Capítulo 30

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BIANCA

Dante fazer demonstrações de afeto em público era uma surpresa, por menor que tenha sido o gesto me surpreendeu. Ele entrelaçou nossos dedos e fomos em direção ao seu conselheiro. Marco já havia colocado Semion em um dos furgões e alguns dos soldados já se dissipavam ruma à instalação.

- Quero que prepare o jato e tire ele daqui ainda essa noite, Marco.- Dante ordenou.

- O que faremos com a BMW?

Dante olhou em minha direção.

- Quer dirigir?

Ele estava mesmo falando sério? Sorri em antecipação e notei seus olhos brilharem com minha felicidade momentânea.

- Claro.- já seguia em direção à máquina.

- Bia.- Dante me alcançou.- Não vou te deixar ir sozinha.- senti seus dedos em meu braço me puxando de maneira gentil.

- Tudo bem.- estava tão eufórica que concordei.

Entramos no carro, Dante ao meu lado e a primeira coisa que fiz foi abrir os vidros, queria sentir o vento em meu cabelo, a sensação de liberdade, mesmo que por pouco tempo. Dei partida e sorri ao sair em alta velocidade, Dante não tirava os olhos de mim, era a primeira vez que o deixava entrar e decifrar minhas emoções.

Por Deus, aquilo tudo tinha finalmente acabado.

A velocidade crescia e o vento bagunçava meus cabelos, nenhum dos seguranças conseguia nos alcançar.

Liberdade...

Dante não aparentava nervoso, vi um sorriso pairando em seu rosto, aquilo era raro. Naquele exato momento me senti mais segura do que a minha vida toda. Encontrei seu olhar, as sombras brincavam em suas feições e seus olhos pareciam queimar intensamente com emoção.

- Porque você não é o monstro que todos temem quando está comigo?- gritei em meio ao vento.

Ele não disse nada por alguns instantes, apenas respirou fundo.

- Encosta.-Ele notou a confusão em meu semblante enquanto eu tentava o entender.- Bia, você está em alta velocidade e não está prestando atenção na direção.

Assenti e diminui a velocidade, Dante subiu os vidros e finalmente me respondeu.

- Porque eu não quero ser. Quero que essa parte da sua vida seja boa. O resto de nossas vidas será preenchido com violência e morte, é nossa natureza, corre em nossas veias, mas não com você. Nunca com você.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas, um misto de emoções me tomou e virei o rosto para Dante não notar.

Não, eu me recusava a ter qualquer sentimento por ele.

- Bia?

Encostei o carro enquanto buscava por ar. Dante notou meu desconforto e abriu a porta saindo, achei que ele me daria espaço, mas me enganei. Ele abriu a porta do motorista e deu a mão para que eu pegasse.

- Vem.- ordenou.

Não... não, Bianca. De partida e o deixe aí.

Mas não consegui, como se meu corpo não obedece meu cérebro, minha mão foi em direção à sua e quando me dei por mim eu o abraçava. Estávamos em pé encostados no carro , seus braços ao meu redor enquanto seu cheiro me preenchia por completo.

- Obrigada.- agradeci.

Ficamos ali até um dos carros nos alcançou, era Luca.

- Tudo certo por aqui?- ele abaixou o vidro do carro e me olhava apreensivo.

Dante me soltou e parecia incomodado com a intromissão do meu irmão. Antes que os dois travassem uma guerra entre si, respondi.

- Sim, Luca. Estamos aliviados por tudo isso ter chego ao fim.- Luca me analisava em busca de qualquer sinal, ele sempre seria meu protetor.

Dante entrou no carro e eu dei a volta me sentando ao seu lado, deixei que ele tomasse a direção, Luca disparou em nossa frente depois de se certificar que eu estava realmente bem.

[...]

Fizemos o caminho até a instalação em silêncio, Dante me deixou na entrada do quarto e foi até a sala de comando dar algumas ordens para nossa partida no dia seguinte.

Me livrei das armas, depois das roupas e estava indo rumo ao banheiro quando escutei baterem na porta.

Droga...

Me enrolei nos lençóis e abri a porta.

Arya...

- Interrompi algo?.- ela estava radiante.

- Sim, meu banho.- ri enquanto analisava sua feição de culpa.- Entre, Dante está com os homens.

Ela entrou e nos sentamos na beira da cama.

- E as crianças? - perguntei enquanto mexia em seu cabelo escuro.

- Dormiram.- notei lágrimas em seus olhos.

- O que houve, Arya? Você estava radiante minutos atrás.- toquei seu rosto em busca de algum sinal.

- Estou aliviada.- ela secou uma das lágrimas que escorreu por seu rosto.- Finalmente tive a vingança da morte da minha mãe, vamos ter paz novamente, meus filhos poderam ter o Luca presente.-Sorri ao vê-la desabafando.

Abracei minha cunhada enquanto me permitia lembrar de tudo o que aconteceu no último ano. Foram tantas perdas, tantas mudanças.

- Ainda não consigo entender o que levou Matteo a nos trair.- desabafei, aquilo me abalou.

- Ele queria o lugar de Luca no Brasil, aproveitou a oportunidade para nos ferir.

A ambição leva homens a cometerem loucuras...

Destinada a ele - Série Os mafiosos- Livro 02-  (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora