Capítulo 21 - Frase errada

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Júlia sentiu tudo ao redor de si girar. Jamais suspeitava que a discussão tivesse sido tão séria assim, a ponto de resultar no término do namoro. Queria saber até onde Leandro iria contar:

Júlia : Nossa! Como assim terminaram???  Pq???

Leandro: A Ester é muito teimosa. Não acredita no que falo.

Júlia : Como assim?

Leandro: Ela desconfia muito de mim.

Ele nunca iria contar a verdade. Não falaria que a amizade dos dois havia contribuído para isso.

Então Júlia tomou uma decisão: iria ver Ester. Não passaria mais um minuto sossegada, se não soubesse como ela estava lidando com tudo isso.

No caminho foi pensando como a amiga a receberia. Será que a acusaria culpada de tudo e a mandaria embora? Júlia não a julgaria se ela agisse assim. Reconhecia que o fato de gostar de Leandro impediu de que ela tivesse mais cuidado com o tempo que eles passavam juntos. Sentia como se tivesse invadido o namoro deles.

Ela chegou, apertou a campainha e quem atendeu foi a mãe dela. A mulher  ficou muito feliz em ver Júlia.

- Que bom que veio, Júlia! - Samara era o nome dela - Talvez Ester se anime em te ver. Desde que ela chegou está muito chateada. Não quer me contar o que aconteceu. Nem almoçar ela quis.

Júlia entrou e a seguiu pelo corredor. Na última porta, Samara bateu.

- Filha, olhe só quem veio te visitar.

Ester resmunga algo, mas abre a porta. Encara Júlia muito surpresa:

- O que veio fazer aqui? - perguntou depois que fechou a porta do quarto.

- Você saiu da aula sem falar nada. Fiquei preocupada.

- Desculpa. Mas é que eu não estava muito bem.

- O Leandro me contou que vocês terminaram. - Disse e se arrependeu no mesmo minuto. Ester poderia se irritar por ele já ter contado a ela.
Mas ela pareceu não se importar.

- Pois é. Namorar é totalmente diferente do que eu imaginei. Acho que os filmes só contam a parte boa.

- Como assim?

- Eu aceitei namorar com o Leandro pelo amigo que ele era, sabe? Eu o admirava por ser gentil, atencioso... Fiquei imaginando um namorado com as qualidades que ele tinha. Mas assim que começamos a namorar, ele mudou completamente.

- Mudou como? - Júlia ousou perguntar.

- Ele mudava de comportamento facilmente. Eu nunca tinha visto esse lado dele. Tinha dias que estava normal, depois ficava calado por muito tempo, como se estivesse irritado com alguma coisa... É difícil explicar.

Júlia viu que Ester também não contaria o verdadeiro motivo do fim do namoro.

- Bom,  - Ester se levantou - já que veio para me dar uma força, vamos parar de falar no Leandro e fazer outra coisa!

Elas passaram a tarde se divertindo juntas, e Júlia se deu conta que fazia muito tempo que não passava momentos assim com Ester. Em nenhum momento ela culpou Júlia, nem mesmo insinuou que ela teve culpa no fim do relacionamento. Júlia sentiu-se grata pela amiga que tinha.

Voltou para casa já quase noite, despreocupada e com o coração em paz.

No dia seguinte, ia saindo pela manhã, como de costume, quando levou um susto: Leandro estava lhe esperando.

- Oi... Estou de volta.

Essa era uma coisa para a qual Júlia não estava preparada. Já estava acostumada em ter a companhia de Danilo para ir à escola. Quando chegassem à esquina iria ser um problema.

Ao ver Danilo, Leandro reclamou:

- Ai não! Esqueci esse pequeno detalhe.

- Pois é. Danilo tem sido minha companhia ultimamente. Por favor, aja civilizadamente.

Danilo deu bom dia, mas só Júlia respondeu. Ele olhou para ela como se estivesse querendo entender o que estava acontecendo. Começou a falar com Júlia, e Leandro permaneceu calado até chegarem. Antes de entrarem, Danilo perguntou :

- O que aconteceu? Por que ele veio com a gente hoje?

- Ele e Ester terminaram.

- Sério? - Danilo estava um pouco desapontado.

Entraram e Ester já estava na sala.

- Ele veio com vocês? - perguntou ela.

- Sim.

- Como ele estava?

- Calado. Ele não gosta do Danilo.

No intervalo, Ester se juntou à Júlia e Danilo, enquanto Leandro preferiu a companhia de alguns amigos de sua turma. De vez em quando lançava olhares para eles. Júlia não pôde deixar  de sentir um pouco de pena. Ele era seu melhor amigo, afinal.

Antes do fim do intervalo, ele se aproximou.

- Júlia, posso falar contigo?

Ela olhou para seus dois amigos e se levantou. Caminharam até um local mais afastado.

- Eu estou me sentindo excluído.

- O que você quer eu faça? Você bem que podia sentar com a gente.

- Você só pode está brincando.

- Leandro, eu não posso deixar o Danilo e a Ester para dar atenção a você. Por que você e a Ester não se resolvem? Não precisam ser inimigos um do outro. Antes de namorados, vocês eram amigos.

- Ainda tem o Danilo.

- Você já tentou conversar com ele?

- Pelo visto, nada do que eu fale convence você.

- Leandro,  não vou ficar com raiva do Danilo só porque você não gosta dele, tá bem? Ele nunca me fez mal nenhum. Pelo contrário, quando eu mais precisei, ele apareceu.

- Como assim quando você mais precisou?

Ai, não! Frase errada!

- Júlia, fiz uma pergunta.

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