Capítulo 59:

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Valley

— Ela só caiu em meus braços. Totalmente apagada. - escuto uma voz ao longe, não consigo identificar de quem ela é. Mas pelo tom grave acredito que seja do meu pai.

Eu não sei o que está acontecendo comigo. Não sei porque parece que todos estão em volta de mim. Mas aonde é que eu estou? Forço meus olhos a abrirem, mas não consigo.
Tudo ainda está escuro.

— Será que precisamos chamar um médico? - há mais uma voz no ambiente, e eu tento prestar atenção para saber de quem é. Parece uma voz feminina, e se é o meu pai que está aqui, provavelmente está voz é da minha mãe.

Eu não estou conseguindo me lembrar de nada. Meus pensamentos estão tão confusos agora. Não sei porque meus pais parecem preocupados. Não sei como vim parar em meu quarto. Eu não estava lá embaixo?

— Eu não sei. - a voz grave ressoa novamente. — Ela está respirando bem. Vamos apenas esperar ela acordar.

— Oh meu Deus. - a voz mais aguda ressurge. — Eu estou tão preocupada.

— Se acalme mulher, tudo vai ficar bem.

Puxo uma respiração funda, e começo a lutar contra o desejo que estou sentindo em continuar dormindo, como se eu nunca tivesse dormido antes. Tento mexer meus braços, e aos poucos parece que estou voltando para realidade. É quando algumas peças do quebra-cabeça começam a montar em minha mente. Sim. Eu estou me lembrando de tudo agora.

Oh.
Abro meus olhos, e encontro meus pais parados um de cada lado da minha cama. Ambos parecem preocupados, e apreensivos. Balanço minha cabeça.
O que está acontecendo?
Eu lembro de ter ido para recepção, lembro também de ter conversado com meu pai sobre Daven.

— Ei filha... - murmura minha mãe, pousando sua mão quente em minha testa. — Com você está se sentindo?

Olho para meu pai, e lembro do que ele havia me dito. Daven foi embora.
Ele fugiu de mim.
Sinto o canto dos meus olhos arderem, mas eu não deixo as lágrimas surgirem.

— Eu não sei. - confesso. — Eu acho que eu fiquei tonta. Você me pegou não pegou?

Meu pai assente.
— Você desmaiou Valley. Sua mãe e eu achamos que é importante que você procure um médico.

Agito minha cabeça.
— Minha pressão deve ter caído. Deve ter sido isso.

Minha mãe desliza sua mão para meu ombro, e me aperta um pouco.
— Não é a primeira vez que você diz isso. Não acha que é bom fazer alguns exames? Apenas para se certificar de que realmente está tudo bem?

Sinto um nó se formar na minha garganta. Não sei o que eles podem estar pensando. Não sei se quero ir ao médico. Eu morro de medo só da ideia de estar doente. Não posso.
— Já vai passar. - aviso para eles, e começo a me sentar na cama. — Viram? Eu já estou bem.

Minha mãe dá um olhar estranho para meu pai. E ele apenas balança a cabeça.
— Então apenas nos promete que você vai fazer um exame de gravidez.

Quê?
Meus olhos pulam pra fora.
— Da onde venho isso? Eu não preciso.

Minha mãe senta na beirada do colchão, e pega minhas mãos com as suas. Seu aperto é leve, mas não me conforta. Pelo contrário. Me deixa ainda mais em alerta.
Porque é que eles estão me pedindo isso?
Eu não estou grávida.

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