Complicado Amor (LIVRO 1)

Capítulo 18 - Dor de cabeça

Júlia acordou mais tarde naquele domingo. Quando chegou na cozinha, seus pais já estavam tomando café. Deu "Bom dia", um beijo em cada um e sentou. Seu pai tinha acabado de sair quando sua mãe avisou.

- Vamos almoçar na casa da Paty hoje.

Isso significava que naquele dia ainda, iria ver Leandro. Pra ser sincera, e para sua surpresa, ela não estava com a mínima vontade de vê-lo. Ela sabia que ele ainda estava carrancudo.

- Será que não posso ficar? Tenho uma prova de Química amanhã. É um conteúdo muito difícil, preciso estudar muito...

- Nem pense nisso, sua tia iria ficar muito chateada. Muito me admira você falar isso. - olhou desconfiada para Júlia - Preferia a casa dela do que a nossa. Era um custo tirar você de lá.

- Na minha infância, mãe...

- Que seja! Mas a resposta ainda é não.
-Mas a prova vai ser no primeiro horário, está muito difícil mesmo.

- Você estuda durante a tarde, não vamos passar o dia todo lá.

- Pelo que conheço a tia, o almoço só vai está pronto às treze horas, e olhe lá!

- Você leva os livros então. Júlia, estou falando sério, você não vai faltar. E pelo que sei, você ama a lasanha dela! - Marina deu o cheque-mate.

Isso é o que dar ser gulosa!

Não tinha remédio: com ou sem vontade teria que ir. Sua mãe não tornava a palavra atrás.

Aproveitou as poucas horas que ainda tinha para estudar, mas não estava assimilando nada. Só conseguia pensar no que fazer quando visse Leandro. Por mais que tentasse, não entendia o comportamento instável dele. Nunca em todo aqueles anos tinha visto ele daquela forma. Aliás, uma das coisas que sempre admirou foi o seu bom-humor. Leandro não se irritava com nada. Era muito difícil algo para tirá-lo do sério. Pelo menos, até a algumas semanas atrás.

.......

Se arrastando, lá foi Júlia para aquele almoço.

Quando chegou na sala, a primeira coisa que viu foi Ester sentada no sofá.

"Novidade."

Ela estava vendo uns vídeos com o pequeno João, e Júlia não deixou de perceber que o celular dela também estava com uma capinha de proteção nova.

- Ah, oi! Não te vi chegar! - Ester falou com ela.

- Cheguei nesse minuto.

Elas começaram a conversar, e à medida que o tempo passava Júlia
estranhava não ver Leandro.

Quando sua tia chamou para irem almoçar, ela não resistiu e perguntou à Ester:

- Cadê o Leandro?

- Está no quarto. Está sentindo muita dor de cabeça. Ele só se levantou para me ver e deitou de novo.

- Nossa! Ele suspeita o motivo? O Leandro nunca foi de sentir dor de cabeça. - Júlia joga uma verde para ver se colhe uma madura.

- Ah... Não sei. Mas ele disse que trabalhou ontem até tarde e depois estudou muito para a prova.

- Vocês não se viram ontem?

- Não, ele chegou tarde em casa.

Júlia sentiu vontade de perguntar a hora que ele chegou, mas Ester podia desconfiar o porquê de tanta pergunta. E ela também precisava admitir que estava louca pra devorar a lasanha da sua tia, por isso tratou logo de se juntar aos outros à mesa.

Mas de uma coisa ela tinha certeza: Leandro mentira para Ester. E o motivo da mentira foi para poder passar um tempo com ela! Júlia sentiu um calafrio. Parecia uma traição para com Ester. Ainda bem que não fizera a loucura de aceitar o convite dele e, interiormente, agradeceu ao Danilo. Pois, com certeza, se não tivesse compromisso com ele, não teria recusado a proposta de Leandro.

O que Leandro tinha na cabeça para mentir para Ester? Mesmo eles sendo primos e amigos, ele não agiu certo com a namorada.

- Não está com fome, Julhinha? - sua tia perguntou a trazendo de volta para o planeta Terra.

Só então ela percebeu que pensar naquilo tudo a fez perder o apetite. E que todos estavam olhando para o seu prato vazio.

- É que comi um pouco tarde, tia.

- Ah, que pena! Essa lasanha está do jeito que você gosta. Então vai querer logo a sobremesa?

Ela ia abrir a boca para dizer que sim, quando sua mãe falou:

- Besteira dela. Comeu igual com a gente, e eu já estava com fome. - Em seguida, pegou o prato de Júlia e colocou uma fatia de lasanha - Vamos, come.

- Ai, deixa a menina, Marina. Não pôde obrigá-la a comer quando ela não quer.

As duas começaram em uma discussão e Júlia voltou aos seus pensamentos. A vontade era contar tudo à Ester. Detestava mentira, e quando envolvia a melhor amiga, tolerava isso menos ainda. Mas precisava se controlar, ou iria causar uma situação nada agradável. Principalmente, para o casal. Mas ela também seria envolvida. Só ficou de boca calada para preservar a amizade deles três.

Quase uma hora depois, Ester se aprontou para ir embora.

- O Leandro não vai se despedir de você? - perguntou Júlia.

- Dona Patrícia falou que ele está dormindo. Achei melhor não acordá-lo. Tchau!

Júlia resolveu ir embora também. Avisou seus pais e foi pegar a sua bolsa que estava em cima do sofá. Quando estava quase alcançando o portão para abrí-lo, o celular vibrou. Achou melhor olhar antes de sair, e quase seu coração sai pela boca ao ler a mensagem :

"Não sai agora. Quero falar contigo."

Era Leandro que havia enviado!