31| EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ ME MATANDO POR MISERICÓRDIA

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"Cinco, quatro, três, dois, um... cinco, quatro, três, dois, um. Ele segura a arma contra a minha cabeça, eu fecho os olhos e bang, estou morta. Eu sei que ele sabe que está me matando por misericórdia." Aurora (Murder Song)


— Casados? Oddy, pelo amor de Deus! — Meu pai nos olha, incrédulo

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— Casados? Oddy, pelo amor de Deus! — Meu pai nos olha, incrédulo. — Bêbados? Drogados? O que mais tem a me dizer em sua defesa?

Fritz Hermann sabe ser durão quando quer, e seu semblante austero não me deixa formular qualquer argumento.

Estamos em seu gabinete de leitura, e ele nos encara com uma cara de poucos amigos. Nossa família sempre foi bastante conservadora, em especial quando se trata de casamentos. Para meu azar, April ainda está um pouco grogue, mas tem a decência de permanecer de cabeça baixa, embora ainda oscile para os lados. Engulo em seco e tento formular alguma coisa, mas não consigo pensar em nada. Os efeitos da droga ainda me deixam tonto, e o rosto do meu pai começa a desfocar.

Ele solta um suspiro pesado ao notar que não adianta conversar conosco agora.

— Vocês são adultos, mas parecem não entender o peso que um casamento tem na vida de duas pessoas — diz, com as mãos na cintura. — Nem imagino o que os Silverstone vão dizer.

— Muito menos eu. — Caroline Speck desgruda da parede e se coloca ao lado dele. — Você também não sabe nada sobre o peso de um casamento.

— Caroline, não é hora para isso. — Observo os dois, não acreditando que vão começar uma discussão agora. — Por favor, temos que conversar com nosso filho.

— Nunca é hora para você, Fritz! Nunca foi! — Sua voz fica embargada. — Aproveite que quer falar com ele e conta que Felicie não é, e nunca foi, sua prima. Conte também que você já foi amante dela e que é uma criatura que não envelhece!

Olho assustado para meu pai, mas nada surpreso. Ele cerra o maxilar e sei que está se controlando para não explodir.

Mamãe cruza os braços e morde os lábios. Seu queixo trêmulo e as bochechas avermelhadas denunciam o quanto ela quer chorar. Meu coração aperta por causa do momento tenso.

Apesar de manterem uma relação amigável por anos, meus pais ainda carregam ressentimento por causa do divórcio e até hoje não consigo entender o motivo para aquela separação repentina. Mesmo que tentem disfarçar, para manter as coisas no haras em ordem, é perceptível que os dois possuem assuntos inacabados.

Se o casamento representa a ruína dos meus pais, prefiro viver sozinho.

Enquanto eles ainda tentam manter a cordialidade na discussão, olho de esguelha para April e a encontro já me observando. Ela segura minha mão na sua e começa a me puxar para fora do gabinete. Fritz e Caroline estão tão absortos em seus acertos de contas, que nenhum deles nos impede.

SUA TERRA É MINHAOnde histórias criam vida. Descubra agora