Capítulo 31:

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Valley

Dois dias depois eu acordo ouvindo o concerto mais encantador dos passarinhos. Levanto e corro até a janela apenas para sentir os raios do sol fazerem cócegas em minhas bochechas. Parece que vai ser um dia incrível. Pelo menos eu acho que sim. Sigo para o banheiro, e tomo banho o mais rápido que consigo.

Depois de pronta, eu desço para andar de baixo, e sou pega de surpresa quando vejo Parker parado na sala. E muito mais pior do que isso. Daven está saindo da sala do café da manhã sem companhia.
Nós três nos entreolhamos.
Engulo em seco, e viro para o cara que eu ainda chamo de namorado. Céus.
Isso não poderia ser mais fácil?

— Parker. - minha voz não sai com tanta emoção assim.

Mas ele parece animado o suficiente para nós dois. Seus braços se abrem, e eu sou obrigada a me enterrar neles. Parker não pode perceber nada. Não até eu contar para ele.

— ...Porra senti tanta falta do seu cheiro. - diz ele, beijando meu pescoço.

Eu já não posso dizer o mesmo. Mas eu sei fingir bem. Eu até sorrio para o que ele disse em meu ouvido.
— Eu posso dizer que também senti?

Ele agita a cabeça e seus cabelos rebeldes bagunçam seu rosto bronzeado.
— Você pode tudo meu amor.

Eu dou uma olhada para trás e pego Daven fechando a cara para mim.
Droga.
Porque é que Parker teve que voltar?

— Eu vou tomar um banho antes de descer para o café. - avisa ele se inclinando para frente. E eu involuntariamente recuo para trás. Logo uma carranca está formada em seu rosto. — O que foi? Não está mais com saudades de mim?

Balanço minha cabeça, e finjo que estou confusa. Mas na verdade eu estou. Não era para ele estar aqui. Não hoje.
— É que eu estou com uma afita na boca, então você não deve me beijar até que ela sare. - minto, e rezo internamente para que ele acredite.

— Poxa, espero que até eu ir embora esteja tudo bem com você. Não vou ser capaz de sair sem um beijo teu.

Fixo meus olhos na porta atrás dele para que eles não rolem para trás da minha cabeça. Não sei porquê mas não me sinto mais à vontade com essas coisas que ele diz para mim.
— Vai logo para seu banho. - empurro seu peito. — Eu preciso ajeitar as coisas para o café da manhã.

Ele sorri e começa a subir as escadas, é quando eu relaxo e consigo olhar para o lado.

Daven espera até que Parker esteja fora, e vem para mais perto. Meu corpo treme quando ele para atrás do meu, e meu coração começa a bater rápido com a sensação de ser pega no flagra.
— Espere-me lá fora, aqui é muito arriscado. - eu chio.

Daven ignora meu pedido, e se aproxima mais. Minhas pernas ficam bambas quando sinto seus lábios tocarem minha orelha. Fecho meus olhos porque sei que o pior nem chegou ainda. 
— Ele sussurrou algo em seu ouvido, e o que ele disse te fez sorrir. Mas será que ele sabe que quando você está comigo os seus sorrisos são duas vezes maiores?

Oh.
Droga.
Ele não pode jogar tão duro comigo.
— Daven... - minha voz sai em um sussurro.

Ele apenas sorri, e vai embora.
Balanço minha cabeça completamente afetada.
O que eu vou fazer com esses dois caras?

                      ~*~*~*~

— Hã... Parker quer me levar para praia. - aviso para Daven quando o encontro no jardim brincando com suas filhas.
Ele me olha com uma sobrancelha levantada.
Droga.
Eu nem mesmo sei o porquê que estou dizendo isso. Afinal Parker é meu namorado, e ele é apenas um amigo... Um amigo colorido, mas é só isso.

— Eu estou tão confusa. - confesso fazendo uma careta.

Ele se afasta das meninas, e vem para perto de mim. Instintivamente eu olho para cima e procuro algum rosto conhecido pela janela. Alívio me bate quando percebo que ninguém está nos bisbilhotando.

— Você vai usar Bikini? - pergunta ele em um sussurro lento, e derretido.

Minhas pernas se agitam, e a região entre elas grita. Oh meu Deus. Ele vai fazer isso ser difícil pra mim.
Eu sei.
— Claro que sim. - respondo sorrindo, e de repente sinto vontade de provocá-lo: — Vou usar um bem cavado, na verdade.
                       
Seus olhos se arregalam, e ele puxa meu braço. Minhas mãos voam para seu peito na intenção de afastá-lo, mas é tarde de mais. Seus lábios já estão em meu ouvido, e suas palavras sussurradas me colocando na miséria: — Ótimo! Porque eu estou levando as meninas para praia também.

Oh.
Dessa vez minhas pernas amolecem, e minhas mãos rapidamente se agarram em seus bíceps musculosos na tentativa de não me fazer cair.
— Você não está falando sério, está? - minha voz sai totalmente abalada.

Ele solta aquela risadinha que ele sabe muito bem que me deixa ainda mais afetada.

— Porque você está fazendo isso comigo? - pergunto quando dou alguns passos para trás.

Mas antes que ele pudesse me responder, sua filha se pendura em suas pernas.

— Papai eu posso buscar minhas bonecas? - pergunta Abby puxando sua calça. Ela me dá um sorriso bonito, e depois vira para seu pai.

Daven afasta seus olhos de mim, e eu inspiro.
— Eu tenho uma ideia melhor. - diz ele, e meu coração começa a disparar. Eu não acredito que ele estava falando sério. Jesus. Ele não pode fazer isso.

— Qual?

Ele olha para mim, com uma expressão que diz "Você não sabe o que te espera." E olha para filha com um sorriso que chega em seus ouvidos.
— Vamos ir à praia.

Abby comemora, e corre para contar para sua irmã mais velha. Eu aproveito que ficamos sozinhos novamente para lhe dar um olhar duro e sério.
— O que você está querendo com isso?

Ele guarda suas mãos no bolso, e agita os ombros.
— O mar é grande, Valley, não se preocupe tanto.

Argh.
Pressiono meus lábios para o meu grito de frustração não escapar. Balanço minha cabeça, e me afasto dele.
Porque eu fui avisá-lo?
A culpa é sua Valley.
Eu não devia ter provocado-o.

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