Capítulo 1:

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HOJE

Valley

Absorvendo o sol junto a varanda, estou mantendo minha mente longe de tudo sobre o trabalho e vivendo apenas esse pequeno momento de alívio enquanto eu posso. O ar cheira a roupa recém-lavada, como uma brisa fresca à beira-mar. Isso significa que a primavera está chegando até nós. E eu estou tão animada para isso. Eu sonho em largar o casaco, e usar sapatos mais leves.

Mal posso esperar também para ver as árvores florescerem, e me balançar em uma rede no nosso micro jardim, sem me preocupar com as geadas e com o frio. A primavera é a minha estação favorita. Embora eu não tenho nada a declarar sobre o verão, aqui onde nós moramos o sol não castiga tanto. Mas é uma época muito cheia de visitantes, e isso significa muito trabalho em dobro.

Lewiston é uma cidade pequena, com pouca população. Não há como se perder pelas redondezas, muito menos passar despercebida pela vizinhança. Todo mundo que mora aqui se conhece, e se cumprimenta seja na rua ou nos estabelecimentos do nosso comércio. É como se fôssemos todos uma grande família.

E nós sempre sabemos quando há pessoas de fora pelas bandas. Principalmente quando metade delas se hospedam aqui na pousada dos meus pais. Lewiston não é uma grande cidade turística, pelo contrário, ela é simples, e sem muito atrativos. Porém, se você busca por sossego, paz e ar puro. Aqui é o lugar certo para isso.

Não há como não amar viver rodeado de árvores, acordar pela manhã e ver o céu em todos os seus tons de azul. Sair para varanda e observar onde o topo das montanhas se encontram com as nuvens.
É incrivelmente perfeito.
É como morar dentro de um sonho.

Sorrio quando vejo um carro estacionando na frente da nossa garagem. São os hóspedes novos.
Minha mãe comentou alguma coisa sobre isso comigo ontem, mas não deixou muito claro sobre quem são, e quanto tempo ficam.
De repente meu corpo sacode com a chegada de um inesperado arrepio.
Dou uma última olhada para o veículo prateado, e me afasto do cercado envolta da varanda antes que eles possam entrar e não encontrar ninguém para atendê-los na recepção do nosso pequeno hotel.

Eu ajudo meus pais desde que atingi idade para fazer isso. E não posso reclamar de nada. Eu adoro trabalhar na pousada, e isso só fica melhor porque aqui também é minha casa.
Não é o máximo?
Quando sinto que preciso relaxar eu apenas dou um tempo em meu quarto. Quando é meu intervalo eu vou até o jardim, e me sento sob a sombra de uma palmeira. Quando sinto que preciso respirar um pouco de ar fresco, eu vou para varanda.

Eu não sei como isso vai ser quando Parker e eu nos casarmos. Bem, ele não fez o pedido ainda. Mas eu já fico imaginando... Será que ele vai querer morar aqui conosco?
Parker é fotógrafo, e está sempre viajando pelo mundo. Ele costuma dizer que é como um cigano. Você vê. Ele não tem realmente um paradeiro. E eu não sei se isso será bom ou ruim para gente. Mas quer saber? Chega de pensar sobre ele, sobre o nosso futuro incerto. Preciso me concentrar no que está bem na minha frente.
Agora.

Ajeito a pilha de cartões de visita da nossa pousada em cima do balcão de mármore. Do outro lado ajeito os folders com informações sobre a cidade, e coloco a muda de lírios do campo, que meu pai colheu pela manhã, dentro do vaso de porcelana.
Dou um passo para trás, e olho ao arredor. Bom. O balcão está apresentável. Espero que os novos hóspedes não se incomodem. Pego meus cabelos soltos e enrolo-os em uma única mecha e prendo em um coque no alto da minha cabeça. É justamente nesse momento que a porta da frente abre automaticamente.

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