Capítulo 15 - Nervosa

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Fugir de Leandro, tinha sido a rotina da semana para Júlia. Todos os dias, chegava e ia direto para a sala de aula, e saía bem depois de todo mundo. Por sorte, ele havia começado a trabalhar, e ia da escola direto para a loja, facilitando assim, sua fuga diária. Ester ainda estranhou seu comportamento no começo, mas depois de umas desculpas esfarrapadas, não perguntou mais nada. Danilo se limitava a rir e dizer que não via a necessidade daquela aflição toda.

- Uma hora você vai precisar falar com ele. - alertava.

Mas para Júlia, a cena ainda estava bem viva na memória, a ponto de suas bochechas ficarem vermelhas só em ela lembrar.

O que mais a intrigava era a ausência de mensagens. Nem mesmo um "Bom dia" ou "Boa noite" por parte dele. Leandro nunca havia deixado ela no vácuo assim. Aquilo não era comum. Mas nem por isso, seria a primeira a puxar conversa.

Na sexta-feira, Danilo lembrou:

- Não esqueça que você prometeu ir ao culto de jovens amanhã na minha igreja.

Júlia tinha se esquecido completamente. Colocou a mão na testa antes de responder:

- Puxa! Preciso falar com meus pais primeiro.

- Não acredito que ainda vai falar! - Ele cruza os braços.

- Desculpa! E aliás, eu não prometi. Disse que iria pensar!

- Por favor, Ju.

"Quer dizer que agora eu sou 'Ju'?" - De qualquer forma, era um apelido fofo.

- Tá bom, tá bom. Vou falar com meus pais. Se liberarem, eu vou.

Já que ele não ia desistir tão fácil, o melhor seria aceitar.

- Combinado.

Júlia saiu da escola bem mais tranquila do que no começo da semana. O fato de não ter visto Leandro nenhum dia sequer, era em parte estranho, mas bem reconfortante. Quanto mais dias passassem depois do episódio ocorrido, melhor.

Passou a tarde toda estudando uma prova de Química para a semana seguinte. Já era quase noite quando recebeu uma mensagem de Danilo:

Danilo: Não esquece de falar com seus pais. Estou aguardando.

Antes que esquecesse de fato, foi falar com seu pai. Queria falar com os dois juntos, mas sua mãe estava muito ocupada cuidando das roupas que haviam de serem lavadas.

- Pai, preciso lhe pedir uma coisa. - disse ela se aproximando.

- Se for dinheiro, já vou avisando que...

- Não, não é dinheiro. É que o Danilo me pediu para ir à um culto amanhã na igreja dele. Ele prometeu me buscar e vim me deixar.

- E quem é esse Danilo?

- Um amigo da escola.

- Hum...

- Eu posso?

- Primeiro quero falar com ele. Se está interessado na minha filha, tem que vim falar comigo.

- Pai! É só um amigo! Ele não está interessado em mim. De onde tirou isso?

- Não esqueça que seu velho pai já foi jovem. Eu sei como começa as coisas.

Júlia saiu antes que seu pai viajasse mais que o devido, e mandou a reposta para Danilo:

Júlia : Ele aceitou. Mas você precisa falar com ele primeiro.

Danilo: Ótimo. Saio mais cedo então.

Júlia : Sério? Você não se importa?

Danilo: Porquê? Ele é muito perigoso?
Júlia : Claro que não!

Danilo: Então não vejo problema. Chego aí amanhã às 18:30.

Júlia : ok.

Sábado chegou.

Foi um sufoco para Júlia encontrar uma roupa. Tanto que Marina teve que intervir.

- Júlia, você vai para um culto de jovens. Escolhe um dos vestidos que você costuma usar quando vai à igreja. Usa esse aqui. - ela puxa um vestido azul-marinho.

- Esse não! É muito sério. E se as meninas pensarem que eu sou careta?
- Vai com este rosa, então. - ela tira outro.

- Não, mãe. Vão pensar que sou patricinha.

A paciência de Marina se esgotou ali.

- Escolhe qualquer um. Mas não pense que vai ganhar um vestido novo!

Júlia faz um biquinho de inconformada. Na verdade ela não visitava outras igrejas com frequência, e ir sem seus pais já era outra novidade para ela. Não queria passar vergonha na frente de outras pessoas.

Dezoito horas e já estava pronta. E muito nervosa. Estava indo para um local onde só conhecia Danilo! Quase manda uma mensagem avisando que havia desistido.

Dezoito e quinze a campainha tocou.

" Nossa! Chegou antes do horário marcado." Pensou ela e foi abrir a porta.

Mas quem estava diante dela não era Danilo. Era o Leandro.

Complicado Amor (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora