Capítulo 12:

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Daven

Quando escutamos algumas batidas na porta, rapidamente suspeitamos que Alisson estivesse de volta. Mas aquelas batidas fortes e precisas não parecia virem de mãos tão pequenas e suaves como as dela. Eu demorei um pouco para levantar da cama, Abby permaneceu deitada completamente fixada na tela do tablet da sua irmã.

Tivemos uma noite bem ruim com sua febre aumentando e baixando mesmo depois que ela foi medicada. Graças a Deus que o dia amanheceu e Abby acordou muito melhor. Ela não quis descer para o café da manhã, e eu resolvi ficar com ela no quarto. Alisson rolou os olhos e disse que desceria para o café de qualquer forma.

É a primeira vez que eu a deixo sair sozinha. Claro que não é para tão longe de mim. Eu sei que ela está logo ali embaixo. Mas ainda assim me sinto desconfortável quando elas não estão sobre meus cuidados. No entanto eu sei que mais cedo ou mais tarde elas vão criar asas e vão voar por conta própria. Eu só não sei como vou levar isso.

A vida com minhas filhas é tão colorida. Mesmo quando suas cores nem sempre são brilhantes e alegres. Mas eu não me importo que nossa vida às vezes é escura, triste e monocromática. Alisson e Abby são minha porção diária de felicidade. Não sei como vai ser quando elas se tornarem adultas o suficiente para saírem de casa. Acho que nós vamos ter que mudar essa dinâmica.

Ajeito minha camisa para baixo, e abro a porta.
Porra.
De todas as pessoas que pudessem aparecer na minha porta, ela fodidamente eu não esperava.
Minhas sobrancelhas se unem quando meus olhos fazem uma varredura lenta sobre seu corpo. Eu não devia estar fazendo isso, eu sei, mas não consigo controlar. Não quando ela aparece na porta do meu quarto vestindo um short que mal cobre suas pernas grossas. E uma blusa apertada o suficiente para mostrar o quão grande são seus belos seios.
Porra.
Meu pau fica regido sob minha calça de moletom.

— Você por aqui? - me pego perguntando quando nossos olhares finalmente se encontram.

Ela rapidamente desvia, inspira fundo, e pressiona os lábios. Eu não preciso conhecer mais dela para saber que, neste momento, ela está terrivelmente nervosa.
Porra.
Será que eu sou tão mal assim?
Ela sabe que eu não mordo, não nessas situações, é claro.

— Hã... Eu. - sua voz falha, e eu me seguro para não rir dela. É fofo assisti-la agitada como se tivesse fazendo sua primeira entrevista de emprego ou apresentando alguma tese diante de uma banca avaliadora. — Eu vim saber se Abby está bem. Sua outra filha me disse que ela teve febre à noite, e que parece que está passando por um resfriado.

Abby, e sua maneira de tocar o coração das pessoas.
— Ela está bem, obrigado por se preocupar.

Valley inclina sobre a ponta dos pés, e tenta espiar por cima do meu ombro. Ela acha que eu não estou percebendo o que ela está fazendo. Mas não vou fazer disso um grande caso. É gentil da sua parte se preocupar com o bem-estar da minha filha.

— Vocês não precisam de nada? Algum remédio? Chá? - sua voz sai muito apressada, como se ela quisesse dizer tudo que precisa antes que lhe falte fôlego para continuar. — Alguma orientação sobre nossos postos de saúde? Temos um hospital há mais ou menos duas quadras da pousada.

Balançando a cabeça eu digo:
— Eu já mediquei Abby ontem, e agora parece que ela está voltando para o que era antes. Acho que não será preciso levá-la ao médico.

— Eu não quero tomar vacina papai. - grita Abby.

Valley sorri com a intromissão de Abby, e olha para mim de um jeito diferente.
Caloroso.
Apoio meu ombro contra a porta, e passo a mão para ajeitar meus cabelos.
— Alisson costuma assustá-la dizendo que se ela não se alimentar bem, vai ficar doente e precisará tomar vacina. - explico, e de repente me pergunto porque que eu realmente fiz isso. Ela não precisa saber muito sobre minha vida.
Eu preciso me lembrar disso.

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