter conseguido fazer, graças a ajuda de uma psicóloga. Infelizmente nem todos os traumas daquela época e males foram curados, ainda tenho problemas de confiar nos outros, principalmente em relacionamentos amorosos.

Hoje em dia eles se dão super bem, são amigos e até brincam um com o outro. Minha mãe virou outra pessoa depois da separação, ela ganhou um brilho que eu não via a muito tempo.

Começou a malhar, a correr, voltou a estudar, fez duas pós-graduações e se envolveu em diversos projetos sociais. Ela começou a viver feliz com ela mesma, sem depender de ninguém para isso.

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