- Como??? - Júlia ainda não estava acreditando no que acabara de ouvir. Suas mãos estavam suadas, suas pernas tremendo, e seu coração estava batendo tão forte que ameaçava sair do peito.
"Eu devia ter me preparado melhor psicologicamente para a noite de hoje."
- Bom, eu estou perguntando se... - Danilo quis explicar achando que Júlia não havia entendido.
- Não! - ela se apressou em responder - Eu entendi o que vocês quis dizer. É só que eu... Eu... então... - ela se enrolou toda e não terminou a frase.
- Olha, se está preocupada com o que seus pais vão achar, pode ficar tranquila que já falei com eles.
- Você o quê??? - o que mais poderia acontecer naquela noite?
- Júlia, eu não me arriscaria a fazer isso sem ter a permissão dos seus pais. E também já falei com os meus.
- Você também falou com os seus pais sobre mim? - perguntou já sentindo seu rosto queimar de vergonha.
- Sim. Na verdade bem antes de eles conhecerem você. Por isso, fiz de tudo para aproximar você de minha família. - ele sorriu de um jeito esperto.
- Você já tinha planejado tudo, não era?
- Bem mais do que você imagina. - ele suspirou. - Olha, não estou lhe pedindo em namoro. Apenas para orarmos e saber se é da vontade de Deus firmarmos um compromisso depois.
Júlia sentiu um frio na barriga quando ouviu a palavra compromisso. Aquilo era sério. Muito sério. Porém... Era com o Danilo que ela iria se comprometer. Rapazes como ele eram raríssimos. Sentiu-se sortuda.
- Você aceita? - ele repetiu a pergunta.
- Eu aceito. - as palavras saíram de dentro do coração.
...
Júlia chegou à escola naquele dia radiante. O susto e o nervosismo da declaração já havia passado, e só restou uma alegria enorme. Danilo havia dito que gostava dela. O Danilo! Ela poderia suspeitar que tudo não passava de um sonho, ( e até chegou a pensar! ) mas antes de dormir, recebeu uma mensagem dele reforçando o que havia falado. As mensagens eram a prova de que ela não havia sonhado. O sorriso, no entanto, diminuiu quando deu de encontro com Leandro.
- Que susto!
- Você estava andando sem prestar atenção em nada. E ainda por cima, sorrindo toda abobalhada.
- Dar um tempo, Leandro!
- Dar um tempo? Você mudou, Júlia! Sinceramente, não é mais a mesma pessoa que conheci. Você era minha melhor amiga e...
- Era? - aquilo a magoou um pouco.
- Sim. Você não é mais. Melhores amigos não abandonam um ao outro. - disse e saiu.
Júlia ouviu chocada aquelas palavras. Leandro poderia está fazendo um drama ou chantagem, mas ela se sentiu tocada. Mesmos distantes ultimamente, ela sentia um enorme carinho por aquele que era seu amigo de infância. Correu atrás dele.
- Leandro! Leandro! - chamou enquanto passava no meio de outros alunos.
Ele se voltou e esperou por ela.
- Não é verdade. Eu não abandonei você. Você que se afastou de mim.
- É mesmo? Eu procurei por você. Eu fui até à sua casa. E nestas duas últimas vezes que nos falamos, você me trata de forma indiferente. Você mudou sim, Júlia. Quanto tempo faz que você não vai à minha casa? Você nem mesmo me manda uma mensagem para saber como estou. Isso era comum entre nós.
- Me desculpe! - ela falou com a cabeça baixa. Ele tinha razão.
- Está desculpada! Não sei o que aconteceu para você se comportar assim, mas se foi algo que eu fiz...
- Não, não foi! - respondeu mesmo tendo consciência de que o afastamento foi para poder esquecê-lo de vez.
- Então não vejo motivos para continuarmos afastados. - Ele responde colocando o braço em volta de seu ombro, envolvendo-a em um abraço e caminha em direção à sala de aula. Júlia se sentiu incomodada com aquilo mas não sabia como impedir. E agora?
Ela entrou na sala, onde Ester já estava e lhe saudou com um sorriso, pensando no emaranhado de emoções que era sua vida. Danilo, chegou um pouco depois se desculpando por novamente não ter vindo com ela. Júlia lhe ofereceu um sorriso sem graça. Minutos antes, não via a hora de vê-lo, mas Leandro havia bagunçado tudo. Ela não entendia a rivalidade entre os dois. Foi então que lembrou de uma conversa com ele há um tempo atrás, e aproveitou que Ester estava distraída conversando com uma colega e falou para Danilo:
- Eu sei porque o Leandro não gosta de você. - disse baixinho.
- O Leandro? - ele estranhou o assunto tão repentino.
- Ele disse que você queria ser melhor que todo mundo.
- Não me admira ele pensar isso. Como sou muito seleto em minhas amizades, as pessoas tendem a pensar isso de mim. Não é novidade.
- Ele disse que você recusou a jogar no time dele.
- Com certeza ele não falou das brincadeiras de mau gosto dos amigos dele. Eu não ia me sentir bem em um time assim.
- Foi isso que aconteceu?
- Júlia, eu sei que é seu primo e seu amigo, mas quero que saiba que na oportunidade que o Leandro tiver, ele vai te colocar contra mim.
Júlia ficou refletindo nas palavras de Danilo. E ele a mais absoluta razão. Todas as vezes que Leandro tocou no nome de Danilo foram de forma ruim. Leandro estava determinado a não gostar dele e pronto. E se ele soubesse que os dois estavam orando? Justo agora, ele tinha resolvido a se aproximar. Era uma amizade de anos que ela lamentaria muito perder. Seria muito bom se ele se resolvesse com Danilo. Mas aquilo parecia fora de questão para ele.
" Oh, Deus! Por que tudo tem que ser tão complicado? "
--------------
Vocês merecem mais um capitulo hoje😍
VOCÊ ESTÁ LENDO
Complicado Amor (LIVRO 1)
RomanceQuem já teve um amor platônico? É justamente isso que Júlia Beatriz está vivendo. E pior: pelo seu amigo de infância, que para complicar mais ainda é também seu primo. Leandro, sem desconfiar dos sentimentos da menina, começa a se interessar por Est...