Nunca aconteceu, durante o tempo que Danilo morava ali, de eles se cruzarem ao ir ou voltar da escola. Mesmo morando na rua paralela à sua, era visível que ele percorria um caminho diferente do dela. E por algum motivo, naquela manhã ele mudou de caminho.
- Nossa! Pensei que ia ficar mais feliz em ter companhia. - ele falou olhando para ela.
- E estou.
- Você é sempre tão calada assim?
- Na maioria das vezes.
- Não parecia. Sempre que eu te via com seus amigos, Júlia Beatriz...
- Por favor, não me chame assim. - ela interrompeu.
- Assim como?
- De Júlia Beatriz.
- Mas é seu nome!
- Mas ninguém me chama assim, além da minha mãe quando está zangada comigo.
- Está bem, Júlia. - ele respondeu frisando bem o nome dela.
E assim chegaram à escola. A primeira coisa que Júlia prestou atenção quando chegaram na classe, foi o olhar de Leandro para Danilo. Ele praticamente encarou o garoto! Júlia achou muito estranho. Mas antes mesmo que falassem alguma coisa, o professor chegou e ele teve que sair.
- Foi isso mesmo que eu acabei de ver? Você veio com o novato? - Ester perguntou com um sorrisinho insinuador.
Ela desconversou:
- Já faz mais de um mês que ele chegou. Tecnicamente, não é mais um novato.
- Não muda de assunto. Já vi que vocês estão de amizade.
- E daí?
- Ai, deixa de ser grossa.
A forma como Ester falou incomodou Júlia. Parecia que estava falando de um possível namoro e não de uma simples amizade. Se é se pode chamar de amigo alguém com que você conversou no máximo três vezes! Mas essa quantidade estava preste a aumentar, porque mal chegou o recreio, Danilo se plantou ao lado da carteira dela.
- Vai na frente, Ester! - disse Júlia, um pouco encabulada. Ester olhou para Júlia, em seguida para Danilo, e saiu.
-Biblioteca? - Danilo perguntou.
- Tenho que lanchar primeiro.
- Que tal eu ir comprar e a gente comer aqui? Você quer o quê?
- Qualquer coisa que você trouxer está bom.
- Volto rapidinho. E nem precisa me agradecer. Eu sei que você está evitando o Leandro.
Era incrível, mas Júlia estava gostando da companhia daquele rapaz. Espera! Ele disse que ela estava evitando o Leandro? Como ele sabia que ela estava evitando o Leandro?
Mal deixou ele chegar já perguntou:
- Como assim você sabe que estou evitando o Leandro? De onde tirou isso?
- Eu apenas observei. - E não deu mais nenhum detalhe mesmo diante da insistência de Júlia.
Começaram um papo animado e permaneceram o tempo todo ali na classe mesmo. Durante quinze minutos, Júlia soube muita coisa da vida de Leandro. Dos lugares onde havia morado (parecia uma família nômade!), suas duas irmãs mais novas, que ele adorava e ao mesmo tempo irritava, e também sua avó paterna morava com eles.
- Eu queria uma família grande assim. - falou Júlia sonhadora - meus pais passam o dia fora, e às vezes me sinto tão só. Quando tia Patrícia estava sem trabalhar eu passava o dia lá. E isso foi minha infância quase toda. Acho que por isso me apeguei ao Leandro.
- Você é prima do Leandro?
- Pelo menos uma coisa sobre mim que você não sabia! Já estava considerando seriamente a ideia de que você era um espião!
Danilo riu:
- Quando você quer, Júlia, chega a ser engraçada!
Depois do intervalo, um a um os alunos foram chegando e muitos não disfarçava os olhares para os dois, que ainda estavam rindo e conversando. Até que Ester chegou e Danilo saiu do seu lugar.
- Vê se não esquece os velhos amigos por causa dos novos!
- Ai, eu estava com preguiça de sair hoje.
- E ontem, e antes de ontem... Acho que está na hora de contar a verdade, Júlia! O que está acontecendo com você? Por que está tão afastada da gente? Eu ou o Leandro fizemos alguma coisa?
"Exatamente isso!"
- Eu sei que é estranho, em uma hora estávamos grudados, e na outra está só vocês, mas é bem melhor assim. Resolvi dar espaço a vocês dois. E você devia agradecer! - foi o que deu para responder.
Pela cara de Ester ela não engoliu a história, mas resolveu não falar mais nada.
Na hora da saída, Danilo passou por ela:
- E aí? Vamos indo?
- Ah, não! Na volta tenho carona.
- Entendi. - Era impressão de Júlia ou ela enxergou uma leve decepção? - até amanhã então.
- Até.
Ele ainda se afastava quando alguém colocou a mão no ombro dela.
- O quê esse cara quer com você? - Era Leandro.
- O que ele quer comigo? Nada, eu acho...
- Não gosto dele.
Espera! Leandro estava com ciúme dela, é isso? Como assim ele poderia sentir ciúme se tinha uma namorada? Mas não fazia sentido essa implicância dele.
- Cadê a Ester?
- Está falando com a professora.
- Vamos esperar lá fora.
- Não. Vamos esperar aqui.
- Aqui está muito cheio.
Porque que ele ficou tão carrancudo de repente? Júlia procurou desfazer a ideia de que ele estava com ciúme dela. Mas não adiantou muito, porque no dia seguinte, quando ela e Danilo iam saindo juntos para o intervalo, na porta, esperando ela, estava Leandro.
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Olá meus amores! Espero que estejam gostando. E aí? Alguém já tem um casal preferido? Podem escrever nos comentários! Não esqueça o votinho.
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Complicado Amor (LIVRO 1)
RomanceQuem já teve um amor platônico? É justamente isso que Júlia Beatriz está vivendo. E pior: pelo seu amigo de infância, que para complicar mais ainda é também seu primo. Leandro, sem desconfiar dos sentimentos da menina, começa a se interessar por Est...