capítulo 3

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O galo canta fazendo todos despertarem para mais um dia e eu não preguei os olhos por nem um segundo. Os meus pensamentos estão a mil, tento assimilar o que minha mãe disse, mas nada faz sentindo, e qual o verdadeiro sentido de tudo isso? Não sou tão ingênua como pensam que sou. Um calafrio passa por minha espinha e chega em meu pescoço, presságio ruim. No vilarejo sempre amanhece com um sol lindo e vivido. Mas hoje está nublado, eu sei que está de luto por minha partida, e eu faço uma promessa.

Eu voltarei, eu sei que voltarei!

Olhar o meu quarto pela última vez, bate uma tristeza imensa como se o meu coração estivesse se partindo. Depois de voltar para casa ontem à noite, Dona Vitória me convenceu a ir, minha mãe voltou a se trancar no quarto e Oliver não quis falar comigo. Sabe aquele dia que tudo dá errado, são estes dias! Começo a tomar um banho bem demorado, querendo que a água leve toda essa sensação ruim que passa no meu peito e me faz sentir em todo o meu corpo, tentando me purificar dos meus pensamentos ruins e tentar ver o lado positivo para tudo isso. Vou conhecer a família do meu pai. Mesmo que eu queira tanto o conhecer, mas agora não passa de um sonho. Lágrimas caem junto com as gotas de água em meu rosto. Eu sonhava que um dia ele me encontraria aqui neste fim de mundo, e nos levaria embora e nos tornaria como uma verdadeira família típica americana. Sempre imaginei como ele seria, se eu tinha alguma coisa dele já que me pareço muito com minha mãe mais jovem. Coloco minhas roupas de sempre, calça jeans, suéter e botas. Seco meus cabelos com o secador e me sento na poltrona para admirar pela última vez a visão do vilarejo pela janela.
Escuto baterem em minha porta. Levando e abro.

Oliver está lá de frente para mim, lindo como sempre seus cabelos castanhos e os olhos verdes que não têm como não olhar. Ficamos em silêncio por alguns minutos nos analisando.

— Eles chegaram! — Ele fala com a voz baixa, desviando seu olhar do meu. Abro mais a porta dando passagem para que entre. Ele olha desconfiado.

— Pode me ajudar com a mala? — Falo sorrindo.
Ele acena, colocando seu chapéu que estava em suas mãos e entra no quarto. — Oliver! — Ele olha para mim, fecho a porta e ando em sua direção. — Queria te pedir desculpas por ontem, é que estou passando por um momento difícil. — Me aproximo mais. — E você é o meu melhor amigo não quero partir brigado com você! — Oliver sorrir de lado.

— Você não precisa pedir desculpas, não era para ter te beijado naquela situação. Sou um péssimo amigo. — Abro um grande sorriso e lhe abraço bem forte. — Vamos? — Diz quando nos separamos, aceno com a cabeça. Ele pega minha mala que é apenas uma com minhas roupas, dona Victória disse que não precisaria levar muito que para onde estou indo terá tudo o que preciso.

Vou para sala e vejo que todos estão lá fora me esperando. Paro e respiro fundo tentando tomar coragem. Oliver pega minha mão, olhando nos meus olhos. Sinto que me consola com um olhar dizendo que tudo vai ficar bem. Saio da sala me deparando com um carro preto, e Maria com seu salto alto vermelho, em um vestido claro colado até o joelho. Ela está muito bonita, não posso negar! Ao seu lado está minha mãe. Meu queixo caí com o que vejo. Está mulher não parece minha mãe de horas atrás.

Ela está de calça jeans preta, uma blusa azul escura que caí sobre os ombros e salto alto, não tão altos como de Maria. Parece que sou a mãe e ela à filha. Raiva consome o meu peito, ela me despreza, passa dias no quarto trancada e depois aparece assim?

Há não mesmo! O que está acontecendo aqui?

Oliver entrega a minha mala ao homem de paletó preto, já com seus cabelos brancos e baixo. Ele guarda a mala no porta-malas que só faltava à minha. Olho para trás estão todos lá, abraço Elias, Paula e Oliver agradeço por tudo e as lágrimas escorrem em cada despedida. Por último abraço Victória por longos e demorados segundos me dando um beijo na testa.

Fora De Controle.(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora