Capítulo 52:

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Daven

Assim que o carro estaciona na frente da pousada, uma sensação de alívio me bate. Finalmente estou de volta. Não sei porquê mas sinto-me como se eu tivesse voltando pra casa.
Mas eu sei que não é.
Às vezes só parece. E eu não me importo de corrigir isso.

Agradeço o motorista, e pego minha mala no porta-malas. Graças a Deus que aquele tempo ruim deu uma trégua. Em Austin estava um sol de matar, e aqui agora está quase parecido.
Eu gosto.
É bom para as meninas brincarem no jardim.

Quando lembro delas meu coração explode. Eu nunca fiquei tanto tempo longe delas. Caramba. Acho que a única vez foi em um happy hour que levou mais tempo do que deveria. Cheguei tarde em casa naquele dia, e elas já estavam dormindo. Dessa vez foi bastante diferente.

Eu não as vi desde ontem pela manhã quando sai correndo. Agora são quase cinco horas da tarde, então eu presumo que elas estejam loucas de saudades.
Ou não.
Sorrio.
As crianças costumam ser uma caixinha de surpresa.

Puxo minha mala pela escada, e entro na casa. Não vejo ninguém pela recepção, então aproveito e subo para meu quarto. Eu não avisei nem mesmo Ness que eu estava chegando. Embora ele esteve me mandando mensagens perguntando como é que foi lá na audiência.

Foi a pior experiência que eu já tive. Para além de horrível. Me senti completamente empurrado contra a parede. Mas não assumi o que eles queriam que eu fizesse. Eu ainda estou lutando. Mercedes e Ronei não vão ter minhas filhas para eles. 

Eu sei que nada foi decidido. Mas Duck recorreu, e agora só resta esperar mais um tempo. Vou levar isso para aproveitar o máximo com minhas filhas. Eu não sei o que pode acontecer, afinal, a minha vida está aí para me lembrar de que nada é impossível.

Pego meu cartão, e passo no sensor. Abro a porta, e sinto o ambiente.
Porra.
Parece insignificante, mas eu senti falta de cada pedaço desse lugar. Ainda mais das pessoas que moram neles.
Da Valley principalmente.

Solto minha mala, e saio do quarto. Eu preciso falar com ela, e não posso esperar mais tempo para fazer isso. Guardo o cartão no bolso, e desço as escadas pulando dois degraus de cada vez. Assim que aterrizo no saguão, lanço meus olhos para todos os lados. Não sei onde ela pode estar.
Nem mesmo sei aonde minhas filhas estão.

Vou para porta que leva para o jardim, e desço até o gramado procurando algum sinal delas em cada canto. Mas não encontro. Estranho. Volto para dentro da pousada, e decido ir até a sala do café embora não seja mais manhã. Escuto uma risada vindo ao longe, e quando meus lábios se curvam em um sorriso eu sei de quem pertence.

Enfio minhas mãos no bolso enquanto me aproximo da entrada da cozinha. É quando as risadas ficam maiores, e eu consigo identificar de quem é cada uma. Um onda de emoção começa a invadir meu corpo, provocando uma sensação de calor, e ansiedade.

Mais um passo e eu estou diante de uma cena que enche meu coração por completo. Deito minha cabeça contra o batente da porta, cruzo minhas pernas e fico observando-as enquanto não percebem que eu estou de volta. É tão bom ver que elas conseguiram se distrair na minha ausência. Eu odiaria saber que ambas estivessem sofrendo ou contado as horas para me ver.

Sorrio quando vejo Abby com farinha por todo rosto. Ficando mais branca do que já é. Alisson tem algumas manchinhas em sua testa, e queixo. As duas parecem estarem se divertindo entorno de uma bacia vermelha. Mesmo de longe eu sei que elas provavelmente estão preparando um bolo. Pela bagunça parece que vai ficar bom.

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