Capítulo 07

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DANTE

Se o desejo de matar e a oportunidade de matar vierem sempre juntos, quem escaparia?
- Mark Twain


Sem pensar duas vezes eu a arrastei para o quarto, ela não demonstrava qualquer reação mas pude notar sua mão trêmula. Eu precisava ficar sozinho com ela, era como uma necessidade, eu não queria entender ou buscar qualquer explicação para o que eu estava sentindo, eu só queria sanar aquela vontade que se tornava cada vez mais urgente.

Adentramos o quarto e ela me olhava sem qualquer expressão em seu rosto, soltei sua mão e a puxei pela cintura colando nossos corpos.

- Combinou com você, Sra. Carraro.- me referi ao colar que havia a presenteado.- Bem-vinda a família.- Meus dedos percorreram seu pescoço, e segui para o seu cabelo preso, tirei todos os grampos e senti os fios sedosos em contato com a minha pele.

Ah! Aquele cheiro...

Seu olhar estava fixo em meu peito, e ela evitava contato direto, sua respiração era irregular e ela não me tocava, me distanciei tentando entender seu comportamento.

Ela era difícil de ler.

- Bia? Porque está com medo?.- dei dois passos para trás colocando maior distância entre nós.

Ela finalmente me olhou.

- Você vai reivindicar o que é seu por direito, vá em frente, não irei te impedir.- pude ver seus olhos marejados, não havia luxúria neles.

O que estava acontecendo? Cadê aquela mulher destemida e segura de si?

- Vai me dizer o que está acontecendo?.- me sentei na beirada da cama.

Ela desviou o olhar para que eu não percebesse as lágrimas que começavam a escorrer em seu rosto.

- Bia, eu não sairei daqui até que me explique.

Ela respirou fundo, levou uma de suas mãos ao rosto e limpou as lágrimas.

- Eu já fui noiva.

Como eu não sabia daquilo?

Pesquisei tudo sobre ela e sua família, não tive acesso a essa informação.

- Você não esteve com homem algum desde que firmamos o contrato, me certifiquei disso. Então provavelmente foi bem antes de nos conhecermos. Porque não esteve com mais ninguém, Bia? Ele te machucava?

Me levantei e meus pulsos estavam cerrados, eu estava tomado por sensações que me eram desconhecidas, muitas coisas passavam em minha cabeça. Será essa a explicação por seu comportamento hostil com quem a tocava? Ela era sempre agressiva e não baixava a guarda.

O que pareceu uma eternidade depois, ela me respondeu.

- Não, ele me amava.- sua voz era sussurro.

Aquilo de alguma forma me quebrou.

Ela tirou os saltos e foi em direção ao banheiro, fui até ela e a segurei pelo braço, seu corpo se virou em direção a mim, e senti seus músculos tensos, Bia estava instável.

Por Deus, ela estava mesmo com medo?

Passei minhas mãos em seu corpo, ela fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Abri o zíper do vestido, e pude sentir seu corpo ficando cada vez mais tenso, novamente as lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto.

- Bia, abra os olhos.

Ela chorava em silêncio e seu corpo todo tremia.

- Bia? Abra os olhos.- Repeti com firmeza.

Ela abriu aqueles enormes olhos amendoados, e me olhava com receio.

- Não vou te tomar até que você peça por isso, você tem minha palavra.

Vi surpresa em seu semblante, e ela finalmente relaxou. A livrei do seu vestido e a peguei no colo, fomos em direção a cama, e a coloquei com cuidado no colchão, me virei para sair.

- Estarei na sala.

- Não.

A olhei sem entender o que ela acabará de dizer.

- Não vai.

A observei atentamente, meus olhos vagaram por seu corpo, ela usava apenas lingeries brancas e estava exposta demais, pude ver suas tatuagens e as cicatrizes, seria um desafio tê-la na mesma cama e não poder toca-lá.

Me livrei das armas que estavam carregadas, depois das minhas roupas e finalmente dos meus sapatos, seu olhar estava vidrado em meu corpo.

- Se quer que eu mantenha minha palavra sobre não te tocar, é melhor parar de me olhar desse jeito.

Ela virou o rosto e deitou a cabeça em um dos travesseiros, me deitei próximo a ela e passamos o que pareceram horas olhando para o teto.

- Você ainda o ama?

- Aprendi a conviver com sua ausência.

Ela ainda o amava!

Engoli em seco, e a puxei em direção ao meu peito, esperei que ela pegasse no sono e levantei da cama com cuidado. Bia tinha passado por algo, alguém tinha a machucado, e eu faria de tudo para descobrir quem tinha sido o fodido que a quebrou.

A observei em seu sono sereno enquanto colocava minhas roupas, ela parecia um anjo dormindo. Sai em direção ao bar e peguei uma garrafa de uísque e alguns cigarros.

Fui até uma das poltronas de coro branco da sala, coloquei a bebida ao meu lado e acendi um cigarro.

Porque eu sentia como se tivesse levado um soco no estômago?

Destinada a ele - Série Os mafiosos- Livro 02-  (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora