Quando chegamos na casa, Karina retirou os coldres com as armas os colocando em cima da mesa de centro. Ela se sentou no sofá e ficou encarando o nada.
Retirei minhas armas e fui até o banheiro, aonde peguei um kit de primeiros socorros. Me olhei no espelho e vi o trapo que estava, resolvi tomar um banho para poder cuidar dos meus ferimentos, precisava estar inteira antes de cuidar de outra pessoa.
Quando retornei para a sala, ela continuava sentada no mesmo lugar, sentei ao seu lado e pedi para que virasse o rosto para mim. O corte do supercílio não tinha pego o olho, e os outros não estavam tão profundos.
Pedi para que ela fosse se limpar, pois precisava lavar os ferimentos para só depois poder cuidar deles. Karina estava num modo automático, eu entendia ela, não deveria estar sendo fácil digerir tudo que tinha acontecido.
A ajudo a se levantar e apoio o seu peso em mim, já que seu tornozelo estava torcido e doendo. Ela sobe a escada com certa dificuldade, assim que chega no quarto se encaminha para o banheiro.
A espero em seu quarto, pego o controle da televisão e a ligo, está quase na hora do noticiário, quero saber se vão falar algo sobre o corrido. Deixo a televisão num volume baixo.
Levo a muda de roupa para ela no banheiro e dou privacidade para se vestir, quando Karina termina de se arrumar, vou até ela e a ajudo a ir até a cama.
Coloco seu pé para cima e busco gelo na geladeira do quarto, vejo com mais calma os seus ferimentos, não teve nenhum grave, aplico o remédio e coloco os curativos.
- Obrigada por hoje Nina.
A olhei sem entender muito bem do que falava.
- Pelo que?
- Por ter feito de tudo para me salvar. Não teria conseguido escapar se não fosse por você. – Ela me olha nos olhos e dá um sorriso fraco.
Assinto com a cabeça, tivemos muita sorte do carro que estávamos, ser revestido numa cabine especial, que é preparada para esse tipo de acidente, caso contrário, poderíamos não estar vivas agora.
Contudo, apesar de termos escapado, parecia que tínhamos perdido a batalha. Peço que ela me chame quando o noticiário começar, Karina balança a cabeça e se deita na cama.
Fui até o quarto aonde eu estava, precisava checar uma coisa. A imagem de Guilherme antes de desmaiar não saia da minha cabeça, nem o que ele tinha falado.
Assim que abro a porta do quarto vou em direção a cama, me abaixo e procuro a mala, ela está no fundo da cama, me deito no chão para poder alcança-la, finalmente consigo retirar mala que tinha trago da casa do Guilherme.
A pequena malinha marrom que continha meus documentos, dinheiro reserva, telefone descartável e mais alguns acessórios que eu poderia vir a precisar, caso tivesse que sair correndo, não tinha sido aberta desde que cheguei no Brasil.
Sento na cama e a coloco no meu colo, meu coração está disparado e minha respiração irregular. Minhas mãos tremem, conforme digito a senha para destravar as trancas.
- Coragem Nina. – Falo para mim mesma.
Levanto a tampa da mala, a princípio não tinha nada de diferente ali dentro, vou mexendo com cuidado nos meus pertences. Quando retiro os passaportes, vejo que embaixo deles, uma carta se encontra junto com uma caixinha preta aveludada.
Estou com minha respiração presa quando pego os objetos, coloco a caixinha ao meu lado e desdobro a carta. Era a letra de Guilherme, jamais confundiria aquela escrita peculiar.
Não consigo acreditar no que leio, um aperto surge no meu coração, juntamente da culpa por tê-lo deixado. Quando termino de ler a carta, um sorriso bobo brinca nos meus lábios.
Coloco a carta apoiada na cama e pego a caixinha, tenho receio de abri-la. Fecho os meus olhos, respiro fundo e levanto a tampa da caixinha, um anel de ouro amarelo, cravejado de pequenos diamantes, que no topo faziam o V da base de uma pedra de rubi em formato de coração, repousava solitário no veludo preto.
Retiro o anel da caixa e observo que tem algo gravado dentro dele, o aproximo dos meus olhos para poder ler. A inscrição foi feita numa letra desenhada e muito delicada.
"Para meu amor que me levou além do arco-íris. "
Com um sorriso largo ponho o anel no meu dedo anelar, ele se encaixa perfeitamente. Estava admirando o anel em minha mão, quando escuto Karina gritar.
Saio correndo do meu quarto e vou em direção ao dela, quando chego lá, Karina está ajoelhada no chão aos prantos. Me ajoelho perto dela e pergunto o que aconteceu.
Ela não para de chorar, a abraço e tento acalma-la. Quando olho ao redor do quarto para ver se encontro o motivo do choro, me deparo com a manchete do jornal.
A foto de Guilherme estava exibida, assim como a chamada da matéria. Quando meus olhos leram o que estava escrito, senti meu chão faltar e meu coração se partiu em mil pedaços.
"Paraquedista morto durante tiroteio. "
Abracei Karina bem forte, não escutava mais o que a televisão falava, minha cabeça estava rodando. Olhei para as minhas mãos que estavam entrelaçadas e vi o anel em meu dedo. Tudo que consegui fazer, foi somente deixar as lágrimas caírem.
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Uma Vida em Uma Semana
Misterio / SuspensoKarina, uma biomédica renomada, está enfrentando um dos piores momentos da sua vida. Histórias passadas voltam para assombra-la, enquanto que a uma organização que não existe legalmente, a está caçando desesperadamente, pois ela descobriu mais do q...