Capítulo 13 - Ingênua

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Os dias passavam. Embora ainda doesse o coração de Júlia ver Leandro e Ester juntos, estava até se acostumando com o namoro dos dois. Tudo indicava  que não houve  mais nenhum atrito entre o casal depois daquele dia.

No entanto, Júlia ainda se sentia um pouco confusa ao ver que Leandro não escondia o seu desconforto em ver Danilo sempre perto  dela. E ela associava isso à ciúme. Como poderia esquecê-lo de vez se ele alimentava suas esperanças? Seus esforços em não amá-lo nunca surtiriam efeito enquanto ele a tratasse daquela maneira, se importando com ela.

E ao mesmo tempo isso a deixava muito feliz, embora soubesse que não era certo. Isso a envergonhava um pouco. Sabia que não deveria agir daquela forma e o mais prudente seria se afastar. Mas sempre que tentava, lá estava Leandro cobrando porque ela não havia se aproximado deles na escola, e até mesmo porque não se falavam como antes no whatsApp. Insistia em falar o quanto a amizade dela era importante para ele e como o namoro recente não havia alterado isso em nada.  Essas e demais coisas a deixava em uma situação embaraçosa. Sentia-se como se estivesse competindo com Ester, em busca da atenção de Leandro.  Mesmo sem saber, ele estava contribuindo para que ela se iludisse. 

Por outro lado, estava ficando muito próxima de Danilo. Todas as manhãs ele lhe esperava na esquina, e sempre tinha mil e um assuntos na cabeça  para conversarem. Danilo se interessava muito pela sua vida e dia-a-dia,  e não se incomodava quando Júlia passava vários minutos falando  do seu amor platônico e sua luta interior em reprimir esse sentimento. Danilo a aconselhava a não criar expectativas com a atenção que Leandro lhe dava, pois no seu ponto de vista,  tendo ele namorada, ela poderia se machucar mais adiante. Júlia tentava seguir o conselho, mas era difícil. Muito difícil.

Certo dia, Ester faltou a aula, e mal Júlia saiu da sala, Leandro já estava à sua procura.  Danilo tinha ido ver algumas coisas com o professor de Biologia, e Júlia se viu estranhamente feliz em está a sós com Leandro. E parecia que o mesmo compartilhava da mesma sensação, pois estava muito falante e rindo, de uma forma que Júlia nunca mais presenciara.

- Que foi?  - ela perguntou ainda admirada- Viu passarinho verde hoje?

- Julhinha querida, eu tenho muitos motivos para está tão feliz hoje! E um deles é  que consegui aquele emprego que eu tanto queria na loja de eletrônicos. - completou ele com um sorriso.

Há semanas que Júlia o ouvia falar a respeito desse emprego de meio período, e isso de fato, era algo muito bom.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! - Repetiu ela com as mãos no rosto ainda surpresa.

- Pois é.  Semana que vem já começo.

Em um impulso, Júlia abraçou Leandro.

- Meus parabéns! Você é demais!

Ah, como era bom aquele abraço! Júlia não queria se afastar nunca. E realmente chegou a demorar um pouco mais que o normal. Foi quando sentiu que, delicadamente, ele retirava os braços dela que estavam em volta de si.

Ele pareceu sem jeito ao falar:

- Me desculpe, Júlia. Sei que isso sempre foi comum entre nós e nos tratamos como irmãos, mas não fica legal continuarmos agindo assim. Agora, eu namoro com a Ester.

Júlia não sabia o que mais despedaçava seu coração: ouvir ele reafirmar o namoro,  ou dizer que tinha sentimentos de irmão para com ela. E também estava extremamente envergonhada. Foi muito constrangedor.

Sentindo a dor da rejeição por parte daquele a quem tanto amava, a muito custo conseguiu segurar as lágrimas e responder :

- Claro, claro. Me desculpe. Você namora agora, eu não deveria...

Ele foi rápido em se desculpar também :

- Não é por mal, Júlia, é que eu e Ester conversamos muito, e estou tentando ser um namorado melhor. E isso inclui...

- Eu entendi, Leandro. Isso não vai mais se repetir, eu prometo.

Ela estava louca pra sair dali ou cairia no choro. E chorar na frente de Leandro seria mais humilhante ainda. Nem deixou ele falar mais alguma coisa e correu até o final do pátio, desceu ao pequeno jardim que existia ali, um lugar onde sabia que poderia derramar suas lágrimas em paz.

" Como sou boba! Ele está namorando! Claro que isso iria mudar alguma coisa entre nós. "

Ao lembrar o quão ingênua havia sido, ela chorou mais ainda.

Complicado Amor (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora