Capítulo 14 - Convite

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Sentada no chão, escondida atrás de uma roseira, Júlia viu seu castelo de sonhos desmoronar. Agora sim, tinha se esvaído a última das últimas esperanças. Até então, ela sempre enxergava algo que lhe encorajava a prosseguir com seu amor, mas o último gesto de seu crush, deixou claro, o inevitável : ela tinha que urgentemente esquecer Leandro. Como? Ela não sabia. Mas tinha que arranjar um jeito de descobrir.

Escutou passos de alguém que se aproximava, e se encolheu. A última coisa que desejava era que algum aluno a encontrasse naquela condição: totalmente frágil. Ainda mais se fossem um daqueles babacas do time da escola ou mesmo umas daquelas patricinhas de nariz empinado. Mas preferia mil vezes que fosse algum deles do que ser o Leandro. Ao mesmo tempo, queria que fosse Leandro. Pois correr atrás dela seria uma forma de expressar de que ele se importava com ela. Mas pelo visto, nem isso ele faria.

Para seu desespero, os passos caminhavam exatamente na sua direção. Não adiantava tentar se esconder, ela seria descoberta. Foi quando duas mãos afastaram a roseira e, surpresa, viu aparecer a cara de Danilo. Melhor ele do que qualquer outra pessoa.

- Se veio dizer "eu avisei" melhor me deixar sozinha. - ela falou em tom de defesa.

- Claro que não. Eu nem mesmo sei o que aconteceu. E que tipo de amigo seria eu vindo até aqui só para falar isso?

Júlia suspirou. Realmente foi muito bom ser Danilo.

- Eu vi você sair correndo nessa direção, e vim ver o que havia acontecido. Certamente, não foi coisa muito boa. - Ele fala olhando para ela.
Neste instante, Júlia se dar conta de como ela deve está horrível com os olhos inchados de tanto chorar.

- Por favor, eu preciso ficar sozinha. - ela diz tapando o rosto com as mãos.

- Tem certeza? Você não parece nada bem.

- Não estou muito bem mesmo. Mas vai passar.

- Não quer me contar o que aconteceu?

- Eu fiz uma burrice. - diz ela de cabeça baixa.

Danilo se senta ao lado dela:

- O quê exatamente você quer dizer com a palavra "burrice"?

Então Júlia se viu contando toda sua dramática história, que a fez chorar muito mais. Danilo em nenhum momento a interrompeu e nem ficou relembrando os conselhos dados, apenas fez o que ela queria: ele ouviu. Quanto mais falava, mais ela tinha certeza que havia feito papel de boba.

- E agora? Como vou ter coragem para encarar o Leandro de novo? Nunca mais quero olhar na cara dele!

- Primeiro, - Falou Danilo se levantando e limpando o uniforme - teremos que nos preocupar em arranjar uma boa desculpa para explicar nosso atraso de mais de vinte minutos na aula.

- Ai, nem me fale! - ela segurou na mão que Danilo lhe estendia para se levantar - Não tenho como entrar na classe desse jeito. Estou arrasada!

- Vamos falar com a coordenadora. Ela vai saber o que fazer.

Minutos depois, eles estavam na biblioteca.

- É de surpreender como esse local virou o meu preferido nesta escola. - Júlia estava muito feliz com a compreensão da coordenadora em liberar ela e Danilo das aulas.

- Sempre foi o meu.

- Isso indica que você sempre foi solitário.

- Nada disso. Na outra escola eu era um dos mais populares. - Ele diz fazendo charme.

- Ha ha! Fui a única a aceitar a amizade do novato esquisitão.

- Sério? É isso que falam de mim? - Ele pergunta fazendo uma careta.

- Não exatamente. Apenas que você é muito reservado.

- Você também é. Aliás, foi uma das coisas que mais gostei em você. - Como se houvesse falado algo que não devia, ele baixa a cabeça.

Júlia procurou quebrar o clima constrangedor:

- E aí? Me fala como é a sua igreja.

Foi o suficiente para que Danilo voltasse a conversar. E no final ainda fez um convite:

- Bem que você poderia fazer uma visita. Sábado da semana que vem, tem um culto para a juventude. Será que você não poderia ir?

- Bom... Eu teria que pedir aos meus pais. Não vai haver nada na nossa igreja, mas o problema é que eles não gostam que eu ande sozinha à noite. É muito longe?

- Não é não. Poucas ruas depois da minha. E da sua também, já que somos quase vizinhos. Mas eu posso buscar você. E quando terminar, vou te deixar em casa.

- Vou ver. Qualquer coisa me relembre.

Era uma quinta-feira, e mal a campainha tocou, Júlia voou para o portão em busca de sair antes que Leandro a visse. Na sexta-feira, também deu um jeito de se esconder dele, chegando a ter que demorar no banheiro para que não fosse embora junto com o pai da Ester. Enfim, ela havia sobrevivido àquela semana, sem ser preciso olhar Leandro de frente. Embora, várias vezes olhava o celular procurando, inutilmente, por uma mensagem de pedido de desculpas.


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Oi queridos! Mais um capítulo para vocês! Agradeço a cada um que tem chegado até aqui, e continuem, pois muitas águas ainda vão rolar!

Complicado Amor (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora