Capítulo 01

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DANTE

Tire um tempo para deliberar, mas, quando chegar o momento da ação, pare de pensar e aja.
Napoleão Bonaparte


Um ano e dois meses antes...

- Um expresso e meu pedido de sempre, Ester.- pisquei para a mulher idosa e robusta que me atendia fielmente toda vez que visitava o Leone café.

O ambiente era aconchegante, mesmo me acomodando na área externa, podia usufruir de conforto e privacidade ao mesmo tempo que olhava o movimento a minha volta. Era um dos meus cafés prediletos em Vegas, a praticidade por ser em meu bairro de moradia me agradava e me proporcionava maior segurança, já que Summerlin era também moradia dos membros de maior escalão da Camorra, o local era fortemente vigiado.

Aguardava impaciente por Bernardo, na parte da manhã ele me passava as atividades que seriam feitas e minha agenda no decorrer do dia, era o momento de me colocar a par de todas as atividades da organização. Hoje a pedido dele nos encontraríamos aqui, e pela primeira vez ele estava fodidamente atrasado.

Algumas pessoas passavam e me reconheciam, acenavam em sinal de respeito e seguiam seu rumo. Aqui a máfia significa algo como orgulho, honra, ou até mesmo responsabilidade social, muitos não nos consideram criminosos, mas sim modelos ou protetores, uma vez que o estado foi incapaz de oferecer proteção aos fracos e pobres. Sei disso pois meu pai é o governador do estado de Nevada e seu interesse é apenas encher os bolsos e favorecer a si próprio. A política nunca me agradou, sempre tive asno por seus princípios e mentiras, eu era quem estava destinado a ser, e não havia vergonha nisso, já eles se escondem em pele de cordeiro para arrancar até o último centavo dos fracassados e leigos.

Ester trouxe meu pedido, ovos, tomate, espinafre, queijo feta e tortilha preenchiam o prato, além do expresso para acompanhar. Eu comia enquanto lia o jornal local e aguardava por Bernardo.

Quando já estava terminando a refeição ele adentrou o local, em suas mãos estava seu livro favorito, a arte da guerra, Bernardo era peculiar, seu corpo coberto por tatuagens e sua postura rígida não mostrava o quão pacífico poderia ser, ele era estratégico e possuía um dos QI's ( quociente de inteligência) mais altos, não era à toa que o tinha ao meu lado. Ele vasculhava o local a minha procura e assim que me encontrou veio a passos largos até mim.

- Finalmente! Meu tempo é precioso para ficar lhe aguardando, cacete!- confesso que não estava chateado por esperar, era raro os momentos que eu tinha sossego, mas eu precisava me manter firme, atrasos não eram tolerados.- Espero que tenha um bom motivo para ter me feito esperar.

-Toretto estava comigo no telefone, preciso te manter a par do que está acontecendo no Brasil.- disse enquanto se sentava, Ester veio até nós, reabasteceu meu café, e anotou o pedido de Bernardo. Assim que ela se afastou, ele prosseguiu.

- O que Toretto queria?
- Ele anunciou o próprio noivado.
- Elena vai ficar devastada, ela tem uma paixão doentia por ele.- tomava meu café enquanto analisava a situação.- Mas o que eu tenho a ver com isso?

- Aí que a história fica interessante.- ele depositou seu livro na mesa, estendeu as pernas se espreguiçando e em seguida acendeu um cigarro.
- Sem rodeios, porra.
- Mataram a mãe da garota.
- Era alguém importante?.- perguntei enquanto alcançava o açúcar e o despejava dentro do meu copo.
- Não, nem mesmo sabia das atividades de Toretto. Foi para afetá-lo, para acertar uma dívida.
- Dívida com quem?.- tomava meu expresso enquanto juntava as informações.
- Os russos, a Bratva revidou, aparentemente a irmã de Toretto matou um dos membros e eles revidaram de uma maneira bem porca, ao meu ver. Eu seria mais inteligente em uma retaliação.- ergui minha sobrancelha com surpresa.
- Bianca? Porquê ela matou um dos irmão de Yuri?
- Pelo que entendi foi um grande mal entendido, agora ele quer retaliação pela mãe da garota e pede por nossa ajuda, eles estão em guerra.
- A Camorra não é um instituição de caridade.
- Ele pediu para que Matteo entre em nosso território para fazer uma proposta, algo que beneficie ambas as partes.
- Toretto tem muitos contatos, conhece pessoas de alto escalão, talvez seja algo vantajoso. Deixei-o entrar então, vamos ver o que ele tem a propor.- Eu odiava os russos, mas eles nunca tinham cruzado meu caminho, para eu entrar nessa guerra teria que ter muita vantagem, do contrário não valeria a pena.

Destinada a ele - Série Os mafiosos- Livro 02-  (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora