o8| UM VETERANO DE GUERRA

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"Bebo para lembrar, fumo para esquecer. Algumas coisas para se orgulhar, algumas para se lamentar. Estive em alguns becos escuros em minha própria cabeça, algo está mudando, mudando, mudando." — Jake Bugg (Two Fingers)


Verão de 1914,

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Verão de 1914,

Folks Village

Conny Natalie me chama pela milionésima vez. Conny...

Sinto algo puxando a linha e me concentro em tentar fisgar aquele peixe. Está fazendo muito calor e alguns insetos empestam a margem do lago, servindo de alimento para os sapos gordos que só aparecem nessa época do ano. A época em que o calor nos obriga a querer passar o dia inteiro na margem de algum lago para se refrescar. É a época em que as pessoas estão mais agitadas e os campos parecem se incendiar por toda parte.

Os dias não parecem mais infinitos. Hoje pela manhã lá estava aquela carta, que apareceu antes que os sinos de Folks Village tocassem.

Eu a peguei em minhas mãos, seu envelope era áspero e repleto de fuligem. Rompi o selo e respirei fundo, a guardando no bolso.

Fui oficialmente convocado pelo exército britânico, a maldita Grande Guerra caiu em nossas cabeças.

Conny. Ainda não contei para Natalie. Conny!

Algo volta a puxar a linha. Dou um solavanco para cima e a isca emerge abocanhada por um peixe-gato, que se debate incessantemente para salvar a própria vida enquanto eu recolho a linha. Natalie solta um grito agudo, fazendo meu ouvido doer, e corre para se esconder atrás de mim, abraçando minhas costas com força.

Conny! Ele tem um bigodinho! grita e dá alguns pulinhos, me dando um leve empurrão. Não mata ele, Conny! Ele tem bigodinho!

Solto uma risada abafada ao sentir o desespero em sua voz. Ela solta mais alguns gritos agudos e sinto que meus tímpanos vão estourar a qualquer momento.

Conny! Ela morde minhas costas e gargalha quando dou um pulo, largando a vara de pesca e vendo o peixe-gato afundar no lago. Ahh, o bigodinho foi embora!

Ela explode em outra gargalhada quando bufo, fingindo estar chateado. Sinto seu hálito quente em minhas costas e coro quando ela beija onde mordeu.

Pronto, agora não vai ficar marquinha, não.

Você precisa contar para ela que vai embora e que talvez nunca volte, conte logo, penso comigo mesmo, me virando para encarar seus olhos esverdeados. Natalie solta minha cintura e agarra a gola da minha camisa com as duas mãos, me puxando para ficar à sua altura.

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora